quarta-feira, 27 de julho de 2016

31 de julho não é sobre o PT, é sobre o seu papel na história

Já imaginou se...


baitasar


O próximo dia 31 de julho não é sobre o PT. Claro que é difícil separar tanto e tudo que foi feito em uma década, mas pense em você. Em que lado da história você vai querer estar?

Quer estar ao lado do SUS e da luta para que os seus serviços tenham mais qualidade? Ou você acredita que a sua saúde vai estar garantida pelos planos de saúde privados? 

E a sua solidariedade com as pessoas que vão morrer por falta de médicos, remédios e vagas em hospitais? Piedade ou caridade não vai ajudá-las. 

E os tratamentos mais caros? Condenamos e xingamos quando sabemos que o SUS trata doenças muita caras nos outros, mas e quando nós precisamos? E todos precisamos!

Não esqueça: caso a saúde nos postos e UPAS da sua cidade não funcione, procure as respostas com o prefeito da sua cidade.

Quer estar ao lado da Universidade Pública e do Ensino Médio Público ou da educação privada? Você acredita que universidade é só para os ricos e aqueles que podem pagar? 

Você acredita que apenas os jovens ricos é que devem estudar no exterior? 

Isso de Ciência Sem Fronteiras é besteira de petista? 

Você também votaria em candidato que afirma que seguro saúde e aposentadoria por invalidez tem que acabar?

O PROUNI é um exagero? É um exagero esse sonho de universidade para todos?

Aham... você está do lado da Caixa Federal para os Ricos? Não sei se você sabe, mas o Temer Interino 6% congelou os recursos do Minha Casa, Minha Vida e liberou crédito para comprar imóveis de até R$ 3 Milhões! É o seu caso? Você é rico.

Isso... e muito mais foi tirado da população brasileira em apenas 2 meses de interinidade!

Aposentadoria aos 75 anos que foi vetada pela Presidenta Dilma e o interino 6% Temer derrubou junto com o congresso. Agora, as chances de você aposentar aumentaram... só aos 75 anos.

Não esqueça de se pronunciar sobre o regime único da previdência. Claro, não será único para os juízes e deputados e senadores. Hehehehehe, inocente útil da plutocracia.

Acabar com a CLT também está no centro dos desejos da plutocracia. Os ricos. Fiesp. Fiergs. Donos de Televisões. Donos de jornais. Donos de rádios. Eles sonham fazer do Brasil um país deles. 

Você está ao lado da extinção do 13º? Pois é, pense melhor. 

Lembra da votação sobre a destinação dos recursos do pré-sal? Afinal, você quer ou não que os recursos do pré-sal fiquem na saúde e na educação do Brasil? Parece que não é a intenção do interino 6% Temer. 

E o petróleo é Nosso ou dos americanos do Obama da Hilary ou do Trump? Você está do lado de quem? Afinal, você quer que os recursos do pré-sal fiquem na saúde e na educação dos EUA?

E de todas as conquistas saímos do mapa da fome do mundo!

Parece pouco? E você está ao lado da fome?

Aqui, vou me permitir copiar as palavras do senhor Franklin Tavares III,  que não conheço, mas concordo com a urgência de sairmos do mapa da alienação e ignorância



















Pois é, entendeu por que o dia 31 de julho não é pelo PT?

Vamos pra rua no dia 31 de julho defender tudo que conquistamos, algumas destas conquistas se diz que foi contra a vontade do PT.

Mas conquistamos!

Por quê?

Porque há democracia num governo eleito pelo voto e apenas repressão num governo golpista!

Vamos todos e todas para as ruas no dia 31 de julho! Pela democracia! 

O caminho do golpe estamos experimentado há 60 dias! 

Vamos dizer NÃO ao golpe!

Continuemos ao lado da História que respeita a todos e todas!






_______________________



Chegou o dia: acabam de propor o fim da universidade gratuita


Gazeta do Povo


UFPR: para O Globo, a própria existência da universidade pública é uma injustiça



O jornal O Globo sugeriu em editorial neste fim de semana aquela que talvez seja a medida mais grave de desmonte do estado de bem-estar social brasileiro – construído a duras penas durante as últimas décadas. Em função da crise econômica, o jornal sugeriu que simplesmente se acabe com o ensino superior gratuito. Assim: acabe-se, ponto.

A medida, de acordo com o editorial, serviria para duas finalidades diferentes. A primeira, diminuir o peso da educação para o Estado (a velha discussão sobre o gigantismo do Estado brasileiro e sobre a necessidade de diminuir impostos). Por outro lado, dando um aspecto “humanitário” à proposta, diz que isso acabaria com uma injustiça.

Leia mais: Sindicatos repudiam proposta

O argumento sobre a redução da carga tributária é mais inteligível, até por estar sendo debatido o tempo todo. O outro, que tenta vender como fim da injustiça aquilo que seria uma injustiça em si mesmo, é mais curioso e menos comum. Segundo o jornal, o grande problema é que quem fica com as vagas na universidade gratuita são os mais ricos. Os pobres são levados a pagar ensino privado de qualidade muitas vezes duvidosa (é O Globo quem diz, não eu).

A premissa do argumento tem uma certa verdade. Destinar as vagas do ensino gratuito aos mais ricos é injusto. A solução é bizarra. Ao invés de permitir que os mais pobres tenham acesso (mesmo que fosse em detrimento dos ricos), jogue-se tudo fora. O bebê junto com a água do banho. Décadas de investimento em uma educação pública de qualidade em função de um sistema de seleção imperfeito.

Para O Globo, a solução seria o sistema inteiramente privado, com bolsas para os mais pobres. Se essa fosse uma proposta séria, se o argumento humanitário fosse realmente a razão, e não o aspecto econômico, não faria sentido. Quem vai conseguir, dentre os pobres, as bolsas nas faculdades privadas que restariam? Os que têm melhor desempenho, os mesmos que hoje entram nas públicas gratuitas.

O argumento econômico também é frágil. Se a ideia fosse dar bolsas (públicas?) vê-se que o custo poderia ser enorme. Seria para todos, universal? Então o imposto seria ainda mais caro. Seria para poucos? Então seria excludente, e não humanitário. Nesse segundo caso, os mais pobres continuariam destinados a faculdades que o próprio jornal considera inferiores. Ou seja, não se resolve problema algum.

O que está verdadeiramente em jogo é um projeto de país. O desmonte de uma estrutura de inclusão que vem sendo posta em xeque nos últimos anos em detrimento de um Estado menor e mais leve – e também mais desigual.

Nos últimos anos, vêm surgindo repetidamente ideias de que a Previdência deve ser privada. De que o SUS deve diminuir. E de que o ensino gratuito, agora, é injusto. Ao mesmo tempo, propostas que realmente aumentam o atendimento aos brasileiros mais pobres, como o ProUni e o Pronatec geralmente vistas com desconfiança.

É preciso chamar as coisas pelos seus nomes. O que a proposta do fim do ensino superior público traz em si não é o fim de uma injustiça. É a ideia de que a injustiça se dá de qualquer jeito e de que devemos simplesmente deixar que ela ocorra sem pôr as mãos no nosso bolso para ajudar quem fica de fora do sistema. É a meritocracia que protege o bolso contra o assalto de quem nunca teve nada e quer ter chance de competir em condições de igualdade.

Se há algo que luta contra a injustiça nesse país é o acesso a uma educação de qualidade para todos. Se o Estado não servir para isso, servirá apenas para muito pouco. Para muito menos do que precisamos.

uma encenação meia boca


O que levou Temer a usar o filho de 7 anos numa operação de marketing rasteiro. 
Por Kiko Nogueira


Diário do Centro do Mundo



Postado em 27 Jul 2016


por : Kiko Nogueira










A biografia de Michel Temer acaba de cruzar com a de Fernando Henrique Cardoso em mais um aspecto lamentável — e não me refiro à vocação golpista.

No mês passado, numa entrevista à Al Jazeera, FHC evocou o filho Tomás para provar ao jornalista Mehdi Hasan que era um cidadão de bem.

“Essa senhora [Mírian Dutra] tem um filho. Ela diz que é meu”, disse ele. “O DNA provou que não é. De qualquer jeito, eu gosto do cara. Eu banquei sua educação o tempo todo com meu dinheiro, usando o Banco Central. Eu mandei dinheiro para o cara.”

O rapaz surgiu na discussão por obra e graça do velho, que se amparou nele como uma tábua de salvação moral.

Na terça, 26, o interino, tentando ver se conseguia transmitir uma imagem de normalidade, provavelmente preocupado com o resultado trágico das pesquisas, resolveu expor estupidamente o filho Michel, de 7 anos.

Temer mandou seus assessores — e eles obedeceram — avisarem a imprensa que estaria na escola dele com a mulher, Marcela.

Um dos golpes mais baixos no manual da busca pela popularidade. E a imprensa amiga obedeceu e cobriu e mostrou.

Era o primeiro dia de aulas do pequeno Michel. Ele saiu antes dos colegas para encontrar os pais e todos poderem posar para as câmeras. De longe, Temer acenava para os fotógrafos enquanto orientava o caçula sobre como proceder diante dos paparazzi de casa.

Alguém lhe questionou se ele passaria a fazer aquilo todos os dias. Temer, solerte, respondeu: “Só hoje! Só hoje!”. O sujeito estava representando um papel que não vai mais se repetir. Michel Jr. deve estar achando que o pai fez aquilo numa boa, por puro amor e consideração, e que repetiria o gesto.

No tumulto, uma mãe gritou para os profissionais da mídia: “Vai ser todo dia essa palhaçada?”. “Vão atrás dos corruptos, ele é só uma criança”, falou outra. Elas seriam, depois, informadas que o Planalto havia convocado a galera e que podiam ficar tranquilas. O tempo de ir atrás dos corruptos passou.

Que tipo de homem coloca sua criança de 7 anos como peça de um plano de marketing mequetrefe? Quem ele pensa que engana? Alguém pensou no moleque ou está combinado que ele serve apenas para enfeitar o museu de cera de Michel, assim como mamãe?

E por que a imprensa compareceu em peso a essa encenação meia boca?

Numa entrevista com Dilma, eu quis saber se ela esperava que o vice decorativo a fosse trair e se o confrontou quando a conspiração ficou clara. Dilma disse que o interpelou e que não achava que ele fosse capaz de fazer o que fez “por um motivo não mencionável”.

A cada demonstração da elasticidade do caráter de Temer, esse motivo não mencionável cresce e fica mais misterioso e feio.







juízes políticos sem nenhuma qualificação ética e moral


Michel 6% Temer acaba de bater o recorde histórico de rejeição. 
Por Paulo Nogueira


Diário do Centro do Mundo



Postado em 26 Jul 2016
por : Paulo Nogueira





Fiasco instantâneo

Michel. Michel Temer. Mas pode chamá-lo de Michel 6% Temer.

O resultado da pesquisa Ipsos divulgada hoje é categórico: Temer é um fiasco. Um monumental fiasco.

Apenas 6% dos brasileiros aprovam o interino. Isto é metade do que Dilma tinha em sua etapa final na presidência, sob bombardeio ininterrupto da mídia e da Lava Jato.

Quer dizer: não é metade. É menos que metade. Dilma tinha quase 14% de aprovação.

Pronto. Isto é Michel 6% Temer. A mídia o protege descaradamente, a Lava Jato sumiu de circulação, a cobertura de corrupção de jornais e revistas virou nada: mesmo assim, Temer é amplamente rejeitado pelos brasileiros.

Num mundo menos imperfeito, os 6% seriam manchete dos jornais, e ocupariam vários minutos do JN.

Mas este nosso mundo é extremamente imperfeito, e então a mídia silencia. Mas isto não elimina os 6%.

É o pior índice de aprovação desde que este tipo de coisa passou a ser pesquisada. Collor, na véspera de seu impeachment, era aprovado por 9% das pessoas. Desnecessário dizer que nenhum jornal notou isso. Notariam se fosse um petista. Gritariam, melhor.

O Brasil, em suma, não quer Temer.

A plutocracia subestimou os brasileiros, este é o ponto. Achou que podia ludibriá-los. Os golpistas inventaram um pretexto que se revelou uma farsa cínica, as pedaladas.

Quando se tornou consenso que não houve pedaladas, a plutocracia alegou que isso não importava. Dilma seria afastada fosse inocente ou fosse culpada.

O golpe ficou inteiramente avacalhado. Não é justo com o Paraguai chamá-lo de golpe paraguaio.

É típico de um país ridículo montar um julgamento de meses cujo resultado se conhece de antemão porque os juízes são políticos sem nenhuma qualificação ética e moral.

O resultado disso é Michel 6% Temer.

É certo

Isso só vai piorar, caso o impeachment se concretize. Parece ter-se consolidado, com os fatos escabrosos em torno do golpe, a ideia de que Temer é o vilão e Dilma a vítima da história.

A Ipsos mostrou que diminuiu 13 pontos porcentuais o número de brasileiros que apoiam o impeachment de Dilma. De 61% passou a 48%.

Um vice decorativo não se transforma em estadista porque os Marinhos, os Frias e os Civitas querem.

Michel 6% Temer está aí para provar.




Sobre o AutorO jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.

terça-feira, 19 de julho de 2016

As lembranças do baitasar e o IAPI


Maior e mais antigo condomínio do continente, IAPI guarda parte da história de POA






SUL 21




As casas típicas do IAPI tinham de um a três quartos, cozinha, sala, despensa, banheiro e um galinheiro. | Foto: Ramiro Furquim/Sul21




Fernanda Morena


Por entre as edificações erguidas entre 1940 e 1950 residem as histórias de Porto Alegre e de centenas de pessoas que fazem da Vila IAPI um universo peculiar. Seus personagens colocam a capital gaúcha no mapa nacional da música e da arquitetura ou celebram amizades tão velhas quanto o próprio Estado Novo, época em que o bairro foi construído. O primeiro conjunto residencial do país levava em seu projeto a missão de sair do papel para entrar na história. Local dos industriários gaúchos que pagavam prestações baixas para os condomínios de um a três dormitórios com sala, banheiro, cozinha, dispensa e galinheiro, as construções formavam um lugar onde todo mundo era igual. Mas o IAPI ficou diferente do resto. Tornou-se modelo de uma arquitetura de cidade jardim; foi casa da pimentinha Elis Regina e do ex-vice-governador Antonio Hohlfeldt, e serve aos arquitetos e urbanistas como um desafio para aliar renovação à proteção histórica.

Com 2600 moradias construídas com financiamento popular do Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Industriários (IAPI), as casas foram concebidas sob uma percepção arquitetônica francesa; ao contrário dos demais IAPIs do Brasil, em Porto Alegre, menos era mais. Os prédios são baixos, enxutos, acomodariam todos os serviços necessários à população e, de quebra, seriam baratos. Se o IAPI nasceu popular, hoje ele se tornou uma referência mundial de estilo e urbanização.




Amizades de uma vida



Dona Marisa, 62 anos, mora na mesma casa desde que nasceu. É amiga de infância de Elis Regina. | Foto: Ramiro Furquim/Sul21


Dona Marisa e Dona Marta se conhecem desde que nasceram – lá se vão 62 anos de amizade. Se na infância elas se reuniam no alto do condomínio com outras vinte e tantas crianças onde brincavam de “rei e rainha”, “telefone sem fio”, “brincadeira do anel”, hoje elas se juntam nos mesmos bancos para tomar chimarrão. Dona Marta, 74 anos, morava na Plínio, de onde saiu depois de casar com o seu vizinho, melhor amigo do irmão, e ir morar ao lado de Elis, a Regina, na casa dos sogros.

“Éramos uma família. Era um Papai Noel, uma festa de natal, uma fogueira. Nunca morei em outro lugar, e não me imagino fora daqui”, revela Dona Marisa, 62 anos, que ainda hoje vive em frente à figueira bicentenária que é marca do bairro.

Marca também é a casa de número 21, onde nasceu Elis Regina. Na casa ao lado da de Dona Marta, duas depois da de Elis, surgiu a primeira televisão do condomínio. Lá as crianças se reuniam para ver Rin Tintin – sob a condição de que tivessem tomado banho.







Dona Marta fez sua vida no IAPI: nasceu na Plínio, casou com o vizinho, melhor amigo do irmão, e mora há 20 anos na casa que pertencia aos sogros, ao lado de Dona Marisa. | Foto: Ramiro Furquim/Sul21



Dona Marta lembra do dia em que o Golpe Militar foi anunciado na rádio, assim como lembra de quando o presidente Getúlio Vargas, gaúcho, veio a Porto Alegre inaugurar o bairro. “Lembro da minha irmã pedir ao meu pai para desligar o rádio antes de a Hora do Brasil começar, porque se algum militar visse a transgressão, eles entrariam na casa para prender alguém da família. Os homens, não as crianças”, reconta.

Dona Marisa lembra de ver Elis chegando de longe de mãos dadas com um rapaz e, ao se aproximar do condomínio, largando a mão dele. “Eu só escuto falar de a Elis ter sido namoradeira pela mídia, porque eu nunca a vi com alguém. A mãe dela era muito severa”, atesta a amiga de infância da cantora e possível guardiã dos segredos da amiga até hoje. E até hoje ela fala com a mãe de Elis.

Crescer no IAPI, mais do que criar amizades de uma vida, criou uma vida para Dona Marisa e Dona Marta. “Não precisamos sair daqui para nada. Temos tudo à volta”, aponta Dona Marisa. Dona Marta casou com o amigo de infância do irmão, que morava na casa ao lado da dela. A irmã da mãe de Dona Marisa morreu no bairro aos 115 anos, tendo visto todas as histórias do bairro crescer com ele. “Meu avô vinha de Uruguaiana e dizia se sentir confortável aqui no bairro. Não tinha diferença. Somos um universo paralelo, há qualquer coisa de cidade do interior aqui”, avalia Dona Marisa.





A figueira bicentenária é uma das marcas mais fortes do IAPI. Ao fundo, o condomínio de Dona Marisa, Dona Marta e Elis. | Foto: Ramiro Furquim/Sul21


Para elas, a mudança do bairro ao longos dessas seis décadas é marcada pelo aumento do movimento do transporte público – no início do IAPI, era o bonde a única opção de transporte. Hoje com três linhas de ônibus e carros-lotação, sair do IAPI ficou mais fácil, mas nunca necessário. “Não penso em morar em outro lugar. Minha vida toda eu vivi isso aqui”, diz Dona Marisa.


Gerações da fotografia


Nikolaj Lenski é russo e veio ao Brasil na década de 1950 fugindo dos soviéticos. Sem saber português ou o que fazer na cidade, foi parar no IAPI, onde começou um trabalho de revelação de filmes em um estúdio improvisado embaixo da escada da sala da sua casa. Um dos seus primeiros clientes foi Edmundo Gardolinski que, além de ser o arquiteto responsável pelo Conjunto Residencial Passo D´Areia – vulgo IAPI -, o maior e mais antigo da América do Sul, era de descendência polonesa e gostava de fotografia. Gardolinski chamou Nikolaj (Nick) para ser o fotógrafo da inauguração da vila. “Foi Gardolinski que alavancou a carreira do meu pai”, lembra Eduardo Lenskij, o responsável pelo Estúdio Nick, o mais antigo estúdio fotográfico da cidade.





O ex-presidente Getúlio Vargas participa da inauguração do bairro. | Foto: Nikolaj Lenskij/Acervo Foto Nick


Nick é responsável por uma das fotos mais célebres da abertura do IAPI, mas ficou mesmo conhecido pelo retrato que fez de Elis Regina, a figura mais célebre do bairro e, certamente, mais célebre do que Getúlio como ele aparece na foto de Nick.

Eduardo hoje é quem toma conta do estúdio, que é o mesmo desde 1954 – com o mesmo neon na frente. Ele e o filho são os fotógrafos oficiais do IAPI, e é virtualmente impossível não encontrar um rosto conhecido pelas paredes do estúdio, que colecionam exemplos do trabalho da família há três gerações.

Eduardo nunca morou no IAPI, mas resume sua vida ao bairro. Estudou no Colégio Becker à noite e, durante o dia, ajudava o pai no estúdio. Para ganhar mais dinheiro, fazia transporte das estudantes do bairro a universidade Unisinos na década de 1970. Casou-se com uma delas. O pai, o Nick, faleceu aos 58 anos. Eduardo está à frente do estúdio desde então – são 35 anos de fotografia dos moradores do IAPI.



“O bairro não mudou. Só o movimento mudou. As pessoas são as mesmas”, atesta o fotógrafo que eternizou a vida de centenas de moradores do bairro com suas lentes.





Foto Nick: há três gerações eles são os fotógrafos oficiais do IAPI. | Foto: Ramiro Furquim/Sul21


Mobilizar pela revitalização


Pedro Lemos nasceu e cresceu no IAPI. Aos 60 anos, ele é marinheiro aposentado e presidente do Mobiliza IAPI, uma entidade que visa à melhora do bairro e sua futura conservação. Ficou afastado da área por oito anos, por motivos profissionais. A mãe ficou no mesmo apartamento, onde moram até hoje. A esposa de Lemos, de origem portuguesa, também. “Poderia ter ido morar em Portugal, mas a minha esposa adorou o IAPI”, revela.

Dentro do Mobiliza, Lemos foca em projetos que buscam a restauração e preservação de áreas históricas e a criação de serviços que abranjam a realidade atual da área. Estão em tratativas para manter o Postão do IAPI aberto 24 horas por dia, além de criar uma creche comunitária. “O papel da mulher mudou, ela trabalha, e a sua contribuição ao orçamento doméstico é essencial. Ela precisa de ajuda com os filhos”, avalia o presidente.

Outro projeto em tramitação no Orçamento Participativo é a criação de um centro comunitário para idosos, conta o aposentado, que garante existir no IAPI uma das maiores comunidades de idosos do país. O Mobiliza, criado em junho do ano passado, não é apenas uma mobilização que olha para o futuro do bairro, mas que mantém um compromisso com o seu passado. Várias das iniciativas de novos moradores que derrubam as casas originais para construir novas estão sendo combatidas pelo movimento.




Florir IAPI




Avenida das Industriários receberá um canteiro de flores pelo Projeto Florir. | Foto: Ramiro Furquim/Sul21


A Avenida dos Industriários, uma das primeiras a ser pavimentadas no bairro, é o maior elo de ligação do IAPI com seus bairros vizinhos. A larga avenida de duas vias separadas por um canteiro central está prestes a ser revitalizada, enfeitada, embelezada. É a intenção do Projeto Florir, uma ideia que a Associação de Moradores da Vila levou à Escola Técnica Cristo Redentor no final do ano passado.

O Florir IAPI é liderado pela arquiteta e urbanista Cristina Guerreiro, professora do curso técnico de edificações da escola. O projeto é um reflexo da cultura do bairro; consiste na união de voluntários (formados pelos alunos de Cristina e a população de moradores do IAPI) num projeto que irá plantar flores por toda a extensão do canteiro da Avenida. A definição das espécies a serem cultivadas levou em consideração a história da vegetação já existente. “ Serão flores de médio porte, que harmonizarão com as grandes árvores que existem no local”, revela a urbanista.

O grupo de alunos que assina o projeto foi educado em IAPI. Aulas sobre a história e a arquitetura típica do bairro deram ao grupo base do que seria feito nos próximos seis meses para melhorar a área de convivência social. “As pessoas que vieram nos procurar ali queriam estar na rua. Essa é toda a ideia do projeto”.



_____________________________________



As lembranças do baitasar e o IAPI


"Carnaval é Aqui, Carnaval é na Vila do IAPI!"


Milton e Elci - essa história começa aqui no IAPI

Ao fundo o Estádio Alim Pedro - 1954

O casamento na Igreja de madeira NS das Graças - 24/12/1955


O Padre Alfredo



Mauro, Rogério e Ricardo - 25/12/1961 ( na rua ao fundo acontecia o carnaval)


Ensaiando os primeiros passos, ao fundo o Estádio Alim Pedro (1962)


O Tio Antonio Belardinelli, os sobrinhos e o seu Estádio Alim Pedro (1962)



Av. Plínio Brasil Milano, 2100 - em frente ao Posto Texacão (1962)
IAPI - Av. Plínio Brasil Milano, 2100


O melhor colo do mundo - 1957


Plínio Brasil Milano, 2100 - 1957


O melhor colo do mundo - 1957

O baitasar - 1958


Sede de Esportes do Estádio Alim Pedro


Estádio Alim Pedro


Sede Esportiva do Estádio Alim Pedro
São tantas histórias...

Somente nas histórias do IAPI consegui entender a força e a resistência de Getúlio na memória das pessoas. Um político cassado e desqualificado pelas elites jornalísticas e empresariais, mas venerado nos apartamento e casas do IAPI. O Minha Casa Minha Vida existiu antes de agora. E outro político é cassado e desqualificado pelas elites jornalísticas e empresariais, mas não conseguem arrancar do coração e da memória das pessoas o nome Lula.

segunda-feira, 11 de julho de 2016

Little Girl Blue


Janis Joplin: Little Girl Blue
 – o sensível documentário sobre a vida da rainha do blues.


Diário do Centro do Mundo


Por Nathali Macedo






Postado em 10 Jul 2016
por : Nathali Macedo



Janis Joplin: Little Girl Blue está em cartaz em um bom número de cinemas brasileiros

Janis Joplin: Little Girl Blue é mais um documentário sobre uma mulher sensacional que sofreu uma decadência precoce.

Dirigido por Amy J. Berg e fruto de sete anos de pesquisas, compila imagens raras e documentos nunca antes acessados pelo público.

Quando digo “mais um”, não quero, portanto, assumir um tom de escárnio, muito pelo contrário, aliás. O filme é sensível, tocante e real. Permeado por cartas viscerais de Janis à sua família, o que confere ao documentário um tom intimista indispensável em filmes desse tipo, adentra a alma da cantora.

Digo “mais um” porque a história de Janis – não da mãe do Blues, mas da Janis mulher – guarda semelhanças assustadoras com as histórias de outras musas intensas, inesquecíveis e problemáticas da história recente da arte ocidental – Amy Winehouse, Marilyn Monroe e Maysa Matarazzo, por exemplo.

Sucesso, drogas, morte precoce e almas desajustadas: tantas semelhanças não podem ser coincidência. Fico tentada a atribuí-las a muitas coisas, o que seria no mínimo petulante, se considerarmos as tantas peculiaridades das almas humanas – especialmente das almas femininas e artísticas.

Seriam essas mulheres apenas desajustadas às cobranças que a sociedade nos apresenta desde sempre? Estariam apenas exaustas das pressões que a fama impõe? Ou teriam sido suas imagens manipuladas por uma mídia que sempre precisou de grandes estrelas polêmicas para grandes holofotes?

Elas todas tinham seus homens – seus amores, seus males e seus remédios. Blake, que apresentou heroína a Amy; Kennedy, que manteve com Marilyn, o maior símbolo sexual de todos os tempos, uma relação no mínimo questionável; André Matarazzo, que jamais conseguiu conter a alma inquieta de Maysa; e Jim Morrison (não citado no documentário, não se sabe o porquê) que teve uma garrafa de uísque quebrada na própria cabeça por Janis, depois de tentar puxar-lhe o cabelo a procura de atenção.

O que há em comum entre essas mulheres, além da óbvia dificuldade em lidar com a fama e o assédio, é a busca pelo grande amor, as prioridades românticas que contrariam suas personalidades fortes e que colaboraram indiscutivelmente para as suas respectivas decadências.

E talvez a semelhança mais importante de todas: o desejo de serem livres em um mundo que as engolia.

“Ela não era agressiva, mas não era submissa”, disse um amigo sobre Janis Joplin, e o mesmo comentário serviria para qualquer uma dessas mulheres incríveis e precocemente tiradas de nós: elas não foram submissas, não obedeceram a nenhum modelo, apenas viveram exatamente como quiseram, ao menos enquanto lhes era possível.

Clarice Lispector, em uma entrevista a Vinícius, disse que jamais se ajustaria à fama. E não está sozinha, afinal: nenhuma destas mulheres jamais se ajustou. Todas, invariavelmente, tiveram problemas com a imprensa, foram retratadas pela mídia como loucas e indomáveis, quando, na verdade, arrisco dizer, queriam apenas viver suas vidas.

Amy morreu aos vinte e sete, depois de doses cavalares de drogas, assim como Janis. Marilyn foi encontrada morta depois de ingerir dezenas de comprimidos para dormir. Maysa morreu em um acidente de carro, em meio a (mais) uma fase problemática. O que houve no fatídico intervalo entre seus momentos de glória e suas respectivas imagens decadentes nos jornais jamais passará de suposição.

Paul McCartney respondeu à pergunta óbvia e necessária que poucas vezes foi feita, e que talvez se relacione com o fato de todas essas incríveis mulheres terem tido fins tão problemáticos:

“Por que as pessoas se drogam? As pessoas se drogam porque não suportam a pressão”.


(Acompanhe as publicações do DCM no Facebook. Curta aqui).


Sobre o AutorColunista, autora do livro "As Mulheres que Possuo", feminista, poetisa, aspirante a advogada e editora do portal Ingênua. Canta blues nas horas vagas.

O Futebol de Portugal Conquistou a Europa!


Vamos comparar? Então vamos: Cristiano Ronaldo dedicou vitória aos imigrantes


Conexão Jornalismo

Da Redação





Craque dentro e fora do campo


Curioso o mundo onde estrelas do esporte tem comportamento e posicionamento tão díspares. Tão logo sagrou-se campeão neste domingo, de forma inédita, da Eurocopa, Portugal viu seu maior ídolo, Cristiano Ronaldo, dedicar o título aos imigrantes que buscam abrigo na Europa, enfrentando marés traiçoeiras e principalmente a xenofobia da população. O craque da Madeira assim assinalou o gol que uma contusão no início da partida contra a França, vencida na prorrogação, o impediu que fizesse em campo. Seu comportamento o coloca em um patamar acima da média no universo dos craques da bola. Especialmente se compararmos aos ídolos brasileiros.


Conforme destacou o professor de sociologia, Gilson Caroni, Cristiano não está só na galeria dos ídolos generosos e altruístas. Maradona sempre se opôs à ditadura argentina e não se cansa de defender países cujo modelo econômico e político priorizam a Educação e a Saúde - Cuba é uma referência para o ídolo. Zidane foi um crítico severo do racismo francês e do seu colonialismo. Ele próprio filho de imigrantes argelino. Curioso que, sendo CR7 da Ilha da Madeira, durante tempos ouviu que o fato de viver em uma ilha distante do continente o fazia menos português que seus iguais. Daí talvez a generosidade que vem como tapa de luva de pelica naqueles que hoje o aplaudem.


Pelé, em 70, ao fazer o milésimo gol, dedicou-o às criancinhas brasileiras. Muitos o criticaram porque queriam uma manifestação contra a ditadura militar no Brasil - já naquela época trucidando opositores e fazendo desaparecer pessoas de todas as idades nos porões. Havia quem esperasse que falasse em nome dos negros e do racismo brasileiro - o mundo estava ainda inebriado pelo poder de Martin Luther King assassinado anos antes por conta da discriminação racial.


Mas o craque do futebol mundial, que disse certa vez que o "brasileiro não sabia votar, fez por menos e saiu pela tangente. Mas é fato que diante do comportamento dos craques que vieram, a fala de Pelé, hoje, soa até revolucionária. Afinal, os ídolos brasileiros quando não se omitem simplesmente nos envergonham. Vejamos:


Neymar, envolvido em escândalos com os fiscos brasileiro e espanhol, não tem posicionamento político. O máximo que chega é a passear de barco com o tucano Aécio Neves - a quem apoiou nas últimas eleições presidenciais. O motivo? Provavelmente nem ele sabe. O mesmo caminho segue Ronaldo Fenômeno. Durante a elaboração da Copa do Mundo, o R9 reclamou dos protestos de brasileiros nas ruas inconformados com a gastança governamental - que se mostrou produto da corrupção. Disse na época que Copa do Mundo não se fazia com hospitais, mas com estádios de futebol.


Mais recentemente, o senador Romário, craque de 94, negociou com o presidente interino Michel Temer seu voto pelo impeachment em definitivo de Dilma Rousseff, a presidenta eleita democraticamente, em troca de um cargo na diretoria na estatal de Furnas.


Fora de campo também nossos craques andam mal das pernas.