quinta-feira, 26 de maio de 2011

revisor, presta atenção ao pensamento e desaperta

Os rato se camufla com as roupa da cor da babilônia


Posted on 26/05/2011 by Iván Marrom

Eu vejo vários Sun Tzu de chinelo com prego, e vários prego faltando na cabeça duns malandro. Várias fita procedendo nas quebradas da Ipiranga, o que me faz lembrar do barulho do vento. Ali tem uns maluco bem doido, do tipo que sabe tudo que se passa no Brasil. O mano como eu sonha é com o fim dessa cuzada toda. Tem um magrão lá, bem esperto, sagaz, faceiro. Nem lembro a sua graça, acho que tem a ver com alguma cidade da Europa, de Portugal. Só sei que era um pinta que colava aqui pelas bandas do Alim Pedro, jogava um futebol decentemente. Só abria a boca pra falar merda. Dá nada… na época a gente não tinha essa percepção toda. Hoje em dia eu continuo por aqui, dando voltas e voltas na Volta do Guerino. O que se nota é como esse guri cresceu, ganhou notoriedade e não perdeu essa mania de se achar comedor e confundir as coisas. O pior de tudo é que carrega o nome aqui do IAPI nas páginas do fantástico mundo da Zerolândia.

A real é que ele não mudou nada. Fala sobre mulher, seu principal passatempo. Se mete a discursar uns esquema meio falho, de vez em quando umas penca lá da sociologia e o caralho a quatro. Tá ligado aquelas visão política bem restrita e esteriotipada? Tem uns termo aí do tipo imperialismo… até nisso a topeira se meteu a escrever! Daí vou lá eu dar risada da precariedade da atividade jornalística no país e sou chamado de radical. E, enfim, essa precariedade não quer dizer as falta de equipamento, grana, funcionário e tal. É o conhecimento, né, irmão!? Cadê essa porra? Vai lá neguim estudar uns três pares de ano numa faculdade, onde até os professor se metem a dar discurso moralista sem fundamento. A gente tá ligado que num é intelectual como alguns, e nem faz muita questão disso também. Não faz muita questão, mas não recrimina quem é. O conhecimento é indeferente em relação a isso. Pior é se intitular no ramo e o resultado não ser lá tão bom.

Mas, de verdade, nem quero briga coisa nenhuma. Só tô me expressando, né. Os caras descem a lenha aqui na minha levada; vão crente nas história de que eu quero queda de braço e o escambau. Tudo isso por causa das minhas birra com os engravatado – principalmente aquelas porra de prêmio que saiam toda hora no Jornal do Comércio. Um dia, ano passado, fizeram lá uma celebração pra premiar o que eles chamaram de “Top Ser Humano”. Porra, olha o nome do bagulho! Daí na fotografia habitual uma caralhada de mané… tudo véio careca. Assim não dá. Depois dizem que o Brasil não vai pra frente só por causa daquele livro do MEC. A começar que os cuzão formador de opinião tão toda hora manipulando a fala lá da doutora que organizou a parada. O mais fodido é perceber que artimanha para discurso é o que falta pra esses bostas; cada textim que eu vejo dá vontade de chorar de tão mal escrito. E qual é daquele lance de ficar metendo caixa alta e negrito toda hora? É querer se sobrepujar? Como não devia faltar, o parceiro das antigas peladas alimpedrísticas comentou o assunto. Mais de uma vez ainda por cima. Menos mal que tem gente contrariando.

“Escrevem mal, só pensam merda”, parafraseando um professor de jornalismo mais decente.

***
Não existe isso que se chama escrever bem. Existe é pensar bem. Escrever é pensar. Quem pensa mal, escreve mal. Não há habilidade retórica que consiga disfarçar um pensamento fraco ou medíocre. Tem gente que domina bem os recursos de estilo, manipula vasto vocabulário, constrói bem suas frases e sabe dar às palavras o justo peso. Mas tem pensamento fraco, ralo ou sem cor. Não existe estilo de linguagem. Existe é estilo do pensamento. Paulo Francis, por exemplo. Francis escreve aos trancos e barrancos, períodos entrecortados, desequilibrados, cheios de curto-circuitos. A beleza e o fascínio de escrever de Francis está na força de seu pensamento, não no uso de certos números retóricos ou alguns ritmos codificados pela tradição literária. O caso, também, me parece, de Décio Pignatari. Não cheguem para um escritor dizendo você está escrevendo cada vez melhor. Digam você está pensando cada vez melhor.
(PAULO LEMINSKI)

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