É esta gente sem educação que quer assumir o poder?
“Isso, se a senhora me permite, eu não admito”, protestou o ajudante de pedreiro Afonso de Medeiros, 48 anos, negro, evangélico, ex-dependente químico, morador na Favela do Moinho, centro de São Paulo. O homem se referia aos xingamentos contra a presidente Dilma Rousseff, durante o jogo de abertura da Copa do Mundo, no estádio de Itaquera.
“Ei, Dilma! Vai tomar no cu.”
O grito nasceu na ala vip e tomou a Arena Corinthians. Entre os mais entusiasmados estava a colunista social do jornal “O Estado de S.Paulo", que deve ter achado muito fina, elegante e sincera a modalidade de protesto. Mas é isso que é a gente que diz que quer tomar o poder?
“Isso não se faz com uma mulher, nunca”, disse o pedreiro Medeiros, que assistia ao jogo em pé, diante da televisão instalada no Bar do Grappite, logo na entrada da favela. “É covardia.”
E olha que a favela do Moinho era no dia do jogo um reduto de manifestantes anti-Copa. Os “vândalos” que denunciaram os gastos excessivos com a construção de estádios escolheram a favela para assistir juntos ao jogo. Democraticamente, dividiram com torcedores fanáticos de Neymar, Fred e Oscar o chão de terra batida do Moinho (chama-se assim porque ali funcionou um antigo moinho das Indústrias Matarazzo).
Os anti-Copa, entretanto, não chegavam aos pés dos vips do estádio de Itaquera no quesito vandalismo verbal. Um garoto vestido com a camisa da Croácia, por exemplo, comemorou o gol adversário com uma adaptação do bordão “Não vai ter Copa”. Virou “Não vai ter hexa!” Foi abraçado entusiasticamente pelos demais e ficou nisso.
“Eu sou feminista, véi. Comigo não tem essa de xingar mulher, mesmo que ela seja a presidente! A gente já é xingada demais na vida: de puta, baranga, gorda, sapatona, malcomida, burra”, explicou uma ativista que havia participado de protestos naquela tarde.
Dilma sabia que ia pro sacrifício. Quem tem dinheiro para comprar os cobiçados ingressos Fifa não é o brasileiro que costuma frequentar estádio (na porta, cambistas ofereciam os últimos tickets por até R$ 2.000).
São os mesmos endinheirados que passaram os últimos anos dizendo que o estádio não sairia. Saiu.
Que não haveria aeroportos pros gringos aterrissarem. Houve.
O jornal da colunista até publicou que haveria ataques do PCC na abertura. E necas.
Eles têm de estar revoltados mesmo: muita contrariedade. O PT fundiu-lhes a cabeça.
O jeito foi extravasar nos moldes odientos consagrados pelas redes sociais.
“Ei, Dilma! Vai tomar no cu.”
Há quem ache que o presidenciável Aécio Neves deve usar o linchamento verbal contra Dilma em seu horário eleitoral gratuito. Sabe de nada, inocente!
Experimenta pôr a grosseria na campanha... Porque vaiar, tudo bem. Mas xingar assim é falta de educação demais, coisa de mal-agradecido traíra. E isso não se perdoa.
Os marqueteiros tucanos têm de ensinar ao seu eleitorado um pouco mais de polidez. Nem que seja para aparecer na TV.
Bar do Grappite, na favela do Moinho; sem vandalismo
“Isso, se a senhora me permite, eu não admito”, protestou o ajudante de pedreiro Afonso de Medeiros, 48 anos, negro, evangélico, ex-dependente químico, morador na Favela do Moinho, centro de São Paulo. O homem se referia aos xingamentos contra a presidente Dilma Rousseff, durante o jogo de abertura da Copa do Mundo, no estádio de Itaquera.
“Ei, Dilma! Vai tomar no cu.”
O grito nasceu na ala vip e tomou a Arena Corinthians. Entre os mais entusiasmados estava a colunista social do jornal “O Estado de S.Paulo", que deve ter achado muito fina, elegante e sincera a modalidade de protesto. Mas é isso que é a gente que diz que quer tomar o poder?
“Isso não se faz com uma mulher, nunca”, disse o pedreiro Medeiros, que assistia ao jogo em pé, diante da televisão instalada no Bar do Grappite, logo na entrada da favela. “É covardia.”
E olha que a favela do Moinho era no dia do jogo um reduto de manifestantes anti-Copa. Os “vândalos” que denunciaram os gastos excessivos com a construção de estádios escolheram a favela para assistir juntos ao jogo. Democraticamente, dividiram com torcedores fanáticos de Neymar, Fred e Oscar o chão de terra batida do Moinho (chama-se assim porque ali funcionou um antigo moinho das Indústrias Matarazzo).
Os anti-Copa, entretanto, não chegavam aos pés dos vips do estádio de Itaquera no quesito vandalismo verbal. Um garoto vestido com a camisa da Croácia, por exemplo, comemorou o gol adversário com uma adaptação do bordão “Não vai ter Copa”. Virou “Não vai ter hexa!” Foi abraçado entusiasticamente pelos demais e ficou nisso.
“Eu sou feminista, véi. Comigo não tem essa de xingar mulher, mesmo que ela seja a presidente! A gente já é xingada demais na vida: de puta, baranga, gorda, sapatona, malcomida, burra”, explicou uma ativista que havia participado de protestos naquela tarde.
Dilma sabia que ia pro sacrifício. Quem tem dinheiro para comprar os cobiçados ingressos Fifa não é o brasileiro que costuma frequentar estádio (na porta, cambistas ofereciam os últimos tickets por até R$ 2.000).
São os mesmos endinheirados que passaram os últimos anos dizendo que o estádio não sairia. Saiu.
Que não haveria aeroportos pros gringos aterrissarem. Houve.
O jornal da colunista até publicou que haveria ataques do PCC na abertura. E necas.
Eles têm de estar revoltados mesmo: muita contrariedade. O PT fundiu-lhes a cabeça.
O jeito foi extravasar nos moldes odientos consagrados pelas redes sociais.
“Ei, Dilma! Vai tomar no cu.”
Há quem ache que o presidenciável Aécio Neves deve usar o linchamento verbal contra Dilma em seu horário eleitoral gratuito. Sabe de nada, inocente!
Experimenta pôr a grosseria na campanha... Porque vaiar, tudo bem. Mas xingar assim é falta de educação demais, coisa de mal-agradecido traíra. E isso não se perdoa.
Os marqueteiros tucanos têm de ensinar ao seu eleitorado um pouco mais de polidez. Nem que seja para aparecer na TV.
________________
Insignificante contribuição do baitasar
"É essa gente que esteve no poder por mais de 500 anos. E de certa maneira, ainda estão. Basta ter olhos para ver, olhos para escutar e olhos para cheirar (... só cheirar mesmo!). Guris de 14 ou 15 anos com tênis NIKE nos pés (ou seria na cabeça?), mascarados (tem lógica), quebrando ruas de vidro. Revoltados com os símbolos do capitalismo (pode-se chorar ou rir, é uma questão de escolha). Não sabem como fazer? Viram em filmes Holywoodianus (são meros reprodutores?) e acharam bonitinho. Esses são os filhos dos donos com as bocas cheias dos palavrões éticos e polidos do Itaquerão."
Nenhum comentário:
Postar um comentário