Feminismo, educação e Cuba na Caros Amigos
Jornalismo B
Elogiar a revista Caros Amigos está virando chover no molhado. A cada edição a publicação traz momentos do que há de melhor no jornalismo brasileiro, com entrevistas fundamentais sobre temas fundamentais, reportagens aprofundadas sobre assuntos emblemáticos. Isso além de ótimos artigos, escritos por pensadores críticos, questionadores, intelectuais de alto calão com grande compreensão da sociedade atual a partir da história que a formou.
A edição de novembro traz três matérias que não podem deixar de ser comentadas. A primeira delas é a entrevista de capa, com Nalu Faria, “um dos nomes mais importantes do Brasil na questão da luta das mulheres”. Os entrevistadores são seis repórteres, entre eles quatro mulheres. E as seis páginas de entrevista conseguem tratar de forma clara, objetiva e aprofundada uma grande gama de pautas do movimento feminista brasileiro, retomando, inclusive, sua trajetória de ascensão na década de 80. Lei Maria da Penha e aborto também são discutidos, este último a partir de marcos muito diferentes dos que foram pauta nas últimas eleições.
As seis páginas seguintes trazem uma grande reportagem sobre a política educacional nos oito anos de governo Lula. Mais uma vez o mesmo número: são seis fontes entrevistadas ao longo da matéria, avaliando as medidas, avanços e problemas dos últimos oito anos desde a educação de base até as universidades, comentando os diversos programas e os novos números que deles resultaram. Um amplo panorama da Educação no governo Lula, montado por pessoas diretamente ligadas à questão educacional nos mais diversos espectros da esquerda brasileira.
Por fim, “O poeta, a ilha socialista e suas transformações” é uma reportagem de Tatiana Merlino a partir de uma entrevista com o poeta cubano Félix Contreras. Está aí um crítico do regime cubano pouco lembrando pela imprensa dominante brasileira, que adora dar umas pancadas na Revolução Cubana. O motivo é simples: Contreras não faz suas críticas a mando de ninguém, financiado por ninguém.
Contreras pensa livre, fala livre. Elogia e critica a Revolução abertamente, sai do país e volta sem problemas, não inventa denúncias, não forja acusações objetivando enfraquecer a sociedade cubana. Contreras critica para ajudar, por isso suas falas não ganham eco na imprensa hegemônica brasileira. O perfil do poeta feito pela Caros Amigos, por outro lado, mostra tudo isso, mostra as críticas e elogios ao regime cubano, mostra a trajetória do homem, do poeta e do político.
Em três matérias, 15 páginas, a edição de novembro da Caros Amigos falou de feminismo, lei Maria da Penha, aborto, educação, governo Lula, Revolução Cubana, poesia e muito mais. Tudo isso de forma séria, aprofundada, preocupada em informar o leitor com qualidade, levar conhecimento. Jornalismo da melhor qualidade, como sempre.
Postado por Alexandre Haubrich
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