Pinheiro Guimarães: o Brasil não quer ser um império
Tijolaço
“É verdade que o Brasil tem uma ideia imperial de diplomacia ou isso é um mito?
(Ri.) Não. O Brasil tem um interesse muito forte no desenvolvimento de toda a região apesar das assimetrias entre os distintos países. Não é um império, não quer sê-lo nem quer repetir os erros dos impérios. Ao contrário. Acredita em associar-se, em cooperar, em reformar um sistema internacional que se caracteriza, a meu juízo, pela convivência de potências centrais e de ex-colônias, como nós. Temos interesses em comum com os países mais pobres, os países em desenvolvimento, para mudar as regras do mundo.
O que seria preciso mudar?
A crise que vivemos mostrou a falência dos modelos neoliberais tanto em nossos países como nos desenvolvidos. As regras financeiras devem permitir espaço para os desenvolvimentos nacionais, e o mesmo deve acontecer com as regras sobre comércio e meio ambiente.
(…)
Para mim é motivo de suspeitas quando alguém recomenda que não devemos nos preocupar com nossa defesa, que outro país vai se ocupar disso. Somos pacíficos, mas não temos por que ficar desarmados enquanto outros têm armas e as desenvolvem e quando sabemos também que a indústria militar é chave para o desenvolvimento tecnológico.”
Os trechos acima são de uma excelente reportagem-entrevista publicada hoje pelo diário argentino Pagina 12, com o embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, ex-ministro de Lula e alto representante do Mercosul. Uma afirmação de uma postura de líder, não de opressor, que nosso país busca ter ao se afirmar como uma das grandes forças emergentes do mundo. Diz ele: “Se não contamos os Estados Unidos, que acreditam ter 191 vizinhos, estamos logo depois da China e da Rússia. Eles têm 14. Nós temos 10. Com esse número tão grande, está claro que é melhor ter vizinhos estáveis, em boas condições e em paz. Ninguém quer vizinhos turbulentos e pobres, não?”
Publicamos a íntegra na seção Entrevistas, com texto traduzido por Katarina Peixoto, do Carta Maior
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