terça-feira, 6 de dezembro de 2011

a arte de embaralhar as ideias como se fossem cartas (miltância? só pagando...)


Começa o jogo de sedução das coligações em Porto Alegre 






Lideranças do PCdoB e do PP tiveram encontro no domingo (4); um dos pratos do cardápio foi uma possível união nas eleições de Porto Alegre | Foto: Divulgação / Manuela D'Ávila


Rachel Duarte no SUL 21


A primavera está quase terminando, mas o clima está mais favorável do que nunca para os namoros entre partidos gaúchos, com vistas às eleições de 2012 em Porto Alegre. O jogo da conquista se tornou mais explícito no último final de semana, quando o PT referendou o nome do presidente da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, Adão Villaverde como pré-candidato do PT à prefeitura da capital gaúcha. O PCdoB, que esperava lealdade do PT no compromisso firmado em 2010 de apoiar a pré-candidata Manuela D´Ávila, trata de seduzir a oposição do governador Tarso Genro. No domingo (04), os comunistas tiveram um primeiro encontro com o Partido Progressista (PP), da senadora Ana Amélia Lemos. Considerando que o atual prefeito de Porto Alegre, José Fortunati (PDT) também está de olho na movimentação dos demais partidos aliados ao governo estadual, PTB e o jovem PSD passam a ser os cobiçados, que podem formar bons casamentos ou provocar traições no meio do caminho.

O primeiro casamento declarado é entre PCdoB e PSB, que já tem o nome do vereador Airto Ferronato (PSB) como vice de Manuela D´Ávila. De acordo com o presidente do PSB-RS, Caleb de Oliveira, a fidelidade é garantia nesta relação. “Temos um compromisso assumido com o PCdoB. A Manuela é candidata e estamos juntos. Não cogitamos romper”, afirma. Mesmo que o PT almeje qualquer aproximação com Manuela D´Ávila, Caleb acredita que a reciprocidade do PCdoB irá prevalecer. “Não há possibilidade de ela (Manuela) retirar a candidatura para ser vice de algum partido, mesmo com o PT. Apesar das nossas ótimas relações com o Villaverde, não cogitamos esta hipótese”, falou.



PCdoB e PSB ainda acreditam que Manuela D'Ávila possa encabeçar chapa em uma aliança com PT, que indicaria Adão Villaverde como vice | Foto: Ramiro Furquim/Sul21

A recíproca pode não ser verdadeira. Mesmo magoado com a ‘traição’ do PT no compromisso assumido em 2010, quando da formação da aliança que elegeu Tarso Genro em primeiro turno, o PCdoB ainda não desistiu da união com os petistas na disputa pelo Paço Municipal. “Escolhendo candidatura própria, o PT está abandonando a ideia da unidade construída para o projeto estadual. Não foi assim que combinamos. Esperamos consolidar isso até o processo eleitoral do ano que vem. Vamos cobrar do PT atitude coerente com o discurso e o resultado de 2010”, falou o presidente do PCdoB-RS, Adalberto Frasson.

Para esse casamento sair, o consenso terá que ser em torno de Manuela. A deputada federal seria cabeça na chapa e Adão Villaverde, alterando o combinado com a base petista, passaria a ser vice de Manuela. “Não descartamos isto. Temos que fazer ainda esta discussão, mas não estamos disputando protagonismo de partidos. Queremos um projeto de cidade. Soubemos abrir mão quando tínhamos apoiado o nome de Beto Albuquerque (PSB), para nos juntamos com o PT e eleger o Tarso”, salienta Frasson.

PCdoB e PSB buscam PP

O presidente do PSB, Caleb de Oliveira considera que, como a intenção dos dois partidos (PCdoB e PSB) é ganhar a eleição e ter Manuela prefeita de Porto Alegre, pode haver uma flexibilização na composição para o vice. “O PP poderia ser o vice. Nós temos grau de conversa forte com o PP, algo que vem da eleição de 2006 e de 2010. Nós já construímos esta relação. Não teríamos problemas”, avalia.

Porém, a complementação da chapa majoritária está totalmente aberta e não terá qualquer decisão precipitada. Os progressistas se deixarão cortejar pelos pretendentes interessados, mas irão analisar com cautela os rumos de 2012, de modo a preservar o crescimento alcançado com a eleição da senadora Ana Amélia Lemos. “O PP de Porto Alegre não decidirá antes de março de 2012. Vamos conversar com todos que quiserem. O que pesará será o projeto de governo apresentado e o espaço que teremos para coligações. Quanto maior for a oferta, melhor para decidirmos”, fala o presidente do PP Metropolitano, Celso Bernardi.





José Fortunati, candidato do PDT à permanência no governo municipal, tinha agenda marcada com o PP; demissão de Carlos Lupi mudou os planos | Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Indagado sobre quais seriam os pontos convergentes entre comunistas e progressistas, Bernardi responde dizendo que questões ideológicas não são mais impeditivos para coligações. “Hoje não temos mais estas resistências. Temos que avaliar como nos unir para contribuir com uma cidade, como temos em Canoas a vice do Jairo Jorge (Beth Colombo). Aqui no estado somos oposição do governo Tarso, mas não de todos os partidos que estão na sua base de governo”, falou.

O PP ainda teria uma conversa com o PDT de José Fortunati, agendada para esta semana. Mas a demissão do ex-ministro do Trabalho, Carlos Lupi, forçou o adiamento do encontro, sem definição de nova data.



Adeli Sell: "Não temos posição de fazer ataques nem a Fortunati nem a Manuela. Queremos uma campanha civilizada” | Foto: Ramiro Furquim/Sul21

PT abre diálogo com PRB e PTB

Encerrado o processo de disputa interna no partido, o PT de Adão Villaverde está unido na construção do projeto para levar a sigla de volta a Prefeitura de Porto Alegre. A agenda do presidente da Assembleia Legislativa do RS seguirá até 31 de janeiro. A partir daí, os compromissos passam a ter um fim estratégico: aproximar Villa da comunidade porto-alegrense. “Vamos fazer uma campanha eminentemente propositiva. Vamos expor ideias e não atacar ninguém”, falou o presidente do PT de Porto Alegre, Adeli Sell.

É claro que o PT não pensa em seguir este caminho sozinho. Mas, no jogo da conquista, o PT ainda está tímido. Contido pelo documento da executiva municipal que firma compromisso com a base pela candidatura própria, as conversas para compor coligações e escolher um vice transitam em certo distanciamento do campo aliado do governador Tarso Genro. “Já falamos para o Fortunati que teremos uma candidatura própria e mantermos um debate político institucional. Não temos posição de fazer ataques nem a ele nem a Manuela. Queremos uma campanha civilizada”, garantiu Adeli.



Após confirmação de pré-candidatura, ideia é aproximar Adão Villaverde da comunidade porto-alegrense | Foto: Tatiana Feldens/PTPOA

Nesta segunda-feira (05), a executiva municipal teve reunião com o presidente do PRB, Waldir Canal. “Eles já estiveram conosco na última eleição em Porto Alegre”, diz. O PT também aguarda pela confirmação do PTB, do secretário do Trabalho e Desenvolvimento Social, Luis Augusto Lara para uma conversa de aproximação. “Tive um retorno de que vamos conversar, mas, ainda sem data”, falou o petista.

Todos querem o PSD

Nova no pedaço, a mais cobiçada sigla do momento é o Partido Social Democrático (PSD), do deputado federal Danrlei de Deus. Com votação expressiva em Porto Alegre, o parlamentar e presidente do PSD gaúcho é desejado tanto pelo PT de Adão Villaverde quanto pelo PCdoB de Manuela D´Ávila.

Já com uma conversa preliminar feita com o PT, o PSD conversa nesta quarta-feira (7), com o PCdoB. O almoço, que ocorre no Chalé da Praça XV, terá ainda a presença do PSB, PR e PV. Depois disso, na próxima segunda-feira (12), o novo partido volta a conversar com os petistas. “Na cabeça de chapa não temos como mexer, mas um nome como do deputado Danrlei, que fez uma imensa votação em Porto Alegre, nos interessa”, diz o presidente do PT-Poa, Adeli Sell.



PSD, liderado no RS pelo deputado federal Danrlei, é um dos partidos mais cortejados na dança das coligações em Porto Alegre | Foto: Ramiro Furquim/Sul21

O presidente do PSB-RS, Caleb de Oliveira, que apoia Manuela D´Ávila, disse que a posição da executiva nacional do PSD é unir com o PSB na maioria das prefeituras. “Já fomos procurados pelo deputado Danrlei e vamos nos aliar com quem quer que seja no momento adequado. Não descartamos uma dobradinha com Manuela e Danrlei”, admitiu.

O presidente do PSD em Porto Alegre, vereador Nelsir Tessaro, diz que o encontro da sigla no último final de semana decidiu pela orientação a priorizar candidaturas próprias. A ideia é fazer o nome do novo partido crescer no Rio Grande do Sul. “Queremos priorizar candidatura própria na Região Metropolitana. Temos pré-candidato em Alvorada e Canoas. Em Porto Alegre também queremos, mas vamos aguardar para ver como fica a movimentação das siglas, porque aqui uma aliança pode ser interessante para nós”, explica.

O vereador afirma que o ‘sim’ do PSD só será dado, para qualquer um dos pretendentes, depois do Carnaval. Até lá, muitos jogos de sedução devem acontecer.

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