quinta-feira, 17 de novembro de 2011

no poço que provocou o desastre do Golfo do México, não foi feito, por economia


Dica: procurem o DDR e o CBL do poço da Chevron


Recebi, de um geólogo especializado em perfuração de poços de petróleo, algumas dicas que repasso aos jornalistas que, finalmente, parecem interesssados em cobrir o vazamento da Chevron no Campo de Frade.

Quando a Chevron se dignar a dizer qual é o poço – ou os poços, já que perfurava três – junto à tal fenda de onde estaria vazando o óleo, procurem o DDR e o CDL.

Estas duas siglas em inglês são o Daily Drilling Report e o Cement Bond Logging.

O primeiro, como o nome indica, é uma espécie de “diário de bordo” da perfuração, onde são registrados todos os acontecimentos e medições da perfuração. Os diâmetros de furo, a instalação de sapatas provisória e definitiva na boca do poço, os incidentes de percurso, como as perdas de colunas de perfuração – que não são raras – a sua recuperação ou eventual abandono, tamponamento e desvios de rota de perfuração, os testes de injeção de pressão e os encontros com rochas impregandas de petróleo. Tudo com data, hora e ações adotadas.

O segundo é a avaliação da resistência e homogeneidade do cimento injetado para fixar as sapatas presentes a cada mudança de diâmetro do furo de exploração e que deve preencher todo o espaço entre o furo (mais largo) e os tubos que fazem o poço propriamente dito, além de formarem uma sapata de sustentação de cada setor da tubulação telescópica.

Você pode ver no desenho esquemático que coloco no post que a cimentação é uma parte importante na estabilidade do post. O comento, injetado pelo tubo, sobe pela parte externa deles, formando uma parede que evita que a pressão externa “amasse” a tubulação e ainda que o óleo possa subir pelo vão entre a parede de perfuração e o lado de fora da tubulação, indo por aí até a superfície do solo marinho, ou subir até la se infiltrando em fendas do próprio solo.

Por isso, após executada a cimentação, executam-se testes, o chamado Cement Bond Logging, que verifica a conformidade do revestimento com as exigências de resistência esperadas.

No caso do vazamento de Macondo, o poço que provocou o desastre do Golfo do México, não foi feito, por economia, como foi apurado na investigação do acidente. Ali, aliás, a operação da sonda Deepwater Horizon era feita pela mesma empresa, a Transocean, que operava a plataforma da Chevron no campo do Frade.

PS. Daqui a pouco comento a matéria que, finalmente, o Jornal Nacional fez sobre o vazamento.

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