MPF vai investigar assassinato de criança indígena e Cimi critica Funai
Da Redação do SUL 21
Atualizado às 12h17
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Depois da Fundação Nacional do Índio (Funai) dizer que tudo não se tratou de um “boato infundado”, o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) reafirmou a denúncia de que uma criança indígena foi queimada viva por madeireiros. Em nota divulgada na noite desta terça-feira (10), os ativistas consideraram precipitada a conclusão da Funai, que emitiu comunicado para todo o país após ouvir apenas uma testemunha.
Nesta quarta-feira (11), o Ministério Público Federal (MPF) do Maranhão decidiu recusar as alegações da Funai e investigar a denúncia. Os procuradores acionaram a Polícia Federal (PF) e devem, em conjunto, apurar a informação de ataque a um acampamento. Os procuradores se reuniram na sexta com representantes da PF e do Cimi para traçar como vão investigar a suposta morte. Segundo o MPF, a Funai também foi convidada para o encontro, mas não mandou representante.
De acordo com a Funai, uma das principais testemunhas do caso, Clóvis Tenetehara, líder do grupo Guajajara e autor da denuncia original, disse aos técnicos que tudo não passou de um boato. O problema, no entanto, é que o Guajajara vivem numa região onde os madeireiros têm forte presença. O Cimi alerta que o líder possa ter voltado atrás por medo de represálias contra a sua etnia.
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Diante disso, o Cimi defendeu proteção aos indígenas que denunciaram o caso para o esclarecimento desse episódios de violência. “Como fica a segurança dos Tenetehara que fazem denúncias e se opõem aos invasores de suas terras? Numa denúncia de ampla repercussão nacional e internacional, as pressões dentro da aldeia são consideráveis”, indica a nota.
Na carta o Cimi criticou as informações divulgadas por servidores que investigaram o caso e qualificaram as denúncias como um “boato infundado”. “Não jogamos na vala comum dos boatos depoimentos que remontam anos de denúncias da ação de invasores, sobretudo madeireiros, na Terra Indígena Araribóia”.
O ataque teria ocorrido entre setembro e outubro do ano passado na altura do município de Arame, onde os restos mortais carbonizados de uma criança foram encontrados pelos Tenetehara no meio da mata, durante uma caçada.
O Cimi destacou que apenas investigações mais detalhadas feitas dentro da mata, local de caça dos Tenetehara e palco do episódio denunciado, poderão dizer como o assassinato desta criança indígena ocorreu e como se deu o ataque aos Awá-Guajá isolados.
“O Cimi acredita que não é necessário um corpo carbonizado para que medidas urgentes de proteção aos indígenas da Terra Indígena Araribóia – ou a qualquer outro povo em condição de isolamento ou de contato no país – sejam adotadas”, enfatizou.
A entidade pediu uma ampla ação dos órgãos envolvidos para ultrapassar a fronteira dos monitoramentos das ações de madeireiros e partir rumo à proteção efetiva da terra indígena, impedindo a extração de madeira. “O contexto, portanto, é de saque do território, assassinatos e negação de direitos. A impunidade dos crimes só poderia deixar os indígenas preocupados com a própria segurança”, assinala a entidade.
Com informações do Cimi
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