terça-feira, 30 de novembro de 2010

aula de jornalismo

Robert Fisk, uma breve aula de jornalismo


RS Urgente
 
Robert Fisk está sendo lido em nossas escolas de jornalismo? Se não está, deveria. E muito. É um dos melhores jornalistas em atividade hoje no mundo. Aqui vai uma pequena amostra: sobre como uma certa “escola de jornalismo” nos EUA gosta de vender, repetidas vezes, a ponte do Brooklin para seus leitores. Qualquer semelhança com uma certa “escola de jornalismo” no Brasil não é mera coincidência. É o que garantem fontes que não quiseram se identificar.


Como me nego a comprar o Wall Street Journal às vezes dou uma passada de olhos em algum exemplar esquecido por alguém. Assim ocorreu mês passado, quando um amável casal deixou seu jornal no assento em frente ao meu no trem. Era tão ruim como sempre: Funcionários da Defesa prevêem lento avanço no Afeganistão. A fonte deste inesperado título? Altos oficiais militares estadunidenses, oficiais militares, um alto funcionário militar, funcionários do governo Obama, funcionários da Defesa, o alto funcionário militar, os oficiais, muitos nas forças armadas, e assim por diante.

Por que nossos escribas publicam essas bobagens? Meu velho amigo Alexander Cockburn chama isso de vender a ponte do Brooklyn e afirma que Michael Gordon, chefe dos correspondentes militares do New York Times sempre está disposto a comprá-la. Certo. Em 2002, Mike soou o alarma afirmando que os tubos de alumínio no Iraque faziam parte do programa nuclear de Saddam Hussein. Depois disso, em 2007, funcionários estadunidenses – claro – informaram Mike de que o Irã estava abastecendo os insurgentes iraquianos de explosivos para utilizá-los contra as forças estadunidenses; o fato de a maioria dos insurgentes que combatiam os estadunidenses serem sunitas e não manterem nenhuma relação com o Irã não foi julgado relevante por Mike. Ah, sim, e os iranianos também forneciam a mesma arma a seus aliados do Hezbollah no Líbano para ser usada contra os israelenses. Bem, pelo menos o Hezbollah, que é xiita, é armado sim pelo Irã, ainda que tenhamos esperar a próxima guerra no Líbano para ver se essas misteriosas armas fazem sua aparição.

O verdadeiro problema é que nos vendem a mesma ponte do Brooklyn várias vezes. Aqui vai uma boa citação a respeito: o Irã é o centro do terrorismo, do fundamentalismo e da subversão, e, do meu ponto de vista, é mais perigoso que o nazismo, porque Hitler não tinha uma bomba nuclear, enquanto os iranianos tentam aperfeiçoar uma opção nuclear. Esta avaliação não foi feita por Benjamin Netanyahu – e obrigado Deus por Robert Cohen, que descobriu essa ponte do Brooklyn em particular -, mas sim pelo então primeiro ministro e hoje presidente de Israel, Shimon Peres, em 1996. Quatro anos antes, esse mesmo Peres vaticinou que o Irã teria uma bomba nuclear em 1999. (They’re trying to sell the Brooklyn Bridge again, The Independent)

-----

BAITASAR

O Baitasar é um ajudante resmungão (e está sob as ordens de ninguém) do blog do mauro, sem salário ou qualquer pagamento de serviço prestado (ainda vamos discutir, entre uma rodada de chopp e uns pedacinhos de queijo e salaminho italiano, depois do expediente na redação, lá pelo final da tardinha, qual é o serviço que ele pode prestar), é inconformado com essas coisas de jornalismo sem caráter, cheira mal.

Antes que peça o tradicional chopinho, lembro que temos matéria precisada de revisão, antes do fechamento da edição de hoje.

Faço ouvidos de mouco aos seus resmungos.

Diz que a primeira aula que assistiu tinha fumado um baseado.

"Um não, foram dois... muita parceria."

Perguntei o que era isso de baseado.

Levantou resmungando e sentou na frente do bloco e do lápis.

Nenhum comentário: