A vaia da área vip é como nossa elite: padrão Fifa
13 de junho de 2014 | 11:20
Autor: Fernando Brito
A melhor coisa do jogo de ontem, para mim, foi a vaia dada à Presidenta Dilma Rousseff.
Partiu, como registra o Painel da Folha, da área VIP do estádio, embora, claro, tenha tido gente nas arquibancadas acompanhando, como também teve gente que fez “a vaia da vaia”.
Normal, nada demais.
O famoso “vaia-se até minuto de silêncio” de que falava Nélson Rodrigues.
Tirante o fato de que ela ter partido das pessoas mais privilegiadas – os “padrão” Fifa, que ganharam seus ingressos no “bocão” dos patrocinadores, Globo à frente, é o que acontece com qualquer autoridade política anunciada em estádio.
Da vaia, falou muito bem o Juca Kfouri:
Se em Brasília, na abertura da Copa das Confederações, a presidenta foi vaiada, em São Paulo foi xingada mesmo, com palavrões típicos de quem tem dinheiro, mas não tem um mínimo de educação, civilidade ou espírito democrático.
Ninguém precisava aplaudi-la e até mesmo uma nova vaia seria do jogo.
Mas os xingamentos raivosos foram típicos de quem não sabe conviver com a divergência, mesmo em relação a uma governante legitimamente eleita pelo povo brasileiro.
A elite branca tão bem definida pelo insuspeito ex-governador paulista Cláudio Lembo, mostrou ao mundo que é intolerante e mal agradecida a quem lhe proporciona uma Copa do Mundo no padrão Fifa.
Aliás, tivemos mesmo o ”padrão Fifa” tão cantado em prosa e verso também na festa de abertura: um espetáculo frio, mecânico, bonitinho mas ordinário. Com direito até a sumirem com o exoesqueleto do Miguel Nicolelis.
Ninguém publicou uma notícia sequer sobre a preparação daquela coreografia glacial, não é?
Claro, era da Fifa, não era do Governo. Se fosse tinha especulação até com o custo da fantasia de samambaia.
Não tinha negro, exceto um ou dois, entre as centenas de bailarinos e figurantes.
Não tinha a arte popular, exuberante, lasciva, irreverente.
Não tinha improviso, mas também não tinha espontaneidade.
Ainda bem que no campo teve.
Gol contra com dez minutos é uma traulitada pra ninguém botar defeito.
E nosso time teve a calma para não entrar em parafuso e deixar Neymar empatar o jogo.
Com direito a uma bela exibição de Oscar, a quem a mídia já havia morto e enterrado.
O pênalti em Fred pode ter sido marcado com rigor excessivo, sim, mas houve o puxão e um entrelaçada de braço do zagueiro croata. E o nosso centroavante fez a malandragem que os “politicamente corretos” detestam, o povão aplaude e a história consagra.
Ou o “la mano de Dios” de Maradona não é uma das histórias mais saborosas e repetidas do futebol?
Sigo repetindo o que venho dizendo.
A oposição brasileira virou o fio.
A Copa que funciona e a grosseria que Kfouri descreveu – e que Aécio Neves confirmou com suas declarações de que “a presidente está sitiada” – vão paulatinamente fazer que as pessoas percebam que não há frase mais adequada para descrever nossa elite do que aquela que o colunista esportivo escreveu:
Mostrou que “é intolerante e mal agradecida a quem lhe proporciona uma Copa do Mundo no padrão Fifa.”
E com quem quer lhe proporcionar um país com desenvolvimento e níveis melhores de justiça social que não mantenham o Brasil no que sempre foi o seu padrão, o “padrão selva”.
Mas também não surpreende: afinal, é gente completamente selvagem, apesar de ser elite.
A melhor coisa do jogo de ontem, para mim, foi a vaia dada à Presidenta Dilma Rousseff.
Partiu, como registra o Painel da Folha, da área VIP do estádio, embora, claro, tenha tido gente nas arquibancadas acompanhando, como também teve gente que fez “a vaia da vaia”.
Normal, nada demais.
O famoso “vaia-se até minuto de silêncio” de que falava Nélson Rodrigues.
Tirante o fato de que ela ter partido das pessoas mais privilegiadas – os “padrão” Fifa, que ganharam seus ingressos no “bocão” dos patrocinadores, Globo à frente, é o que acontece com qualquer autoridade política anunciada em estádio.
Da vaia, falou muito bem o Juca Kfouri:
Se em Brasília, na abertura da Copa das Confederações, a presidenta foi vaiada, em São Paulo foi xingada mesmo, com palavrões típicos de quem tem dinheiro, mas não tem um mínimo de educação, civilidade ou espírito democrático.
Ninguém precisava aplaudi-la e até mesmo uma nova vaia seria do jogo.
Mas os xingamentos raivosos foram típicos de quem não sabe conviver com a divergência, mesmo em relação a uma governante legitimamente eleita pelo povo brasileiro.
A elite branca tão bem definida pelo insuspeito ex-governador paulista Cláudio Lembo, mostrou ao mundo que é intolerante e mal agradecida a quem lhe proporciona uma Copa do Mundo no padrão Fifa.
Aliás, tivemos mesmo o ”padrão Fifa” tão cantado em prosa e verso também na festa de abertura: um espetáculo frio, mecânico, bonitinho mas ordinário. Com direito até a sumirem com o exoesqueleto do Miguel Nicolelis.
Ninguém publicou uma notícia sequer sobre a preparação daquela coreografia glacial, não é?
Claro, era da Fifa, não era do Governo. Se fosse tinha especulação até com o custo da fantasia de samambaia.
Não tinha negro, exceto um ou dois, entre as centenas de bailarinos e figurantes.
Não tinha a arte popular, exuberante, lasciva, irreverente.
Não tinha improviso, mas também não tinha espontaneidade.
Ainda bem que no campo teve.
Gol contra com dez minutos é uma traulitada pra ninguém botar defeito.
E nosso time teve a calma para não entrar em parafuso e deixar Neymar empatar o jogo.
Com direito a uma bela exibição de Oscar, a quem a mídia já havia morto e enterrado.
O pênalti em Fred pode ter sido marcado com rigor excessivo, sim, mas houve o puxão e um entrelaçada de braço do zagueiro croata. E o nosso centroavante fez a malandragem que os “politicamente corretos” detestam, o povão aplaude e a história consagra.
Ou o “la mano de Dios” de Maradona não é uma das histórias mais saborosas e repetidas do futebol?
Sigo repetindo o que venho dizendo.
A oposição brasileira virou o fio.
A Copa que funciona e a grosseria que Kfouri descreveu – e que Aécio Neves confirmou com suas declarações de que “a presidente está sitiada” – vão paulatinamente fazer que as pessoas percebam que não há frase mais adequada para descrever nossa elite do que aquela que o colunista esportivo escreveu:
Mostrou que “é intolerante e mal agradecida a quem lhe proporciona uma Copa do Mundo no padrão Fifa.”
E com quem quer lhe proporcionar um país com desenvolvimento e níveis melhores de justiça social que não mantenham o Brasil no que sempre foi o seu padrão, o “padrão selva”.
Mas também não surpreende: afinal, é gente completamente selvagem, apesar de ser elite.
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