O tráfico e a crise econômica na Rocinha
Enviado por luisnassif, qui, 12/01/2012 - 13:00
Do Extra / O Globo
Livre do tráfico, Rocinha entra em crise econômica
O faturamento de Ana Claudia caiu de R$ 6 mil para R$ 3 mil mensais Foto: Roberto Moreyra
Na noite de 12 de novembro, Ana Cláudia, de 36 anos, foi dormir com o coração cheio de esperança, como qualquer morador da Rocinha. Dois meses após a ocupação policial, ela tenta se equilibrar:
— O faturamento caiu pela metade, e ainda pago mil reais de aluguel. Não pensei que a ocupação afetaria o movimento. Duas manicures deixaram o salão e dispensei uma pessoa que trabalhava na minha casa.
Para garantir o pagamento das contas, ela baixou os valores cobrados pelos serviços no salão. O preço da escova progressiva caiu de R$ 100 para R$ 75.
— Até pensei em voltar para o asfalto, mas vou esperar. É uma fase de adaptação — acredita Ana Cláudia, que já pensa em vender bijuteria e lingerie no salão Shalon para aumentar a receita do estabelecimento.
Os dias também são de incerteza para Rosângela Jesus Silva, de 48 anos. Dona do Isabella’s Coiffeur, na Via Ápia, principal rua de comércio local, ela acreditava que a freguesia aumentaria após a ocupação. Hoje, chora ao lembrar que há dias em que atende apenas uma pessoa. A média diária era de 30 clientes.
— Aos sábados, fechava à meia-noite. Essa semana, fui embora às 21h. Aos poucos, vejo meu sonho acabar — diz, com lágrimas nos olhos.
Dona do salão há oito anos, ela procura alternativas.
— Já pensei em levar a loja para Rio das Pedras. Mas vou procurar um ponto na rua. Ficar no segundo andar pode estar atrapalhando — planeja a comerciante.
A crise na Rocinha não se restringe a salões de beleza, nem aos exageros do choque de ordem. Parte dos R$ 10 milhões que o tráfico lucrava mensalmente circulava no comércio local. Esse dinheiro evaporou da noite para o dia. Além disso, os moradores passaram a arcar com os custos da legalização, como o da TV a cabo.
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