O metrô mais antigo do mundo
Três milhões de pessoas, duas vezes a população de Porto Alegre, passam pelo metrô de Londres todos os dias. O underground, ou tube, virou símbolo da cidade, disputando o espaço com os ônibus de dois andares, os táxis pretos e os potes de chá nas lojas de souvenir. Canecas com a famosa frase “Mind the gap”, dita em quase todas as estações para que as pessoas cuidem o vão entre o trem e a plataforma, abundam em meio às quinquilharias.
Pois a fama não vem do nada. O metrô de Londres é o mais antigo do mundo, prestes a fazer 150 anos, em 2013. E o sistema é realmente eficiente, e impressiona. Para quem vem de uma cidade em que ele não existe, é ainda mais excitante (mesmo que o meu maior choque tenha sido em 2007, em Madri, na primeira vez em que andei de metrô).
Em primeiro lugar, impressiona o tamanho e a quantidade das linhas. Londres é uma cidade enorme, não só em número de habitantes, mas em área. Com não muitos prédios altos, é espalhada. Só pra se ter uma ideia, com cerca de 3,5 milhões de habitantes a menos, a capital londrina tem aproximadamente 50 km² a mais que São Paulo (dados da Wikipedia). Na prática, isso torna a vida menos sufocante, mas muito mais difícil em termos de locomoção. E as 11 linhas de metrô chegam a todas as suas seis zonas, ainda que ele seja mais concentrado no centro e, em muitos lugares mais distantes, seja preciso ir de ônibus até a estação mais próxima.
Como comentei essa semana, Londres é uma cidade concêntrica, dividida em zonas. Começa com um círculo no meio, onde fica o centro e é a parte mais antiga (a zona 1) e vai abrindo em anéis. Mais longe, mais barato de se viver. E mais difícil.
A utilização do underground é às vezes um pouco complicada, principalmente quando as linhas bifurcam, mas extremamente bem sinalizada. Para quem ainda não está acostumado com o sistema, é só dispor de um pouquinho de tempo para ler as diversas placas e os painéis eletrônicos. Estes, aliás, indicam a direção do próximo trem e quanto tempo falta para ele chegar – geralmente dois ou três minutos. O que nos leva a outro ponto: o metrô é ágil. A frequência é enorme e a velocidade é razoável, o que poupa um tempo enorme no cotidiano da cidade.
O sistema funciona até pouco depois da meia-noite (fecha ainda mais cedo nos domingos), o que, para mim, é inaceitável numa cidade não só do tamanho de Londres, mas com toda a vida que vibra aqui. A cidade do multiculturalismo, onde tudo acontece. É a cidade que mais recebeu turistas no mundo em diversos dos últimos anos . Com o preço que cobra para levar pessoas de um lado a outro, especialmente quando elas vão de metrô, seria mais do que honesto oferecer um serviço 24 horas.
Aliás, o preço é um problema ainda maior do que a falta de metrô durante a madrugada. Bem mais caro que ônibus, impede que muita gente tenha acesso a esse sistema que pode ser muito bom, mas que acaba se tornando um tanto injusto. Até porque, quanto mais zonas o teu cartão abranger, mais caro fica, o que prejudica os que moram mais longe, muitos dos quais acabam recorrendo ao ônibus e perdendo bastante tempo no transporte diário (da minha casa, na zona 2, até o centro eu levo menos de meia hora de metrô e mais de uma de ônibus).
Os passes podem ser para uma viagem, um dia, uma semana ou um mês. Nos três últimos, o uso é ilimitado dentro das zonas escolhidas. Ter um passe para viajar quantas vezes quiser em um período de tempo é extremamente útil e barateia bastante para quem usa muito o transporte. O crédito é feito em um cartão, o Oyster, que pode ser adquirido por 5 libras. Vale a pena, mesmo para quem for ficar pouco tempo, porque é mais prático, fica um pouco mais barato e as 5 libras são devolvidas quando o cartão é entregue de volta. Estudantes podem fazer um cartão próprio, com foto, pela internet, que dá direito a um desconto de 30%. É fácil, depende apenas da aprovação da escola ou universidade. E é entregue em casa.
Somos andando por Cris Rodrigues