Tarso veste a camisa – e o boné – dos movimentos sociais
Somos andando
Embora muitos questionem alguns de seus métodos, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) e outros ligados à Via Campesina, são organizações legítimas de luta. Vale lembrar que, via de regra, os mesmos que acusam o movimento de ser ilegal e violento não se esforçam para denunciar a desigualdade e a violência empregada contra os trabalhadores e as trabalhadoras do campo. Que são coniventes com a utilização da terra de forma extrativista, visando apenas o lucro e não uma sociedade mais justa, mais igual e mais saudável.
O importante é que essa não é a maioria da sociedade hoje. Porque os brasileiros escolheram para presidente, pelo voto direto, a mulher que agora anuncia importantes medidas para ampliar a reforma agrária e garantir condições de trabalho e comercialização aos pequenos agricultores, viabilizando, em muitos casos, sua atividade. Já os gaúchos decidiram nas urnas, ainda no primeiro turno, que seu governador seria um homem que coloca o diálogo à frente do enfrentamento e que sabe que, independentemente de se concordar ou não com determinadas ideologias, deve governar para todos e ouvir toda a sociedade.
Por isso, Tarso Genro ouve a Farsul e o MST. Ouve e faz o possível para contemplar o povo gaúcho em sua maioria. À diferença de seus antecessores, porém, é que ele enxerga que a maioria está nos pequenos, que são muitos mais que os grandes, embora cada pedaço de terra seja menor e seu poder de pressão, reduzido frente aos donos de grandes propriedades de terra e de grandes contas no banco.
Tarso sabe que são os pequenos os que mais precisam do Estado, e compreende que as pautas dos movimentos hoje vão muito além da reforma agrária. O que eles buscam hoje é dignidade, através da satisfação de todos os seus direitos. Por isso, além de anistiar as dívidas dos pequenos agricultores, o governador agora assume uma importante ponta na negociação das dívidas com o governo federal. E, pelo mesmo motivo, pela segunda vez desde que assumiu o governo, fez o mesmo gesto:
Foto: Caco Argemi / Palácio Piratini