quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Compramos e vendemos... o segredo é o equilíbrio


O Brasil e a desindustrialização na Argentina

Por raquel_
Do Radar Econômico
Sílvio Guedes Crespo
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Enquanto muitos empresários brasileiros reclamam da “invasão” de produtos chineses, os argentinos se queixam também das mercadorias vindas do Brasil.
p>O jornal portenho “La Nación” noticia que o déficit comercial da Argentina com o Brasil aumentou 42% em 2011, atingindo US$ 5,8 bilhões.
“O déficit comercial com o Brasil chegou para ficar”, disse o consultor Mariano Lamothe ao diário. O gráfico acima, do “Nación”, mostra que a última vez em que a Argentina teve superávit comercial com o Brasil foi em 2003.
“Agora a Argentina importa do Brasil produtos industriais e bens de capital (mercadorias usadas na produção) que antes comprava de outros mercados, como Estados Unidos ou Europa”, disse ao “Nación” o consultor.
Outro item que prejudicou a balança argentina é a energia. No passado, o país vizinho vendia combustíveis em grande quantidade para o Brasil; hoje, ele está deficitário. As barreiras argentinas à exportação de trigo também prejudicaram o comércio exterior do país, segundo o consultor.
Comentário
A notícia foi sugerida ao Radar Econômico pelo professor de economia Alcides Leite*, que comenta abaixo.
“A Argentina está comprando mais produtos manufaturados do Brasil, sobretudo automóveis, máquinas e equipamentos agrícolas, eletrodomésticos, bens de capital e inclusive alimentos industrializados. No comércio do Brasil com a Argentina, a relação de troca é inversa daquela que acontece no comércio entre Brasil e outros países, sobretudo China, Estados Unidos, Europa e Japão. Para a Argentina exportamos mais produtos manufaturados e importamos mais commodities. Para outros mercados exportamos mais commodities e importamos mais produtos manufaturados.
Como a Argentina vem passando por um processo de desindustrialização ainda maior do que o Brasil, cresce sua necessidade de importação de produtos industrializados. A proximidade do Brasil e o aumento de qualidade de nossos produtos têm favorecido as exportações brasileiras para o país vizinho.”
Alcides Leite é professor de economia na Trevisan Escola de Negócios e inspetor-analista concursado do Banco Central. Autor de “Brasil: A trajetória de um país forte”.

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