terça-feira, 1 de novembro de 2011

Você tem TV a cabo?... é ruim, menos pior que o canal aberto?

TV a cabo: vigarice e desrespeito ao consumidor


Diário Gauche





Mais do mesmo na TV a cabo


Não estou nem um pouco animada com a perspectiva de controle de todo o segmento de TV por assinatura pelas empresas de telefonia. O que é ruim, na melhor das hipóteses, continuará claudicante, uma vez que as operadoras de telefonia fixa e móvel destacam-se negativamente nos rankings de reclamação dos consumidores.

A perspectiva, então, é de mais concentração de mercado nas mãos de quem já não respeita o cliente em suas atividades atuais.

Hoje, o consumidor pena para conseguir migrar para pacotes de TV digital, oportunidade da qual as empresas se aproveitam para impor contratos mais caros e com menos canais, ou com menor qualidade.

Também empurram ponto extra para quem não o solicitou, sob a alegação de isenção de pagamento. Na verdade, nas letras miúdas, fica claro que a fatura virá mais adiante, geralmente dentro de um ano.

O consumidor Anderson Martins Borges teve dissabores com a Sky ao mudar de endereço. Foram mais de dois meses para que a empresa fizesse a nova instalação, período em que marcou e não cumpriu atendimentos técnicos.

Cancelar o serviço? Só se pagasse multa. Os desrespeitos continuaram com espera na linha para ouvir desculpas esfarrapadas e agendamentos descumpridos. Mas a conta de R$ 300 chega direitinho, mensalmente.

Outra consumidora escolheu contratar a TVA ao alugar um apartamento e foi induzida a adquirir o combo de TV por assinatura, acesso à banda larga e telefone para que a mensalidade pesasse menos no orçamento.

Embora tenha comprado um pacote, as instalações foram feitas isoladamente, em três dias. E, para sua surpresa, a TV a cabo veio com ponto adicional. Quando reclamou, sofreu com artifícios da operadora que a lei do SAC se propunha a banir: sua ligação foi passada para vários atendentes, esperou muito tempo na linha e teve de refazê-la algumas vezes.

Ao final, foi informada de que teria de entregar o receptor do ponto extra -que não contratara- na empresa. Algo como ser obrigada a devolver um cartão não solicitado à agência bancária.

A arquiteta S.M. também se incomodou muito ao tentar, sem sucesso, cancelar a assinatura da Net. Recebeu oferta de 30% de desconto, que não aceitou. Foi combinado, então, que os aparelhos seriam retirados, mas não foram. Semanas depois de a operada assegurar que havia cancelado o serviço, chegou nova fatura.

Esses são apenas alguns exemplos de como as empresas tratam seus assinantes, o que poderá até piorar, porque as teles terão, em seu domínio, telefonia, TV a cabo e acesso à banda larga. Ou seja, mais poder com pouca concorrência.

Dificilmente, então, melhorarão a programação, hoje entediante para quem contrata o serviço, pois os filmes se repetem com intensidade irritante. Os melhores filmes e jogos de futebol só são disponíveis por "pay-per-view" - comprados à parte. Ao mesmo tempo, cresce a quantidade de comerciais nas emissoras pagas.

Há muitas queixas de demora na visita técnica, de cobranças indevidas, de dificuldade para fazer reclamações por telefone e de falhas nos combos.

Nada diverso do que ocorre no acesso à banda larga prestado pelas teles, que é lento e sofre frequentes interrupções.

Má perspectiva para os assinantes, que podem esquecer o sonho de bons pacotes por preços mais competitivos. Também não devem apostar em melhores serviços.

Com a troca de controle da TVA e da Net, respectivamente, para Telefônica e Telmex (Embratel), haverá apenas mudanças de razões sociais do duopólio.

A Anatel deveria, ao menos, cobrar uma transformação radical nas relações com os consumidores para autorizar as alterações de controle acionário.

As operadoras são tão semelhantes, e atuam de maneira tão similar, que os brasileiros, provavelmente, só tenham na TV paga a opção de trocar seis por meia dúzia. Mais do mesmo, portanto, em preços, em serviços e em qualidade.


Artigo da advogada Maria Inês Dolci, especializada em direito do consumidor e coordenadora institucional da ProTeste Associação de Consumidores. Publicado hoje naFolha.

Um comentário:

Anônimo disse...

Gente, vamos acordar:
RESPEITO, OU FORA TELEFÔNICA

http://www.peticaopublica.com.br/PeticaoListaSignatarios.aspx?pi=P2011N8820

VAMOS TODOS ASSINAR!!!