Showrnalismo de campana e maniqueísmo como táticas de exclusão
Alexandre Haubrich no Jornalismo B
“Este investigador particular que, pela segunda vez, fotografou o “marginal” precisa ser contratado pela firma (PRBS/Zerolândia) para reforçar apoiar e reforçar os praticantes de fotocampana. Isto não é JORNALISMO. Trata-se de uma ação de cartografia. O showrnal registra e denuncia um “desarranjo do sistema” e cobra uma solução dos aparelhos do Estado. Isto é showrnalismo. JORNALISMO seria levantar a história deste “marginal” entre outras coisas. E que não deve ser muito diferente de outros tantos pequenos “marginais”, apontando as incapacidades do Estado. Obviedades bem mais interessantes do que a cada semana publicar uma foto mostrando a ação do cara. Ou solicitar que o cara seja trancafiado em um presídio de alta segurança para se especializar.”
O parágrafo anterior, escrito pelo jornalista Wladymir Ungaretti em seu perfil no Facebook, refere-se à imagem acima, também reproduzida por ele no mesmo espaço. O que Ungaretti denuncia é a prática cotidiana não apenas nos veículos do Grupo RBS, mas na quase totalidade da imprensa dominante, diretamente ligada – e cada vez mais – à reprodução do discurso da repressão violenta e do isolamento da pobreza.
Não há qualquer interesse nas pessoas e em suas relações sociais, não há qualquer esforço pela inclusão ou pela humanização. Como em um jogo de videogame, a prática é a separação das pessoas entre mocinhos e bandidos, a novelização da vida real. O afastamento entre leitor e retratado, a criação do medo do diferente, do desconhecido, da rua, das pessoas. A individualização pelo simples medo do outro, que precisa ser inferiorizado constantemente para a afirmação individual. O jornalismo a serviço dessa lógica.
Em outra postagem em sua página no Facebook, Ungaretti comenta: “A cartografia funciona assim. Primeiro o jornal, através de uma fotocampana-divulgação mostra o “monstro” em ação. Cria uma subjetividade assustadora. Pede providências do aparelho do Estado. A seguir, em mais uma atividade showrnalística, mostra a ação “corretiva” Estado. Junto nova subjetividade assustando com a ineficiência de uma das engrenagens no mesmo Estado que manda soltar o “monstro”. Primeiro o showrnal mente e depois mente outra vez. Nessa alternância vai mantendo a fidelidade emocional de seus leitores. Controle e alienação”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário