segunda-feira, 25 de abril de 2011

limpa com jornal, diz o baitasar

Limpa com jornal, ou comida para quem precisa…


Jornalismo B

…comida para quem precisa de comida. Não é assim? A Folha de S. Paulo, ansiosa por fazer jornalismo, subversão, subverteu a letra dos Titãs. Seguiu a lógica dominante na mídia dominante:
polícia para todos, comida para quem precisa, e nem todos precisam. O MST não precisa. São desumanos, são demônios, são inumanos. São baderneiros, criminosos, a marginalia que suja a sociedade com sua arrogância, suas agressões, sua violência, sua invasão. Ou são a sujeira que empurramos para debaixo do tapete, para baixo do debate, para baixo da consciência. O esforço para esquecer a realidade passa por escondê-la, e esse é o papel fundamental da mídia hegemônica na alienação política do povo.

Para a Folha, pobre é pobre porque quer, desempregado é desempregado porque não quer trabalhar. E nesse querer e não querer, sem terra não tem terra porque não quer ter terra e porque quer fazer baderna. Se não terra porque não quer, se faz protesto porque tem vocação genética para baderneiro, como teria direito à comida, à carne? É claro que não. Que vá plantar boi na terra que não tem!


Em 15 de abril, a Folha de S. Paulo ridicularizou o governo da Bahia por “fornecer banheiro químico e 600 kg de carne por dia ao MST”. Diz a abertura da matéria:

Para recepcionar quase 3.000 integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), que estão acampados desde segunda-feira na Secretaria da Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária da Bahia, em Salvador, o governo baiano instalou banheiros químicos, chuveiros, toldos e fornece 600 kg de carne por dia para o grupo.

Se não houver papel higiênico nesses banheiros químicos, “limpa com jornal”, diz a velha paródia da música do Papai Noel, ente tão próximo aos jornalões brasileiros… como acreditar neles? Então limpa com jornal, de uma forma ou de outra.

“É simplesmente nojenta a matéria de capa e manchete da página 10 de hoje de O Globo”, escreveu o deputado Brizola Neto, no mesmo dia 15 de abril, sobre reportagem do jornal carioca que tratou do mesmo tema. A Folha vai no mesmo caminho. No dia 15 e agora, no dia 19 do mesmo mês. O título é “MST encerra invasão em que recebeu carne do governo da Bahia”. Para a Folha, a luta por reforma agrária se resume a isso: “invasão em que recebeu carne”. Limpa com jornal.

Postado por Alexandre Haubrich

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