Beto Almeida responde questões levantadas por leitores do Viomundo
Viomundo
Em agosto, publicamos no Viomundo o artigo As duas derrotas no campo da comunicação, do jornalista Beto Almeida. Numa mesma semana, na Câmara, havia sido aprovado o projeto que flexibiliza a veiculação da Voz do Brasil. No Senado, o mesmo acontecera com o projeto que transfere o oligopólio da TV paga no Brasil , até agora sob domínio de grupos nacionais, para o controle do capital estrangeiro que domina as empresas de telecomunicações. Ambos com aplausos da esquerda!
Hoje, Beto Almeida respondeu as questões levantadas por leitores do Viomundo naquele artigo. Como as respostas são muito esclarecedoras, resolvemos publicar o seu comentário, em separado, como se fosse um post, para que mais gente possa usufruí-las:
Prezados leitores, agradecendo pela leitura, informo que só agora tomei conhecimento dos comentários sobre o meu artigo. Nem sabia que tinha sido publicado pelo Viomundo, o que muito me honra.
Comento algo sobre a Voz do Brasil, primeiro informando que o projeto de flexibilização, que prepara sua extinção, é, sim, de autoria de parlamentar de esquerda e foi apoiado, além da Abert, por diversos parlamentares progressistas, de diversos partidos.
A Voz do Brasil é uma experiência de regulamentação informativa, divulga de modo plural informações sobre toda a atvidade do governo federal, inclusive informações sobre os programas sociais como a chegada dos recusos do Fundeb aos municípios, o que a mídia privada náo faz. Além disso, divulga a totalidade das atividades do Congresso, sem discriminar partidos ou políticos, seja por sua linha ideológica ou por região representada, discriminação praticada sistematicamente pela mídia privada.
A flexibilizaçao do horário da Voz levará sim à ocupação do horário predominantemente pela baixaria informativa da mídia comercial, portanto, MENOS INFORMAÇÃO ao povo. Sobre a nova lei da tv paga, a abertura sem limites para o capital externo, concentra e desnacionaliza, e a lei preservou intactos os interesses da Globo. As teles faturam na escala dos bilhões de dólares, as empresas da oligarquia nacional da mídia fatura na escala dos milhões, o que levará na prática a que os mecanismos como o de cota de produçao nacional e outros sejam, em pouco tempo, burlados, como já ocorria com a Lei do Cabo.
A nova lei veio legalizar as irregularidades já praticadas pelo capital externo na anterior Lei do Cabo. E as tvs do campo público já começam a sofrer seus efeitos: a Secom acaba de suspender, com base na nova lei, o acesso das tvs comunitárias e universitárias á publicidade institucional.
Portanto, mais concentração de recursos publicitários nas máos dos setores comerciais, só que agora tem a presença das teles, todas elas estrangeiras. A oligopolizaçao náo favorece a concorrência, mas apenas a mais concentração e internacionalização. Meu artigo não afirma que a Abert é nacionalista. O que afirmo é que teríamos que ter uma empresa pública de peso para oligopólios olios internacionais da comunicação.
No final, os oligopólios acabam impondo seus conteúdos e eles próprios pondem também fazer algo de “brasileiro”, mesmo que seja com artistas brasileiros, em Cingapura. Os oligopólios sempre determinam, como no setor farmacêutico em que importantes produtos nacionais não conseguem sequer ganhar uma licitação no Ministério da Saúde, onde domina a produção dos laboratórios estrangeiros.
Sobre a Telesur não ser aceita pela Net, que pertence ao Slim, ou pela Sky, pertencente à Telefonica de Espanha, a resposta é bastante evidente. É a TV BRasil que poderia dar grande contribuição à integração informativo-cultural da América Latina, colocando em prática o convênio de cooperação já firmado com a Telesur. Perdoem a demora por responder, muito grato, uma vez mais , a todos, pela leitura.
Saudações, Beto Almeida
Beto de Almeida é jornalista e membro da Junta Diretiva da Telesur
PS do Viomundo: Enquanto isso, no Reino Unido, o influente colunista Martin Wolf, do Financial Times prega o fortalecimento do campo público da comunicação!
Leia também:
Beto Almeida: As duas derrotas no campo da comunicação
Eldorado dos Carajás: A escola é orgulho, para romper com passado de exclusão
Beto Almeida: Reconstruindo o que os tucanos puseram abaixo
Beto Almeida: O fim do JB e o papel do jornalismo público
Em agosto, publicamos no Viomundo o artigo As duas derrotas no campo da comunicação, do jornalista Beto Almeida. Numa mesma semana, na Câmara, havia sido aprovado o projeto que flexibiliza a veiculação da Voz do Brasil. No Senado, o mesmo acontecera com o projeto que transfere o oligopólio da TV paga no Brasil , até agora sob domínio de grupos nacionais, para o controle do capital estrangeiro que domina as empresas de telecomunicações. Ambos com aplausos da esquerda!
Hoje, Beto Almeida respondeu as questões levantadas por leitores do Viomundo naquele artigo. Como as respostas são muito esclarecedoras, resolvemos publicar o seu comentário, em separado, como se fosse um post, para que mais gente possa usufruí-las:
Prezados leitores, agradecendo pela leitura, informo que só agora tomei conhecimento dos comentários sobre o meu artigo. Nem sabia que tinha sido publicado pelo Viomundo, o que muito me honra.
Comento algo sobre a Voz do Brasil, primeiro informando que o projeto de flexibilização, que prepara sua extinção, é, sim, de autoria de parlamentar de esquerda e foi apoiado, além da Abert, por diversos parlamentares progressistas, de diversos partidos.
A Voz do Brasil é uma experiência de regulamentação informativa, divulga de modo plural informações sobre toda a atvidade do governo federal, inclusive informações sobre os programas sociais como a chegada dos recusos do Fundeb aos municípios, o que a mídia privada náo faz. Além disso, divulga a totalidade das atividades do Congresso, sem discriminar partidos ou políticos, seja por sua linha ideológica ou por região representada, discriminação praticada sistematicamente pela mídia privada.
A flexibilizaçao do horário da Voz levará sim à ocupação do horário predominantemente pela baixaria informativa da mídia comercial, portanto, MENOS INFORMAÇÃO ao povo. Sobre a nova lei da tv paga, a abertura sem limites para o capital externo, concentra e desnacionaliza, e a lei preservou intactos os interesses da Globo. As teles faturam na escala dos bilhões de dólares, as empresas da oligarquia nacional da mídia fatura na escala dos milhões, o que levará na prática a que os mecanismos como o de cota de produçao nacional e outros sejam, em pouco tempo, burlados, como já ocorria com a Lei do Cabo.
A nova lei veio legalizar as irregularidades já praticadas pelo capital externo na anterior Lei do Cabo. E as tvs do campo público já começam a sofrer seus efeitos: a Secom acaba de suspender, com base na nova lei, o acesso das tvs comunitárias e universitárias á publicidade institucional.
Portanto, mais concentração de recursos publicitários nas máos dos setores comerciais, só que agora tem a presença das teles, todas elas estrangeiras. A oligopolizaçao náo favorece a concorrência, mas apenas a mais concentração e internacionalização. Meu artigo não afirma que a Abert é nacionalista. O que afirmo é que teríamos que ter uma empresa pública de peso para oligopólios olios internacionais da comunicação.
No final, os oligopólios acabam impondo seus conteúdos e eles próprios pondem também fazer algo de “brasileiro”, mesmo que seja com artistas brasileiros, em Cingapura. Os oligopólios sempre determinam, como no setor farmacêutico em que importantes produtos nacionais não conseguem sequer ganhar uma licitação no Ministério da Saúde, onde domina a produção dos laboratórios estrangeiros.
Sobre a Telesur não ser aceita pela Net, que pertence ao Slim, ou pela Sky, pertencente à Telefonica de Espanha, a resposta é bastante evidente. É a TV BRasil que poderia dar grande contribuição à integração informativo-cultural da América Latina, colocando em prática o convênio de cooperação já firmado com a Telesur. Perdoem a demora por responder, muito grato, uma vez mais , a todos, pela leitura.
Saudações, Beto Almeida
Beto de Almeida é jornalista e membro da Junta Diretiva da Telesur
PS do Viomundo: Enquanto isso, no Reino Unido, o influente colunista Martin Wolf, do Financial Times prega o fortalecimento do campo público da comunicação!
Leia também:
Beto Almeida: As duas derrotas no campo da comunicação
Eldorado dos Carajás: A escola é orgulho, para romper com passado de exclusão
Beto Almeida: Reconstruindo o que os tucanos puseram abaixo
Beto Almeida: O fim do JB e o papel do jornalismo público
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