FHC, o bom mocinho
Somos andando
Na hora de sair, neste sábado pré-Páscoa de manhã, tive a não muito boa ideia de levar embaixo do braço uma edição de Zero Hora, para ler na subida da Serra. Não pelas curvas, às quais já estou acostumada, acabei enjoada.
A página 10 tenta uma forçada comparação entre Lula e FHC, alegando que eles “têm mais em comum do que aparentam e admitem”. Foram separados, segundo Rosane de Oliveira, pela “disputa de poder”. Ainda que não sejamos ingênuos de ignorar as artimanhas do poder, ela exagera para o outro lado e ignora completamente a influência ideológica e programática no afastamento dos dois para campos opostos do cenário político brasileiro.
No segundo parágrafo, ela diz nas entrelinhas que Lula é hopócrita ao criticar Fernando Henrique por sua sensatez – ou melhor, “lucidez” e “coragem”, nas palavras da jornalista – em defender que o PSDB pare de disputar o “povão” e invista na classe média. Ou seja, o tucano não pode ser criticado por sua pragmática preferência elitista. E o povão, este está seduzido, pobre povão, pelos programas de Lula – “um eleitorado que está amalgamado ao PT pelo Bolsa-Família e por outros programas sociais que proporcionaram algum tipo de ascensão”. Claro, o tal povão vota com o estômago. Decerto deveria votar racionalmente no sociólogo que aumentou o desemprego do que emocionalmente no operário que transformou sua realidade, diminuindo a pobreza. Burro esse povão, que se deixa levar por uma distribuiçãozinha de renda.
Chama a atenção o parágrafo que diz: “Falando mais como sociólogo do que como ex-presidente, alertou que, para enfrentar o PT nas próximas eleições, a oposição terá de conquistar a classe média. Lula fez o mesmo. Orientou o PT a investir nessa faixa da população, especialmente em São Paulo, fazendo alianças ao centro, como ele fez quando escolheu o empresário José Alencar como vice”. Afinal, por que mesmo, ao agir exatamente da mesma forma, de acordo com a coluna, FHC age como sociólogo e Lula como político? Normalmente mais camuflado, dessa vez veio assombrosamente explícito demais esse dois pesos duas medidas do jornal. Dessa forma, a opinião de FHC ganha um caráter mais sério, porque baseado em ciência, enquanto Lula apenas joga o jogo feio e sórdido da política, esta tão desprestigiada em nossos meios de comunicação.
Sobre os números do Datafolha sobre a preferência do eleitorado por partidos políticos, Rosane diz que “a pesquisa indica que eleitor que ascendeu socialmente durante os oito anos do governo Lula é o mais fiel ao PT”. Realmente, difícil de entender por quê.
Toda essa ladainha, no fim das contas, pra nada, já que “o PT é o partido preferido dos eleitores em todas as classes” e, por ironia, dispara na nova classe média. FHC quer disputar o eleitorado que até pode ser conservador, mas foi o que mais se beneficiou pelas políticas de Lula. O resumo da ópera é que a oposição está completamente perdida e sem rumo.
A página 10 tenta uma forçada comparação entre Lula e FHC, alegando que eles “têm mais em comum do que aparentam e admitem”. Foram separados, segundo Rosane de Oliveira, pela “disputa de poder”. Ainda que não sejamos ingênuos de ignorar as artimanhas do poder, ela exagera para o outro lado e ignora completamente a influência ideológica e programática no afastamento dos dois para campos opostos do cenário político brasileiro.
No segundo parágrafo, ela diz nas entrelinhas que Lula é hopócrita ao criticar Fernando Henrique por sua sensatez – ou melhor, “lucidez” e “coragem”, nas palavras da jornalista – em defender que o PSDB pare de disputar o “povão” e invista na classe média. Ou seja, o tucano não pode ser criticado por sua pragmática preferência elitista. E o povão, este está seduzido, pobre povão, pelos programas de Lula – “um eleitorado que está amalgamado ao PT pelo Bolsa-Família e por outros programas sociais que proporcionaram algum tipo de ascensão”. Claro, o tal povão vota com o estômago. Decerto deveria votar racionalmente no sociólogo que aumentou o desemprego do que emocionalmente no operário que transformou sua realidade, diminuindo a pobreza. Burro esse povão, que se deixa levar por uma distribuiçãozinha de renda.
Chama a atenção o parágrafo que diz: “Falando mais como sociólogo do que como ex-presidente, alertou que, para enfrentar o PT nas próximas eleições, a oposição terá de conquistar a classe média. Lula fez o mesmo. Orientou o PT a investir nessa faixa da população, especialmente em São Paulo, fazendo alianças ao centro, como ele fez quando escolheu o empresário José Alencar como vice”. Afinal, por que mesmo, ao agir exatamente da mesma forma, de acordo com a coluna, FHC age como sociólogo e Lula como político? Normalmente mais camuflado, dessa vez veio assombrosamente explícito demais esse dois pesos duas medidas do jornal. Dessa forma, a opinião de FHC ganha um caráter mais sério, porque baseado em ciência, enquanto Lula apenas joga o jogo feio e sórdido da política, esta tão desprestigiada em nossos meios de comunicação.
Sobre os números do Datafolha sobre a preferência do eleitorado por partidos políticos, Rosane diz que “a pesquisa indica que eleitor que ascendeu socialmente durante os oito anos do governo Lula é o mais fiel ao PT”. Realmente, difícil de entender por quê.
Toda essa ladainha, no fim das contas, pra nada, já que “o PT é o partido preferido dos eleitores em todas as classes” e, por ironia, dispara na nova classe média. FHC quer disputar o eleitorado que até pode ser conservador, mas foi o que mais se beneficiou pelas políticas de Lula. O resumo da ópera é que a oposição está completamente perdida e sem rumo.