Jornal Sem Terra completa 30 anos furando bloqueios
Ainda antes de nascer oficialmente um dos principais movimentos sociais do planeta, seu jornal já circulava na forma de boletim. O Jornal Sem Terra, informativo do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, circulou pela primeira vez em 1981 para furar o bloqueio da Ditadura Militar sobre o acampamento que originou o MST, em Ronda Alta, no Rio Grande do Sul.
“As famílias ocuparam um trecho da estrada para reivindicar a posse da terra. Exigiam a desapropriação de latifúndios na própria região, e não em projetos de colonização em outros estados”, explica reportagem do Brasil de Fato. Mais famílias foram se agregando ao movimento, e a Ditadura cercou a área. Nasceu, então, um boletim que levava para fora do cerco as informações sobre o que acontecia ali. Esse acampamento foi a principal origem do MST, fundado oficialmente em 1984. Esse boletim virou o Jornal Sem Terra, que hoje fura outros bloqueios.
O bloqueio do silêncio é uma forma torturante de sufocar qualquer movimento social e qualquer setor oprimido. A informação é uma grande arma, e o domínio dessa arma por alguns poucos grupos empresariais é uma realidade. Com o monopólio das armas pelas elites, não há como lutar. A imprensa dominante é aliada do latifúndio, das grandes empreiteiras, das produtoras de automóveis, das produtoras de tabaco. Não há como acreditar que dará voz aos diferentes. A imprensa dominante tem lado, e não é o dos movimentos sociais. Já tratamos muitas vezes aqui no Jornalismo B das formas como o MST, especialmente, é tratado. Coloque “MST” na busca, ali em cima, e confira você mesmo.
Daí a importância da imprensa alternativa, incluindo-se aí os veículos que dão voz diretamente a sindicatos e movimentos sociais, tal qual o Jornal Sem Terra. A atuação desses grupos de mídia, para se tornar eficaz, precisa ser conjunta. É necessário, para furar cada vez mais o bloqueio midiático, que haja diálogo constante. Veículos como o Jornal Sem Terra precisam dos meios independentes para ampliar suas vozes, da mesma forma como estes precisam daqueles para inserirem-se e compreenderem a prática dos movimentos sociais.
A matéria do Brasil de Fato sobre os 30 anos do Jornal Sem Terra é um bom exemplo desse diálogo, retomando momentos importantes da trajetória do MST a partir da história do boletim/jornal. Nessa troca, nesse diálogo, na construção coletiva, sai fortalecida a mídia contra-hegemônica, a sociedade e a democracia.
* Para ler o site do MST, AQUI. Para seguir o Twitter oficial do MST, AQUI.
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