A capa de ZH e o “homem forte” de Fortunati
Diário Gauche
A pieguice über açucarada da capa de Zero Hora, edição de terça passada (9/out), é algo. José Fortunati (PDT) sai vitorioso em Porto Alegre. Divide a vitória com o grupo RBS/Maiojama e o guloso interesse imobiliário pelos 72 quilômetros de orla fluvial urbanizável do lago do Guaíba.
Não por acaso, o coordenador da campanha eleitoral de Fortunati chama-se Edemar Tutikian, o mago da dialética do concreto (mas não no sentido kosikiano), o David Copperfield das revitalizações urbanas, o Tio Toni do cais-mauá-dos-grandes-investimentos, e outras feitiçarias imobiliárias e afins.
Hoje, o jornal Zero Hora (colunaPágina 10) estampa uma pequena nota onde admite que Edemar Tutikian será um dos “homens fortes” do re-prefeito Fortunati e o responsável pelos “grandes projetos”.
Já se vê que experimentaremos grandes emoções no próximo quadriênio administrativo de Porto Alegre.
O significado da capa de Zero Hora
A capa do jornal Zero Hora, edição de ontem (8/10), diz muito das relações entre o grupo midiático-imobiliário RBS/Maiojama e o re-prefeito José Fortunati (PDT). Houve uma intervenção forte no tradicional leiaute da capa do jornal, modificando-o.
“Note” - nos escreve o leitor Ernesto C. Marques - “que a barra de informações que sempre fica logo abaixo do logo do jornal foi colocada abaixo da foto e da manchete. O POA com a cabeça do Fortunati no meio e a manchete aparecem incorporados à própria logomarca do jornal, estão quase fundidos. Parece ou não parece um editorial da firma assumindo a sua Fortunatice?”
Concordo com o Marques: é, sim, um editorial sem palavras, mas denso de conteúdo e significados. É como dizer o seguinte:
“Prefeito, a RBS fez a sua parte. Ao senhor cabe agora nos demandar mais e mais anúncios nos nossos veículos de comunicação. Sem esquecer o mais importante: o de apresentar um completo programa de revitalização dos 72 km da orla do Guaíba, já que o nosso braço imobiliário - a Maiojama - não pode ficar circunscrita aos impedimentos mesquinhos e as restrições absurdas do obsoleto Plano Diretor de Porto Alegre. Temos inúmeros exemplos de áreas da Capital que ainda restringem os investimentos de incorporadoras imobiliárias que aspiram a livre iniciativa no que diz respeito ao avanço ilimitado da indústria da construção civil no município de Porto Alegre”.
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