Estiagem trará prejuízo de quase R$ 4 bilhões para economia do RS
Rachel Duarte no SUL 21
O efeito da estiagem no Rio Grande do Sul afetará de forma especial as duas principais culturas da economia gaúcha na 1ª safra do ano: milho e soja. Porém, o levantamento feito de 5 a 9 de janeiro pela Emater/RS aponta que todas as lavouras gaúchas serão afetadas, inclusive a de arroz, que na última pesquisa não mostrava alterações. A previsão do impacto é de quase R$ 4 bilhões. “Mesmo se começasse a chover, não seria possível reverter as perdas desta safra”, afirmou o secretário de Desenvolvimento Rural e Pesca, Ivar Pavan, em coletiva de imprensa nesta quinta-feira (12).
O estudo da Emater/RS foi feito com base na estimativa inicial de produção e na média das culturas nos últimos dez anos, levando em conta também os incrementos tecnológicos. No arroz, a perda será quase 15% da safra e o município mais afetado é Bagé. Já o feijão, devido às características do grão e produção, reage mais rápido aos efeitos da seca e terá prejuízo menor. A estimativa é de 11,5% de perda e Santa Maria é a cidade mais prejudicada. No caso da soja, a perda será de 25% e também afeta Santa Maria, Passo Fundo e Ijuí. Quanto ao milho, seguramente a cultura mais afetada até o momento, os números indicam a redução de 42,6% e Ijuí, Santa Rosa e Santa Maria como os municípios mais prejudicados.
De acordo com o secretário, como a seca está concentrada no RS, a exportação nacional dos grãos não está comprometida. “Segundo a Conab será possível exportar 8 toneladas de milho, atendendo a demanda de consumo brasileira”, afirmou. Pavan explicou que 80% dos pequenos produtores gaúchos estão assegurados pelo Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar, o Pronaf. O restante da agricultura tradicional, responsável pela produção de soja no estado, está assegurado pelo Programa de Garantia da Atividade Agropecuária, Proagro. “Segundo o Banco do Brasil 64% da produção de soja está garantida”, disse o secretário de Agricultura, Pecuária e Agronegócio, Luiz Fernando Mainardi, também presente na coletiva.
Apesar de tentar afastar o quadro de pânico na agricultura gaúcha, Ivar Pavan disse que, perdurando a seca, o prejuízo tende a aumentar. “Os dados são de perdas já consolidadas. Não tem como reverter. Mas mesmo estes dados, que foram apurados até o dia 9, já estão alterados, porque segue sem chover”, alertou. “O governo está preocupado porque a previsão do tempo não nos permite um quadro de futuro mais positivo. Ficamos totalmente inseguros. Mas nossa principal preocupação é o milho”, acrescentou Mainardi.
A liberação dos R$ 18 milhões do governo federal para o governo gaúcho socorrer os produtores atingidos pela estiagem, mesmo que não enfrentem nenhum entrave burocrático no Ministério da Integração Nacional, não poderão ser utilizados para alimentação animal, redes de água e pagamento das dívidas de que não financiou as lavouras. “A rubrica da União foi para gastos com alimentação e água para consumo humano e medicamentos. É para socorro e não para sanar os efeitos dos produtores. Na hora da prestação de contas, o que foi gasto terá que ser justificado. Se o governo gaúcho devolvesse os recursos depois, daria, mas, não podemos arriscar desviar este recurso para este fim, se não temos como prever quais as próximas conseqüências da estiagem”, explica Ivar Pavan.
Programa de Irrigação
Na tarde desta quinta-feira, 12, as secretarias de Agricultura, Pecuária e Agronegócio e Desenvolvimento Rural e Pesca devem estudar uma alternativa para o repasse direto dos recursos da estiagem para os municípios. “As prefeituras tem um dispositivo legal que as permite atuar em casos de emergência sem licitação, isto facilita ações de forma mais célere”, explicou o titular da Agricultura, Luiz Fernando Mainardi.
Outra medida tomada pelo governo gaúcho será lançar um programa de incentivos para alternativas de irrigação. O programa será finalizado até esta sexta-feira, 13, e encaminhado ao governador Tarso Genro ainda no final de semana, quando ele deverá ter retornado das férias em Cuba. “Serão três eixos: licenciamento ambiental para reserva de água, produção de energia a Diesel no meio rural e subsidio para aquisição de máquinas para sistema de irrigação”, fala Mainardi.
O programa não chegará a tempo de sanar os danos desta safra, mas auxiliará um plano de prevenção para novas estiagens. Na avaliação do presidente interino da Emater/RS, Gervásio Paulus, o evento da estiagem no Rio Grande do Sul não pode ser considerado generalizado, já que as chuvas são uniformes e a seca acaba atingindo regiões de forma isolada. Ele alerta que novos levantamentos serão feitos em 15 dias.
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