Bar que é ponto de encontro de jovens nas terças-feiras é interditado pela Smic
SUL 21
Local reúne jovens habitualmente em volta de lago, próximo à Ponte de Pedra | Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21
Débora Fogliatto
O bar Tutti Giorni, no centro de Porto Alegre, foi interditado nesta terça-feira (03) pela Secretaria Municipal de Indústria e Comércio (Smic). O local, que reúne centenas de jovens todas as terças-feiras em seu entorno, no Largo dos Açorianos, funciona há 30 anos na cidade. Segundo a Smic, o Tutti foi interditado a partir de ofício da Brigada Militar, devido a reclamações de perturbação da ordem vindas de vizinhos.
“A lei prevê que uma atividade que se desvirtue, saia do seu foco principal, pode ser interditada. Então foi a solicitação feita pela Brigada nesse caso, e a Smic só cumpriu com seu papel administrativo”, explicou Rogério Teixeira Stockey, diretor de fiscalização. Ele explicou que o bar já foi objeto de uma reunião no Ministério Público, onde os moradores dos prédios em cima e em torno do bar solicitaram uma ação devido ao barulho no local. Stockey lembrou que a força-tarefa da Smic intensificou a fiscalização desde março de 2013 e continua vistoriando bares da cidade.
Na segunda-feira (02), então, a Brigada Militar encaminhou ofício para secretaria realizar a interdição. Ao chegar no local, a fiscalização da Smic constatou também que o Tutti não possuía Plano de Prevenção Contra Incêndio (PPCI) e estava com o alvará vencido. O proprietário do bar, Ernani Marchioretto, conhecido como Nani, afirmou que tenta encaminhar há dois meses o PPCI, mas que isso precisa passar pela imobiliária, por se tratar de um estabelecimento alugado.
“A imobiliária que faz essa parte, que encaminha para os bombeiros, não fez isso ainda. Então estamos sem PPCI e parece que também foi porque ia ter muito tumulto e alguém pediu pra que fosse interditado hoje. Estamos aguardando agora para ver o que falta na documentação”, esclareceu Ernani. Nas redes sociais, há eventos marcados para os entornos do bar nesta terça-feira à noite.
O proprietário Ernani lamenta o fechamento em plena terça-feira | Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21
Na semana passada, jovens que costumam frequentar o local contaram que havia forte presença da Brigada Militar, que realizou uma espécie de cordão em torno dos frequentadores quando o bar fechou, à meia-noite, intimidando-os a irem embora mais cedo do que o normal. Na situação, os policiais afirmaram que a segurança havia sido reforçada devido à proximidade com a Copa do Mundo.
Nani não conversou com a Brigada e nem foi informado sobre os motivos que levaram um contingente grande a se deslocar para o Tutti na terça passada, mas lamenta que a interdição tenha acontecido justo no dia de maior movimento. “Isso me quebrou as pernas, porque hoje eu ia conseguir pagar as contas. Vou ter que ligar pros fornecedores e avisar. Eles (a Smic) não levam em consideração que temos mais umas cinco famílias que dependem do Tutti para comer, além de mim. Não pode chegar e fechar assim na cara dura, sem nem dar alguns dias para resolver”, lamenta.
Ele lembra que o bar funciona há 30 anos e nunca teve registros de violência em sua área. “O Tutti sempre foi território da paz, onde as pessoas todas são iguais e esperamos ser respeitados por todos. Mas entendo que esse pessoal não tem onde curtir, não tem um espaço livre na cidade”, relata. Para Ernani, os jovens que frequentam o local são sempre “um pessoal bacana”, mas infelizmente a movimentação ocasionou o fechamento. “É um espaço que a gurizada não tem em Porto Alegre, só que o pessoal acaba ficando até de manhã e os vizinhos não gostam”, explica.
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