Diretor da Petrobras sugere negócio com o grupo Odebrecht
Cristóvão Feil no Diário Gauche
O diretor de abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, foi objeto de notícia da Agência Estado (Estadão), na última quarta-feira 29/6. O diretor Costa – indicado ao cargo por um movimento híbrido de PP e PMDB - afirmou que não há uma definição sobre a possibilidade de a Braskem incorporar a Innova, petroquímica de segunda geração, que foi adquirida pela Petrobras da controlada Petrobras Argentina em março deste ano, e que funciona dentro do Polo Petroquímico de Triunfo (RS).
O diretor de abastecimento lembrou que "a Innova produz estireno, que é um produto que não faz parte do portfólio atual da Braskem. Não definimos se iremos consolidar esse ativo dentro da empresa".
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É preocupante a manifestação (oblíqua) do diretor Paulo Roberto Costa. Ainda que na negativa, há um tom de oferta, de antessala de negócio entre a Innova (que pertence à Petrobras) e a Braskem (controlada pelo grupo privado Norberto Odebrecht). O mais curioso é o fato de um diretor da Petrobras estar afirmando que “o estireno da Innova não faz parte do portfólio atual da Braskem”. O não-dito, neste caso, porta mais expressão do que o dito, ou seja, “o estireno não está no portfólio atual da Braskem, mas poderá comparecer no futuro”, é o que está sugerindo claramente o diretor de abastecimento da estatal.
A notícia do Estadão acaba, assim, revelando-se como um recado cifrado ao grupo Odebrecht, controlador da Braskem. Paulo Roberto Costa está dizendo, mesmo que por linhas transversas, que se a Braskem quiser, a Petrobras vende a Innova do Rio Grande do Sul ao grupo Odebrecht.
Como se vê, há um fio de astúcia e esperteza nesta declaração do diretor da Petrobras. Aliás, os mesmos ingredientes ardilosos usados para montar a malograda empresa privada Sete Brasil, que iria abocanhar o negócio de sondas do pré-sal e a frota de petroleiros da Petrobras. Como se sabe – noticiamos aqui, dias atrás – essa empreitada de espertos foi desmontada pela presidenta Dilma Rousseff, sem vacilação.
Mas os promotores de bandalheiras com o patrimônio público são incansáveis e determinados, há que estar atento para as suas próximas investidas em favor do interesse pessoal e de grupos.
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