Educar sem infantilizar: filhos sem Deus
O Pensador da Aldeia
por Paulo Jonas de Lima Piva
Se a religião já infatiliza os adultos com sua mitologia estapafúrdia, imagine só as crianças! Estas, que já surgem no mundo como frutos de uma atitude irrefletida, mecânica e arbitrária dos seus pais, sem poderem escolher como e em que condições gostariam de vir à existência, são obrigados a engolir no seu processo de formação e educação todos os preconceitos, crendices, idiossincrasias, dogmas, neuroses e demais patologias dos seus geradores, os quais, para piorar, se acham oniscientes ao moldá-los conforme seus valores e tabus. E tudo isso sem nenhuma chance de defesa e de reação para as crianças. Covardia total. Se a família é cristã, a intoxicação da consciência e da sensibilidade da pobre criança já começa com os tradicionais "papai-do-céu", "anjinho-da-guarda", "menino Jesus" e com as imperdoáveis tachações de "pecado" a tudo o que se refere à sexualidade.
Filhos sem deus: ensinando à criança um estilo ateu de viver, do filósofo argentino Alejandro Rozitchner e da psicóloga Ximena Ianantuoni (Martins Fontes, 2008), é um livro que propõe um tipo de formação e educação mais arejada às crianças, voltado para o desenvolvimento da capacidade de crítica, análise e autonomia da criança, tendo em vista estimular o sentimento e a consciência de liberdade, de autonomia e de tolerância desses seres humanos em construção. Crianças mais livres, mais questionadoras, independentes, felizes, ou seja, de bem com seus desejos, como seu corpo, com a vida e, sobretudo, com a morte. Em suma, uma base mais racional e sadia para um futuro adulto mais razoável e menos doente, eis a intenção essencial do livro.
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