segunda-feira, 2 de maio de 2011

Bin Laden empatou o jogo para Obama, por enquanto...

Bin Laden vai reeleger Obama ?
Sim !


    Ele sabe o que fazer quando o telefone toca de madrugada

    Barack Obama aplicou seu melhor talento ao anunciar a morte de Bin Laden: a oratória.

    Foi um discurso comovente, com ecos do Discurso de Gettysburg, de Lincoln: na vitória ou na derrota, celebrar os vivos, os combatentes que sobreviveram.

    A descrição do que foi feito para pegar Bin Laden num condomínio a uma hora de distância do centro de Islamabad, capital do Paquistão, deixa algumas dúvidas:

    - os Estados Unidos podem confiar no aliado Paquistão ? – como se pergunta o colunista Kristof do New York Times

    - a Al Qaeda vai acabar ?

    - os terroristas mundo afora vão se vingar ?

    - Bin Laden vai se tornar um mártir ? (as primeiras notícias diziam que o corpo dele estava com os americanos; depois, que tinha sido lançado ao mar)

    Obama telefonou logo ao ex-presidente George W. Bush para dar a notícia.

    As ruas das principais cidades americanas se encheram de júbilo, noite adentro.

    Líderes americanos – mesmo de oposição – celebraram a vitória.

    A morte de Bin Laden reelege Obama ?

    Kristof acha que não.

    Lembra que Bush pai saiu da primeira Guerra do Iraque com a popularidade perto dos 90% e perdeu a eleição para um desconhecido governador, Clinton, de um pequeno estado, Arkansas, por causa da economia.

    Podia dizer também que Churchill ganhou a Guerra e perdeu a eleição seguinte para um obscuro líder trabalhista, Clement Atlee.

    Este ansioso blogueiro se permite discordar.

    Bin Laden e a queda das Torres Gêmeas têm significado muito mais profundo para a alma americana.

    O sentimento nacional, hoje, é de vingança.

    E de júbilo.

    A auto-estima nacional se reforça num momento de apreensão por causa da economia e do desemprego.

    Obama cala a boca dos ultra-radicais do Partido Republicano, como o vice-presidente de Bush, Dick Chenney, que acusa Obama de ser frouxo com o terror.

    Obama fez o que o republicano Bush não fez: matou o inimigo público numero 1.

    Mostrou que, se o telefone vermelho tocar de madrugada, ele sabe como responder.

    (Na campanha pela indicação do Partido Democrata, Hillary Clinton disse que Obama não saberia o que fazer se o telefone vermelho tocasse de madrugada.)

    No discurso de ontem, Obama descreveu o longo processo de investigação (da CIA, seguramente) que ele acompanhou, pessoalmente, até dar a ordem de atacar, na sexta-feira de manhã.

    O Partido Republicano, de oposição, não tem programa econômico, além de reduzir os impostos dos ricos e subtrair serviços públicos de assistência aos pobres.

    E não tem candidato – como o PSDB, que, inevitavelmente, lançara Luciano Huck em 2014.

    Além do mais, a economia americana não vai afundar.

    Como diz a revista Economist, o pessimismo em relação à economia americana costuma dar prejuízo a longo prazo.

    A economia vai mal.

    Obama não foi exatamente eficaz na gestão da economia.

    Mas, os Republicanos não têm alternativa convincente.

    Digamos que, aí, fique zero a zero.

    Então, Bin Laden reelege Obama.



    Paulo Henrique Amorim

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