domingo, 4 de dezembro de 2011

Comunidade de Estados Latino-Americanos e do Caribe (Celac)


Encerrada com êxito reunião da Celac na Venezuela

Vermelho

Terminou neste sábado (3) a cúpula de chefes de Estado e governo que criou a Comunidade de Estados Latino-Americanos e do Caribe (Celac). São diversas as conquistas alcançadas e as metas propostas na reunião, entre as quais se destacam: aprovação da Declaração de Caracas, acordo sobre a importância do novo organismo sem a tutela do imperialismo estadunidense e a visão comum baseada na solidariedade.
Ao fundar a Celac, os chefes de Estado e governo reunidos em Caracas decidiram continuar um caminho iniciado há 200 anos pelos libertadores.


A Celac aprovou por unanimidade a Declaração de Caracas e o Plano de Ação de Caracas, além de seu Manual de Procedimentos, anunciou o presidente venezuelano, o líder anti-imperialista Hugo Chávez. Ele disse que o único ponto pendente em relação aos procedimentos é a fórmula para a tomada de decisões, que por enquanto se manterá por consenso e será objeto de maior debate entre os países.

A integração sem tutela dos Estados Unidos e na diversidade foi um dos principais pontos nos quais os mandatários reunidos em Caracas coincidiram. O presidente da República Bolivariana da Venezuela, Hugo Chávez, expressou que uma das grandezas que tem a Celac é que a pesar das diferenças, "estamos aqui para debater e para perfilar o rumo da verdadeira integração e solucionar nossos graves problemas".

Por sua parte, o presidente do Uruguai, Pepe Mujica, ressaltou que "nenhum capital vale mais defensivamente que andar juntos por cima das diferenças". Destacou que a palavra autodeterminação desapareceu da linguagem das chancelarias do mundo rico e o drama desta época é ser ou não ser. "A necessidade de que os países da América Latina e do Caribe se juntem é imposta pela natureza dos fatos”, apontou.

Na mesma linha, o presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, destacou que o processo de unidade dos países da América Latina e Caribe deve estar sujeito apenas “à soberania e aos intereses de nossa comunidade". Ortega denunciou o governo dos Estados Unidos porque não só exerce o veto ao opor-se a que alguns organismos outorguem créditos e financiamento aos povos anti-imperialistas, mas também se sentem os donos de todos os organismos internacionais.

Os mandatários coincidiram não só na importancia do novo organismo autônomo em relação à Casa Blanca. A secretária-geral da União de Nações Sul-americanas (Unasul), Maria Emma Mejía, estimou que os acordos de integração que o bloco pôs em marcha evidenciam que a região agora está ditando sua própria receita. "Se no passado tivemos uma receita que nos impuseram, que foi o consenso de Washington, agora nós criamos nosso próprio paradigma no Sul, e o mundo deve ouvi-lo", disse.

Visão estratégica e solidária

Outro ponto coincidente nos mais de 20 discursos pronunciados durante os dois dias de deliberações sobre a Celac foi a importância deste bloco no caminho para o futuro. Os líderes destacaram que se bem seja certo que há 200 anos se iniciou o período independentista na região, é agora que se começa a integrar verdadeiramente.

"A integração produtiva com os países vizinhos é uma parte essencial de nossa estratégia para encontrar o crescimento e a capacitação de pessoas para tirá-las da pobreza e proporcionar oportunidades”, assinalou a presidente brasileira Dilma Rousseff.

O Presidente de Cuba, Raúl Castro, destacou que a Celec é o maior acontecimento na América Latina e Caribe em 200 anos.

O tema do combate ao narcotráfico veio à tona, trazido pelo presidente colombiano Juan Manoel Santos. Os mandatários reunidos em Caracas coincidiram na necessidade de emprender ações conjuntas na luta contra esse flagelo.

O tema da cartelização dos meios de comunicação e suas matrizes desestabilizadoras contra os governos democráticos e soberanos também foi assinalado pelo Equador e o Suriname, entre otros.

Ao concluir a reunião de fundação da Celac, o chefe de Estado venezuelano, Hugo Chávez, entregou a presidência pró-têmpore do organismo ao chileno Sebastian Piñera, que assegurou que chegou o tempo da América Latina e do Caribe. "Trabalhemos com unidade e esperança para cumprir a tarefa que nos cabe”, disse Piñera.

Venezuela, Chile e Cuba formam o trio que dirigirá a Celac nos próximos dois anos. Os países do Caribe solicitaram ampliar para quatro o número de nações que se encarregarão de liderar a nascente iniciativa para incluir a região.

Chávez anunciou que a Celac avaliará nas reuniões seguintes o sistema para a tomada de decisões da organização. Enquanto isso, as decisões continuarão sendo tomadas por consenso.

A cúpula que deu nascimento à Celac, em 2 e 3 de dezembro em Caracas, Venezuela, é a segunda desse tipo que reúne os mandatários da região sem a presença dos Estados Unidos e Canadá, ou países da Europa. A primeira vez que se realizou uma reunião sem a tutela estrangeira foi na Cúpula da América Latina e Caribe (CALC) em 6 de novembro de 2009.

O nascimento da Celac coincide com a busca de uma institucionalidade regional que agrupe os Estados da Cúpula da América Latina e Caribe e o Grupo do Rio em um bloco político que seja seu portavoz.

Este organismo internacional agrupa várias sub-regiões e está composto por 33 países da América Latina e Caribe; busca aprofundar a integração em um contexto de solidariedade, cooperação, complementaridade e concertação política, segundo ressaltaram varios líderes do bloco.

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