Um estupro a cada dois dias em Campinas. E Rafinha Bastos faz piada sobre o assunto.
O Pensador da Aldeia
por Paulo Jonas de Lima Piva
Em Campinas, uma mulher é estuprada a cada dois dias. Em cinco meses, oitenta foram os casos registrados nas delegacias da cidade. A maior incidência desse crime ocorreu no bairro de Barão Geraldo, local onde está situada a Unicamp. Mas o número de casos pode ser bem maior. Constrangidas, muitas vítimas não se encorajam a procurar as delegacias para fazerem a denúncia. Enquanto isso, o integrante do programa televisivo CQC, Rafinha Bastos, faz piada sobre o assunto. Como era de se esperar, ele vai responder por isso na Justiça. Numa democracia, cada um tem o direito de se expressar livremente, porém, democracia não é o reino do "tudo é permitido". O Estado liberal de direito, por exemplo, não permite propagandas de intolerância, como incitação ao racismo, à xenofobia e ao antissemitismo. Rafinha Bastos, a propósito (e salvo engano), é judeu. A homofobia ainda não é considerada crime por puro obscurantismo religioso. O Estado liberal de direito considera crime toda apologia à violência, seja ela explícita, seja ela implícita, na forma de piadas. Democracia é sim o reino do respeito à dignidade de todos os membros da sociedade. Quando esta dignidade é desrespeitada, a espada da lei deve entrar em ação contra quem a desrespeitou. Que Rafinha Bastos pague pela sua cega e ilimitada liberdade de expressão.
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