UFC: Vale tudo por dinheiro
Por Hélio Doyle, no sítio Brasil 247:
“O brasileiro surpreendeu ao dar um chute rodado que acertou em cheio o rosto do rival. Ainda no ar, Terry ficou desacordado, o que rendeu a Barboza os prêmios de melhor nocaute e luta: o equivalente a US$ 130 mil”.
É assim que o Correio Braziliense relata o desfecho de uma das lutas de “artes marciais mistas” realizadas no sábado, no Rio. Uma exaltação ao chute no rosto, e o agressor ainda é premiado. O campeonato pretensamente esportivo é denominado UFC (Ultimate Fighting Championship) e, como sempre acontece no Brasil (mas não em outros países), ninguém procurou uma tradução. Ao mesmo tempo em que faz campanhas contra a violência na sociedade, permeadas de discursos emotivos e piegas, a Rede Globo transmitiu as lutas em rede nacional, com todos os bordões, maneirismos e histerismos de Galvão Bueno. A emissora tanto critica e lamenta a violência no país, mas ao mesmo tempo a incentiva, mostrando, em rede, homens se agredindo por dinheiro.
O que parte da imprensa brasileira, empresários e políticos de olho em grandes lucros e um público sedento de sangue alegam ser um esporte é, na verdade, uma demonstração em grande estilo de violência e primitivismo. Lutadores se golpeiam e se agarram diante do público, com “regras” que permitem quase todo tipo de golpe, como o “chute rodado” que valeu 130 mil dólares a quem o desferiu no rosto do oponente. Se o boxe profissional já é violento e sem sentido -- a não ser econômico -- numa sociedade moderna que se pretende inteligente, o UFC é a negação de qualquer civilidade. É a exaltação da barbárie. Violência gera violência, como gentileza gera gentileza.
É enorme a hipocrisia dos que ganham muito dinheiro com a violência institucionalizada e veem perspectivas de ganhar muito mais. Dizem eles que o UFC não estimula a violência, não faz com que idiotas de todas as idades procurem repetir os golpes nas suas baladas e em qualquer entrevero, e fiquem ainda mais sedentos de sangue diante da exibição dos gladiadores contemporâneos. Certamente vão aparecer psicólogos e sociólogos midiáticos ou bem remunerados para defender o “esporte” e legitimar a violência, dizer que nada tem a ver com a agressividade que permeia a sociedade. É tudo mera coincidência.
E vai mais longe o marketing hipócrita dos defensores do UFC: os lutadores transmitem mensagens de paz e amor, discursam contra a violência, criticam a agressividade das torcidas de futebol, visitam comunidades carentes. Mas antes e depois da benemerência e do discurso pacifista, fazem cara de mau e acertam os chutes rodados, entre outros golpes sujos.
O poderoso chefão do UFC, um estadunidense chamado Dana White, não é nada bobo e sabe que precisa ter um lobby no Congresso e no governo para não ter qualquer dificuldade na consolidação de seu circo de violência no Brasil. E já se fala em conseguir dinheiro público para financiar “atletas” do UFC e, claro, aumentar os ganhos dos empresários. Os defensores do “esporte” querem que o Estado faça como a Globo: combata a violência, mas dando dinheiro a seu negócio violento.
Conta o Correio Braziliense que o UFC já conseguiu montar uma “bancada” para defendê-lo no Congresso e no governo. São parlamentares muito bem recebidos por White, em camarotes vipíssimos, nas exibições no Brasil e nos Estados Unidos. Certamente recebem outros agrados, pois quem conhece o Congresso sabe que camarote vip é pouco para eles.
A turma de lobistas do chefão Dana White em Brasília é representativa da indigência política e parlamentar no Congresso: senador Magno Malta (PR-ES) e deputados Sérgio Guerra (presidente nacional do PSDB, de Pernambuco), Henrique Alves (líder do PMDB, do Rio Grande do Norte), Acelino Popó (PRB-BA) e Fábio Faria (PSD-RN).
Malta fez de uma pretensa luta contra a pedofilia sua bandeira para aparecer, mas não convence ninguém que conhece seu trabalho. Guerra se destaca como presidente de um partido de oposição que não sabe fazer oposição e perde força a cada dia. Henrique Alves é o melhor representante do fisiologismo peemedebista na Câmara. Popó foi boxeador profissional e ainda não mostrou para que se elegeu. Fábio Faria, que também nada faz na Câmara, é conhecido porque usou verbas públicas para pagar viagens de uma de suas namoradas artistas. Ele usa um velho argumento para justificar o injustificável: “É uma atividade que gera emprego, gera renda, muda a vida dos atletas”. O tráfico de drogas também gera empregos, renda e muda a vida de muitos jovens. Os jovens do tráfico ganham muito dinheiro e morrem baleados. Os do UFC ganham muito dinheiro e muitos morrerão graças às lesões físicas que fatalmente terão.
Esta bancada parlamentar do UFC vai aumentar, certamente. Sua mediocridade política reflete a mediocridade social e a ambição financeira desmedida dos que sempre acham que vale tudo por dinheiro.
“O brasileiro surpreendeu ao dar um chute rodado que acertou em cheio o rosto do rival. Ainda no ar, Terry ficou desacordado, o que rendeu a Barboza os prêmios de melhor nocaute e luta: o equivalente a US$ 130 mil”.
É assim que o Correio Braziliense relata o desfecho de uma das lutas de “artes marciais mistas” realizadas no sábado, no Rio. Uma exaltação ao chute no rosto, e o agressor ainda é premiado. O campeonato pretensamente esportivo é denominado UFC (Ultimate Fighting Championship) e, como sempre acontece no Brasil (mas não em outros países), ninguém procurou uma tradução. Ao mesmo tempo em que faz campanhas contra a violência na sociedade, permeadas de discursos emotivos e piegas, a Rede Globo transmitiu as lutas em rede nacional, com todos os bordões, maneirismos e histerismos de Galvão Bueno. A emissora tanto critica e lamenta a violência no país, mas ao mesmo tempo a incentiva, mostrando, em rede, homens se agredindo por dinheiro.
O que parte da imprensa brasileira, empresários e políticos de olho em grandes lucros e um público sedento de sangue alegam ser um esporte é, na verdade, uma demonstração em grande estilo de violência e primitivismo. Lutadores se golpeiam e se agarram diante do público, com “regras” que permitem quase todo tipo de golpe, como o “chute rodado” que valeu 130 mil dólares a quem o desferiu no rosto do oponente. Se o boxe profissional já é violento e sem sentido -- a não ser econômico -- numa sociedade moderna que se pretende inteligente, o UFC é a negação de qualquer civilidade. É a exaltação da barbárie. Violência gera violência, como gentileza gera gentileza.
É enorme a hipocrisia dos que ganham muito dinheiro com a violência institucionalizada e veem perspectivas de ganhar muito mais. Dizem eles que o UFC não estimula a violência, não faz com que idiotas de todas as idades procurem repetir os golpes nas suas baladas e em qualquer entrevero, e fiquem ainda mais sedentos de sangue diante da exibição dos gladiadores contemporâneos. Certamente vão aparecer psicólogos e sociólogos midiáticos ou bem remunerados para defender o “esporte” e legitimar a violência, dizer que nada tem a ver com a agressividade que permeia a sociedade. É tudo mera coincidência.
E vai mais longe o marketing hipócrita dos defensores do UFC: os lutadores transmitem mensagens de paz e amor, discursam contra a violência, criticam a agressividade das torcidas de futebol, visitam comunidades carentes. Mas antes e depois da benemerência e do discurso pacifista, fazem cara de mau e acertam os chutes rodados, entre outros golpes sujos.
O poderoso chefão do UFC, um estadunidense chamado Dana White, não é nada bobo e sabe que precisa ter um lobby no Congresso e no governo para não ter qualquer dificuldade na consolidação de seu circo de violência no Brasil. E já se fala em conseguir dinheiro público para financiar “atletas” do UFC e, claro, aumentar os ganhos dos empresários. Os defensores do “esporte” querem que o Estado faça como a Globo: combata a violência, mas dando dinheiro a seu negócio violento.
Conta o Correio Braziliense que o UFC já conseguiu montar uma “bancada” para defendê-lo no Congresso e no governo. São parlamentares muito bem recebidos por White, em camarotes vipíssimos, nas exibições no Brasil e nos Estados Unidos. Certamente recebem outros agrados, pois quem conhece o Congresso sabe que camarote vip é pouco para eles.
A turma de lobistas do chefão Dana White em Brasília é representativa da indigência política e parlamentar no Congresso: senador Magno Malta (PR-ES) e deputados Sérgio Guerra (presidente nacional do PSDB, de Pernambuco), Henrique Alves (líder do PMDB, do Rio Grande do Norte), Acelino Popó (PRB-BA) e Fábio Faria (PSD-RN).
Malta fez de uma pretensa luta contra a pedofilia sua bandeira para aparecer, mas não convence ninguém que conhece seu trabalho. Guerra se destaca como presidente de um partido de oposição que não sabe fazer oposição e perde força a cada dia. Henrique Alves é o melhor representante do fisiologismo peemedebista na Câmara. Popó foi boxeador profissional e ainda não mostrou para que se elegeu. Fábio Faria, que também nada faz na Câmara, é conhecido porque usou verbas públicas para pagar viagens de uma de suas namoradas artistas. Ele usa um velho argumento para justificar o injustificável: “É uma atividade que gera emprego, gera renda, muda a vida dos atletas”. O tráfico de drogas também gera empregos, renda e muda a vida de muitos jovens. Os jovens do tráfico ganham muito dinheiro e morrem baleados. Os do UFC ganham muito dinheiro e muitos morrerão graças às lesões físicas que fatalmente terão.
Esta bancada parlamentar do UFC vai aumentar, certamente. Sua mediocridade política reflete a mediocridade social e a ambição financeira desmedida dos que sempre acham que vale tudo por dinheiro.
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