Porto Alegre precisa de mais espaços públicos de convivência
12/08/2012
Somos andando
Soube essa semana da intenção da Prefeitura de transformar parte da praça em frente ao Gasômetro em estacionamento. Descobri que faz parte da obra de revitalização prevista para o local. Foi assim que fiquei sabendo que fazer estacionamento significa revitalizar, para a administração municipal (a foto aí do lado é de divulgação da tal revitalização, sem mostrar a parte onde vão ficar os carros).
Eu fico realmente triste com esse tipo de notícia, porque ela nos faz constatar na prática a inversão de valores que já se dá em tantas questões do nosso cotidiano coletivo. Coletivo, mas não comunitário. E é justamente essa a questão.
Uma vez conversei com o geólogo Rualdo Menegat (infelizmente não encontrei a entrevista, que foi publicada no Sul21 em junho de 2010, mas vou achar o arquivo e republicar aqui nos próximos dias) e ele me falou muito da importância de retomar a vida em comunidade, de a gente reaprender a conviver, de sentar na calçada, conversar com o vizinho, fazer composteira no condomínio. Um monte de coisas bacanas, que não são nada utópicas e contribuiriam enormemente pra gente enxergar um pouco mais o outro e ter uma vida mais leve, menos egoísta. Fazer da experiência de viver um negócio bom, prazeroso.
E isso significa andar mais a pé, deixar o carro um pouco de lado, usar as praças, apropriar-se coletivamente dos espaços públicos. Usá-los, usufrui-los.
O que a Prefeitura faz é exatamente o contrário. Ela fecha espaços de convivência e aumenta a área destinada aos carros. Quanto mais automóveis nas ruas, menos gente a pé, menos prazer de andar a pé. Menos vida nos espaços públicos. Foi assim que o largo Glênio Peres virou um estacionamento depois das 18h e que várias ruas do Centro antes destinadas a pedestres viraram trafegáveis (aumentando o caos para quem circula por ali).
O que falta em Porto Alegre são justamente espaços de convivência decentes, pra retomar uma vida mais comunitária, mais saudável, em que as pessoas conversem, se conheçam. Do jeito que vai, cada dia mais a gente vai ficar dentro dos nossos micro-espaços, isolados. Saio do meu apartamento, entro no meu carro, vou até o shopping (onde eu não converso, porque não vou lá pra passear, vou pra comprar), volto pro meu carro e me fecho de novo no meu apartamento. É óbvio que essa é uma caricatura exagerada, mas parem pra pensar em quanto a gente tinha de convivência antes e quanto a gente tem agora. Minha vó conhecia os vizinhos da rua inteira!
(Não odeio carros, viu. Acho que eles são super úteis, mas que não servem pra ir comprar pão na esquina e que não são legais quando a regra é ter uma pessoa dentro de cada carro pra ir de um lugar a outro no dia-a-dia. Há exceções, óbvio, mas falo em linhas gerais.)
Mas voltando pra questão da cidade, a gente precisa priorizar alternativas de convivência. E isso passa por investir em praças e parques, iluminação pública (voltada para as calçadas), bicicletários e ciclovias, cultura popular etc.
Em vez de preservar, promover espaços de convivência, cuidar do que é público, o que vem acontecendo é que a Prefeitura deixa degradar os nossos espaços para vir com o argumento de que como está não dá pra ficar, daí empurra qualquer solução pra cima do povo. Foi o que tentaram fazer no Pontal do Estaleiro, por exemplo.
É uma política invertida, toda errada, que privilegia no curto prazo uma parcela pequena da população. Mas que no final, na verdade, acaba prejudicando todo o mundo, na medida que essa visão de sociedade excludente não faz bem pra ninguém.
Eu fico realmente triste com esse tipo de notícia, porque ela nos faz constatar na prática a inversão de valores que já se dá em tantas questões do nosso cotidiano coletivo. Coletivo, mas não comunitário. E é justamente essa a questão.
Uma vez conversei com o geólogo Rualdo Menegat (infelizmente não encontrei a entrevista, que foi publicada no Sul21 em junho de 2010, mas vou achar o arquivo e republicar aqui nos próximos dias) e ele me falou muito da importância de retomar a vida em comunidade, de a gente reaprender a conviver, de sentar na calçada, conversar com o vizinho, fazer composteira no condomínio. Um monte de coisas bacanas, que não são nada utópicas e contribuiriam enormemente pra gente enxergar um pouco mais o outro e ter uma vida mais leve, menos egoísta. Fazer da experiência de viver um negócio bom, prazeroso.
E isso significa andar mais a pé, deixar o carro um pouco de lado, usar as praças, apropriar-se coletivamente dos espaços públicos. Usá-los, usufrui-los.
O que a Prefeitura faz é exatamente o contrário. Ela fecha espaços de convivência e aumenta a área destinada aos carros. Quanto mais automóveis nas ruas, menos gente a pé, menos prazer de andar a pé. Menos vida nos espaços públicos. Foi assim que o largo Glênio Peres virou um estacionamento depois das 18h e que várias ruas do Centro antes destinadas a pedestres viraram trafegáveis (aumentando o caos para quem circula por ali).
O que falta em Porto Alegre são justamente espaços de convivência decentes, pra retomar uma vida mais comunitária, mais saudável, em que as pessoas conversem, se conheçam. Do jeito que vai, cada dia mais a gente vai ficar dentro dos nossos micro-espaços, isolados. Saio do meu apartamento, entro no meu carro, vou até o shopping (onde eu não converso, porque não vou lá pra passear, vou pra comprar), volto pro meu carro e me fecho de novo no meu apartamento. É óbvio que essa é uma caricatura exagerada, mas parem pra pensar em quanto a gente tinha de convivência antes e quanto a gente tem agora. Minha vó conhecia os vizinhos da rua inteira!
(Não odeio carros, viu. Acho que eles são super úteis, mas que não servem pra ir comprar pão na esquina e que não são legais quando a regra é ter uma pessoa dentro de cada carro pra ir de um lugar a outro no dia-a-dia. Há exceções, óbvio, mas falo em linhas gerais.)
Mas voltando pra questão da cidade, a gente precisa priorizar alternativas de convivência. E isso passa por investir em praças e parques, iluminação pública (voltada para as calçadas), bicicletários e ciclovias, cultura popular etc.
Em vez de preservar, promover espaços de convivência, cuidar do que é público, o que vem acontecendo é que a Prefeitura deixa degradar os nossos espaços para vir com o argumento de que como está não dá pra ficar, daí empurra qualquer solução pra cima do povo. Foi o que tentaram fazer no Pontal do Estaleiro, por exemplo.
É uma política invertida, toda errada, que privilegia no curto prazo uma parcela pequena da população. Mas que no final, na verdade, acaba prejudicando todo o mundo, na medida que essa visão de sociedade excludente não faz bem pra ninguém.
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