sábado, 12 de novembro de 2011

jornalismo de esgoto e as respostas do Ministério do Trabalho


Como se defender do PiG. Já que não tem Ley de Medios


Conversa Afiada





O Conversa Afiada reproduz artigo de Max Monjardim, assessor de imprensa de Carlos Lupi.

(O ansioso blogueiro confessa que ficou estarrecido ao ouvir na rádio que troca a noticia, a CBN, entrevista com o Magnifico e Incomparável Presidente Máximo de um “Instituto para a Defesa Intransigente do Jornalismo (sic) Investigativo” (sim, porque o que não-investiga é o do PiG (*).

Ele lançou dúvidas sobre o método Lupi. E advertiu: isso pode se virar contra o próprio Lupi.

Tratar-se-ia de uma discussão inócua, se o Bernardo saísse detrás do controle remoto e tirasse a Ley de Medios que o Franklin deixou de herança.

Porque, do jeito em que está, nada se vira contra a Veja.

Nem os jornalistas investigativos, que acham que, na Veja, tudo o que se passa, não merece investigação.

Não é Nassif ?)

Vamos ao Monjardim e o jornalismo investigativo da Veja (no Hotel Naoum):

A informação e a transparência.

*Max Monjardim


Desde a última quarta-feira, dia 9 de novembro, o Ministério do Trabalho e Emprego, do qual sou Coordenador de Comunicação, começou a publicar no Blog do Trabalho (blog.mte.gov.br), todas as perguntas enviadas pelos jornalista com “denúncias” devidamente respondidas, no dia que chegam. Esta foi uma determinação do Ministro Lupi, que visa dar maior transparência ao processo de apuração e evitar possíveis “equívocos” dos jornalistas, que muitas vezes, nem publicam “o outro lado”.

A decisão ocorreu depois que no último dia 4 de novembro, a Revista Veja encaminhou à Assessoria de Comunicação do Ministério uma série de perguntas referentes à uma apuração, que reproduzo abaixo:

- Quais são os programas de qualificação profissional do ministério?

- Quanto o ministério aplicou nesses programas, ano a ano, desde que o ministro Carlos Lupi assumiu a pasta?

- Quanto havia sido aplicado nesses programas, ano a ano, entre 2003 e 2007?

- Quantas ONGs foram contratadas nesse período?

- Quantos casos de irregularidades foram constatados pelas auditorias e supervisões internas?

- Quantos convênios estão hoje sem receber repasses por conta desses indícios de irregularidades?

Após o processo de apuração interna, enviamos as respostas no prazo determinado pela Revista. Para surpresa, no sábado, quando tive acesso à matéria, ela garantia que no Ministério do Trabalho havia uma “gangue que montou na estrutura ministerial um esquema de extorsão”, afirmando ainda que funcionários, citados nominalmente, eram responsáveis por cobrar propinas de ONG´s, cujo dinheiro “ia direto para o caixa do PDT”.

Em nenhum momento, se atentem, foram citadas as palavras do mais baixo calão publicadas para atacar a honra alheia de pessoas próximas ao Ministro. Ou seja, o direito de defesa, Constitucional, foi simplesmente “esquecido” pela revista. Foi então que partiu a decisão de que o Blog – espaço criado para discutir notícias relacionadas ao mundo do trabalho – seria utilizado para apresentar as respostas do MTE e garantir, da forma mais transparente possível, os dois lados da história.

Não tardou para que entidades que representam os donos de jornais repudiassem com veemência a decisão do Ministério: colunistas de conceituados veículos – incluindo a Veja – afirmam que estava sendo feita uma “agressão oblíqua” à liberdade de imprensa, além de ter sido “coisa de picaretas”. A justificativa? As respostas seriam do Ministério, mas as perguntas não. Sinceramente, não entendi.

Na verdade, este é o texto que deve ficar preso em post-it dos computadores das grandes redações, e são devidamente acionados quando a forma de uma via proposta por eles de ouvir o outro lado, é colocado em ação. Agredir a honra alheia, sem qualquer tipo de direito de defesa, se traveste na liberdade de imprensa. Um discurso vazio, desonesto e que não representa a realidade do jornalismo e sua função, de informar à população, sempre preservando o amplo direito de defesa.

Entendo que, uma vez solicitadas informações públicas, sobre ações públicas, de uma estrutura como o Ministério do Trabalho e Emprego, responsável por investimentos do Governo Federal, elas também passam a ser públicas. Afinal, estará estampada nos jornais no dia seguinte. Onde está a ofensa à liberdade de expressão? No fato de que estamos garantindo nosso amplo direito de defesa e a transparência total da informação?

A discussão passa muito longe disso. Ela é muito mais profunda e deve sim ser debatida. Mas enquanto os barões da informação se sentirem acima do bem do mal, e do próprio direito Constitucional, é preciso utilizar das ferramentas hoje disponíveis, como a internet, para que o amplo direito de defesa seja respeitado, garantindo assim que a população tenha acesso à todas as informações prestadas. Isso significa também o fim do cativeiro das erratas que saem nos dias subseqüentes às publicações, nos próprios veículos, por “equívocos” de apuração. Isso, para quem está do lado de cá, não adianta, porque uma vez publicada, as favas estão contadas.

O direito de defesa, pelo menos no Ministério do Trabalho, está garantido. Mesmo que na marra.


*É Jornalista, com MBA em Gestão Estratégica de Marketing pela FGV de Brasília e Coordenador de Comunicação do Ministério do Trabalho e Emprego


(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

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