Nem Morgana é “interventora” e nem Ana de Hollanda é patética
O ministério está parado e há várias disputas em curso. Quem leu o Estado de S. Paulo de hoje percebe isso com clareza.
Na página 6, há uma análise de que a crise “é fruto da rivalidade entre grupos do Rio e de SP”.
Essa “tese” foi plantada e claramente interessa a um “grupo”.
Se alguém do Planalto tiver interesse em saber quem plantou, é fácil. Eu que sou mais bobo já descobri.
O que existe de real nesta história é, por um lado, inépcia administrativa e política, e, por outro, um debate duro acerca de mudanças de rota no rumo das ações do MinC.
O discurso de Zé Celso Martinez na Alesp foi perfeito neste sentido. Ele disse que não tem nada contra Ana de Hollanda, mas pediu a ela que escutasse e dialogasse com os que estão insatisfeitos. E fizesse os ajustes necessários.
A ministra, porém, tem dado sinais trocados em relação a isso. Envia assessores para abrir o diálogo e no mesmo dia vai para a mídia tradicional acusar os movimentos de estarem atuando para desestabilizá-la. Fez isso pelo Estado de S. Paulo e pelo O Globo, nas ocasiões em que Vitor Ortiz e Mamberti vieram a São Paulo conversar.
E tudo volta ao ponto de dantes na terra de Abrantes. Só que piorando a cada dia que passa.
Nunca entrei em #ficajuca e nem em #foraana. Esse tipo de campanha não me agrada. Afora isso, sou grandinho e sei que quem escolhe ministros num sistema presidencialista é o presidente, neste caso, a presidenta.
Escolhe e colhe os frutos bons ou podres que esses vierem a produzir.
Por outro lado, a sociedade tem o direito e o dever de democraticamente pressionar e debater tanto os rumos do governo, como o de alguns ministérios.
E isso tem sido feito com vigor principalmente por gente vinculada aos Pontos de Cultura, que hoje atingem 8 milhões de brasileiros. E pela galera da Cultura Digital, que é o movimento político mais vibrante da atualidade, o que a ministra ignora. Mas que o Fernando Henrique Cardoso não. Basta ler o último texto dele.
Dito isto, sou obrigado a registrar, porque senão não conseguiria dormir direito hoje, que está em curso uma campanha de gênero que busca desmoralizar a participação da mulher na política neste caso do MinC.
A Folha de S. Paulo tem utilizado a palavra “interventora” quando se refere à Morgana Eneile.
Na cabeça do jornalismo da Folha, ela não é uma liderança que por aquilo que as pessoas enxergam de suas qualidades foi convidada para trabalhar no ministério.
Na cabeça do jornalismo da Folha ela é alguém que assumiu um cargo, provavelmente a mando de um homem, para enquadrar uma outra mulher, no caso a ministra.
Além disso, os jornais têm escolhido fotos de Ana de Hollanda que buscam desmoralizá-la e patetizá-la. Ela tem aparecido sempre com cara de assustada, de bico, olhando pro chão etc. Isso é repugnante. Não é jornalismo. É panfletarismo de quinta categoria.
A mesma estratégia já foi utilizada em São Paulo nas gestões Erundina e Marta. E vez em quando também é usada com homens, especialmente de esquerda. Mas, prestem atenção, com mulher o buraco costuma ser sempre mais embaixo.
Enfim, o debate acerca do MinC tem dois campos. Um que discute questões de fundo e de políticas públicas. Outro que está usando os desarranjos no ministério para atingir o governo Dilma e as conquistas das mulheres na política.
Um campo não tem nada a ver com o outro.
Aliás, falando em campos, é bom que se registre, que a ministra prefere falar pela mídia tradicional. E que há uma carta de apoio a ela com muitas assinaturas de pessoas que apoiaram o candidato derrotado.
Se quiserem checar quem apoiou o candidato derrotado, basta ir nesta página do Nassif.
Isso também ajuda bastante na confusão.
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