terça-feira, 30 de junho de 2015

essas vacas gordas


Guido Mantega e as vacas gordas






Por Flavio Aguiar, na
Rede Brasil Atual:



A direita de cada país tem o estilo que merece, e que, frequentemente, a desmerece.

Vi no VT em prestigioso jornal de província aí do Brasil mostrando o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega sendo agredido e insultado por um paspalho em restaurante paulistano, quando lá se encontrava com familiares.

A ascensão da desfaçatez da direita é hoje um fenômeno mundial. Aqui na Alemanha, por exemplo, queimam casas que são ou serão utilizadas para receber refugiados políticos ou econômicos.

No Brasil, sobretudo em São Paulo, a direitalha mostra sua falta de educação e de decoro para conviver no espaço público, que pensa que é seu e que gostaria de privatizar completamente.

O VT dá o que pensar. Normalmente a carência é associada biblicamente a “vacas magras”, do sonho do faraó. No VT não era o caso. O malfeitor era uma vaca gorda, gritando insultos, esbanjando grosseria, talvez tocados pelo vinho que bebera, certamente insuflado pela campanha midiática conservadora de linchamento do PT, do governo e dos petistas. Além dele, uma outra vaca gorda se esganifava em insultos, estes incompreensíveis, no fundo.

É bom ficar sabendo os lugares que estes panelinhas exaltadas frequentam, para evitá-los.

Outro aspecto que chama a atenção é a pretensa isenção do jornal provinciano que exibe tal espetáculo. Na ausência de qualquer comentário a respeito, desabonando a conduta malfeitora (não precisa concordar com o ministro), a divulgação do vídeo (e eram 2!) exibe uma certa conivência com o insulto, eufemisticamente chamado de “hostilidade”, ao invés de “agressão”, que é o que é. Promove os insultantes, os malfeitores. Exalta sua falta de educação como qualidade. Dá notoriedade. Deseduca crianças que assistam à cena deprimente, no jornal que se deprime assim também.

Conheci o ex-ministro Guido Mantega nos tempos heroicos do jornal Movimento. Grande figura, democrata da gema. Depois nos apartamos por estas vicissitudes da vida, mas encontrei-o algumas vezes, com sua afabilidade costumeira e cidadã. Inclusive aqui na Europa, onde ambas as cenas (as violências, como eu disse, aqui são outras, de outro estilo, mais trágico, menos bufo como a das vacas gordas). Infelizmente, ele tem o azar de ser reconhecível facilmente, e de viver numa cidade onde uma pretensa elite de espírito colonizado, provinciano, mal educada, grosseira, confunde insulto com protesto, neurastenia algo borracha com descontentamento. Mas aqui uma cena deste quilate seria impensável, bem como sua reprodução despudoradamente “neutra” num jornal qualquer.

Já soube de outros tratamentos a ele dispensados, igualmente grosseiros e destemperados, intolerantes e fascistóides, até mesmo num hospital, e tratados com igual descaso pela mídia provinciana e insultadora igualmente pelo acolhimento indiferente de tais ameaças à cidadania, salvo melhor juízo (por favor, se alguém souber de algum comentário em nossa mídia conservadora desabonando estas vacas gordas, editorial ou de colunista etc., me avise que eu divulgo aqui).

Solidariedade ao Guido, vergonha às vacas gordas.

Esses Cubanos...


Cuba: transmissão zero de HIV de mãe para filhos. Estes escravos….




30 de junho de 2015
Autor: Fernando Brito







Cerca de 1,4 milhão de mulheres portadoras de HIV engravidam anualmente no mundo. Elas geraram 230 mil crianças contaminadas pelo vírus, nenhuma delas em Cuba.

Diz a OMS que a chance de uma mulher transmitir o vírus para seus filhos durante a gravidez, o parto ou a amamentação vai de 15% a 45%, dependendo do caso. Mas, com assistência contínua e remédios adequados, o perigo baixa a 1%.

Gostando ou não do regime cubano, é terrível que se queira fazer política desqualificando conquistas como esta, ainda mais pela sanidade que ela representa para crianças em gestação ou recém-nascidas.

Ninguém nega que Cuba é um país pobre e que, como qualquer país pobre, tem recursos escassos para a saúde. Mas nem tão escassos e tão bem utilizados que são capazes de uma conquista pioneira como esta.

Ficamos discutindo se eles têm medicina de alta tecnologia – e até sofrem dificuldades nisso por não poderem contar com equipamentos e tecnologias norte-americanas, por conta do incompreensível bloqueio americanoe deixamos de lado o que pode ser feito com os recursos disponíveis e é feito, com a dedicação de seus médicos.

Os mesmo que aqui uns imbecis foram vaiar, chamando de “escravos”.

A melhor resposta está aí, na certificação mundial como primeiro país a abolir esta tragédia para os bebês.

Que não importa a cor que tenham ou de onde sejam, são as coisas mais preciosas da Terra.

segunda-feira, 22 de junho de 2015

Carta Maior

Digital







sem uma inteligência interna, acreditam piamente nas informações falsas que veiculam


Veja como funciona o cartel do Instituto Millenium





Gilmar Crestani @ 9:08 pm 









A cartelização mediocrizante da notícia


seg, 23/06/2014

Luis Nassif


1. TODOS os grupos de mídia fizeram a mesma cobertura negativa da Copa, com os mesmos tons de cinza, o mesmo destaque às irrelevâncias, prejudicando seu próprio departamento comercial pelo desânimo geral que chegava aos anunciantes.

2. NENHUM grupo preparou uma reportagem sequer mostrando os detalhes de uma organização exemplar, que juntou governos federal, estaduais, municipais, Ministério Público, Tribunais de Conta, Polícia Federal, Secretarias de Segurança, departamentos de trânsito, construtoras, fundos de investimento. NENHUM!

3. Depois, TODOS fazem o mea culpa e passam a elogiar a Copa no mesmo momento.

4. Na CPMI de Carlinhos Cachoeira TODOS atuaram simultaneamente para abafar as investigações.

5. Na do “mensalão”, TODOS atuaram na mesma direção, no sentido de amplificar as denúncias e esmagar qualquer medida em favor dos réus, até as mais irrelevantes.

6. Na Operação Satiagraha, pelo contrário, TODOS saíram em defesa do banqueiro Daniel Dantas, indo contra a tendência histórica da mídia de privilegiar o denuncismo.

7. No episódio Petrobras, TODOS repetiram a mesma falácia de que a presidente Maria da Graça disse que foi um mau negócio e o ex-presidente José Sérgio Gabrielli disse que foi bom negócio. O que ambos disseram é que, no momento da compra, era bom negócio; com as mudanças no mercado, ficou mau negócio. TODOS cometeram o mesmo erro de interpretação de texto e martelaram durante dias e dias, até virar bordão.

8. No anúncio da Política Nacional de Participação Social, TODOS deram a mesma interpretação conspiratória, de implantação do chavismo e outras bobagens do gênero, apesar das avaliações dos próprios especialistas consultados, de que não havia nada que sugerisse a suspeita. Só depois dos especialistas desmoralizarem a tese, refluíram – com alguns veículos ousando alguma autocrítica envergonhada.

É um cartel, no sentido clássico do termo.

Uma empresa jornalística que de fato acredite no seu mercado jamais incorrerá nos seguintes erros:

1. Trabalhar sem nenhuma estratégia de diferenciação da concorrência, especialmente se não for o líder de mercado. A Folha tornou-se o maior jornal brasileiro, na década de 80, apostando na diferenciação inteligente.

2. Atuar deliberadamente para derrubar o entusiasmo dos consumidores e anunciantes em relação ao seu maior evento publicitário da década: a Copa do Mundo.

3. Expor de tal maneira a fragilidade do seu principal produto – a notícia -, a ponto de municiar por meses e meses seus leitores com a versão falsa de que tudo daria errado na Copa e, depois, ter que voltar atrás. Em nenhum momento houve uma inteligência interna sugerindo que poderia ser um tiro no pé. Ou seja, acreditaram piamente nas informações falsas que veiculavam – a exemplo do que ocorreu com a maxidesvalorização de 1999.

4. Nos casos clássicos de cartel, um grupo de empresas se junta para repartir a receita e impedir a entrada de novos competidores. No caso brasileiro, a receita publicitária cada vez mais é absorvida pelo líder – a Globo – em detrimento dos demais integrantes do grupo. Para qualquer setor organizado da economia, essa versão brasileira de cartel será motivo de piada.

Tudo isso demonstra que há tempos os grupos de mídia deixaram de lado o foco no mercado e no seu público. Não se trata apenas da perda de espaço com a Internet. Abandonaram o produto principal – a confiabilidade da notícia – para atuar politicamente, julgando estar na política sua tábua de salvação.

A sincronização de todas as ações, em todos os momentos, mostra claramente que existe uma ação articulada, centralmente planejada. Visão conspiratória? Não. Provavelmente devido ao fato de não existirem mais os grandes capitães de mídia, capazes de estratégias inovadoras individuais. Assim, qualquer estrategista de meia pataca passa a dar as cartas, por falta de interlocução à altura em cada veículo.

"Quem foi que inventou o Brasil?"


Por que Franklin “não serve” para a comunicação oficial? Porque ouve o que o povo canta…



22 de junho de 2015
Autor: Fernando Brito





O “exílio” de Franklin Martins, depois de suas incursões pelo obvio de dar ao Brasil uma regulamentação moderna em matéria de uso das concessões públicas de rádio e televisão, tem raízes também em algo que é inaudível para certa esquerda tecnocrática, que acha que sabe tanto sobre tudo que não precisa ouvir o que o povo anda dizendo…

E o povo diz, mesmo quando o reprimem ou o soterram por um discurso midiático monocórdio. A música popular sempre foi uma da fortes e divertidas vozes com a qual sempre falou, a favor ou contra governos e sistemas econômicos, geralmente com humor e simplicidade.

E até, pode crer, com a Guerra Fria, entre EUA e União Soviética, como na genial música de Assis Valente gravada por Carmem Miranda (e depois por Marlene – para mim, a melhor versão,veja ao fim do post -, por Leci Brandão e por Adriana Calcanhoto), “E o mundo não se acabou…”.

Hoje, Franklin lança – às 18 horas, na Livraria do Conjunto Nacional, Av. Paulista, 2073 – SP – seu livro-discoteca “Quem foi que inventou o Brasil”, sobre o qual dá excelente entrevista a Teresa Cruvinel, no 247.

Sobre a qual me permito uma pequena correção a quem editou.

Quem inventou o Brasil é uma pergunta de Lamartine Babo em seu “História do Brasil”, de 1933, à qual ele responde, na ordem: Cabral, Peri, Ceci, Ioiô (nhô, senhor) e Iaiá. Brancos, índios e negros.

O povo brasileiro inventou, inventa e inventará o Brasil, apesar da arrogância e do poder que os que se acham melhores que ele o tratam.

E não escutam.



PS. O Franklin é um sujeito tão coerente com a ideia de que não há sentido em falar sem ser ouvido que colocou tudo o que foi possível – a barreira são direitos autorais – no site quemfoiqueinventouobrasil.com

PS.2 – Na entrevista, Franklin faz referência a uma música de Juca Chaves dobre a legalidade, em 1961, em que goza Lacerda e o então Ministro do Exército pela tentativa de golpe contra João Goulart, detida por Leonel Brizola e pelo general Machado Lopes, comandante do III Exército, que pode ser ouvida aqui, no Youtube.



E o mundo não se acabou… – Marlene






E O Mundo Não Se Acabou

Anunciaram e garantiram
Que o mundo ia se acabar
Por causa disso
Minha gente lá de casa
Começou a rezar

E até disseram que o sol
Ia nascer antes da madrugada
Por causa disso nessa noite
Lá no morro
Não se fez batucada

Acreditei nessa conversa mole
Pensei que o mundo ia se acabar
E fui tratando de me despedir
E sem demora fui tratando
De aproveitar

Beijei a boca
De quem não devia
Peguei na mão
De quem não conhecia
Dancei um samba
Em traje de maiô
E o tal do mundo
Não se acabou

Anunciaram e garantiram
Que o mundo ia se acabar
Por causa disso
Minha gente lá de casa
Começou a rezar

E até disseram que o sol
Ia nascer antes da madrugada
Por causa disso nessa noite
Lá no morro
Não se fez batucada

Chamei um gajo
Com quem não me dava
E perdoei a sua ingratidão
E festejando o acontecimento
Gastei com ele mais de quinhentão

Agora eu soube
Que o gajo anda
Dizendo coisa
Que não se passou
E, vai ter barulho
E vai ter confusão
Porque o mundo não se acabou

Anunciaram e garantiram
Que o mundo ia se acabar
Por causa disso
Minha gente lá de casa
Começou a rezar

E até disseram que o sol
Ia nascer antes da madrugada
Por causa disso nessa noite
Lá no morro
Não se fez batucada

Acreditei nessa conversa mole
Pensei que o mundo ia se acabar
E fui tratando de me despedir
E sem demora fui tratando
De aproveitar

Beijei a boca
De quem não devia
Peguei na mão
De quem não conhecia
Dancei um samba
Em traje de maiô
E o tal do mundo
Não se acabou

Anunciaram e garantiram
Que o mundo ia se acabar


Composição: Assis Valente

a Petrobras financiar a Odebrecht para a Odebrechet comprar a Petrobras !


PHA oferece a
Moro uma delação​


Já ouviu falar na Petrobrecht do Fernando Henrique, Dr Moro ?



Conversa Afiada







O ansioso blogueiro ficou muito impressionado com a bomba desferida pelo Ricardo Melo, ao revelar de forma irremediável o “método” Moro de investigar, prender e condenar guantanamente.

Como em Guantánamo, os presos do Moro ficarão presos por treze anos, sem direito a julgamento.

Porque, como se sabe, ele baixou o seu próprio Ato Institucional e, com ele, submeteu o PiG e o Judiciário.

Diante dessa avassaladora hegemonia, o ansioso blogueiro resolveu delatar !

Com prêmio ou sem prêmio.

Breve, com a publicação de seu livro “Quarto Poder – o outro lado da História” (ou será o “Primeiro Poder ?), da editora Hedra, o ansioso blogueiro revelará quem lhe passou o documento que chamou de “Petrobrecht”.

Ocorreu no imaculado Governo do FHC, quando não se comprava reeleição nem, depois dele, fazendola em Buriti, MG.

Jamais de la vie !

Nos tempos virginais de FHC, o presidente da Petrobras, indicado pelo PFL de Antonio Carlos Magalhães, era o Joel Rennó.

Rennó e Emilio Odebrecht, então, como agora, comandante em chefe da Odebrecht, assinaram um contrato que resultaria no que o Jornal da Band veio a chamar de “Petrobrecht”.

Consistia, singelamente, em a Petrobras financiar a Odebrecht para a Odebrechet comprar a Petrobras !

Entendeu a secreta essência, amigo navegante ?

A Petrobras financiaria a Odebrecht e com o dinheiro obtido da Petrobras, a Odebrecht compraria a Petrobras – o todo ou uma parte importante, a área petroquímica – a que, até hoje, com a Braskem, é a mais lucrativa do grupo.

A denúncia sistemática do Jornal da Band desmontou a patranha.

Não sem antes Emilio Odebrecht procurar a Bandeirantes e ela, então, sob a liderança do vice-presidente José Roberto Maluf, resistir bravamente e dar apoio a seus dois jornalistas – o ansioso blogueiro, editor e apresentador do Jornal da Band, e seu redator chefe, Ricardo Melo.

(Corre-se aqui sério risco: o Moro mandar prender o Ricardo também, por suposto conluio…)

Como o Fernando Henrique, sob a batuta disciplinadora de Andrea Matarazzo na SECOM, praticava uma “mídia super-técnica”, a Petrobras, de pronto, cancelou o patrocínio do Jornal da Band.

O ansioso blogueiro coloca-se à inteira disposição do Dr Moro para prestar os esclarecimentos necessários.

Ou, enviar-lhe, gratuitamente, um exemplar de seu modesto livro.

(Que dispensa equivocado e suspeito prefácio, numa obra suspeita e equivocada.)



Paulo Henrique Amorim

“Evangelho da Criação”


A Carta Magna da ecologia integral: grito da Terra - grito dos pobres




Uma análise da encíclica do Papa Francisco

Leonardo Boff


Antes de qualquer comentário vale enfatizar algumas singularidades da encíclica Laudato sí do Papa Francisco.

É a primeira vez que um Papa aborda o tema da ecologia no sentido de uma ecologia integral (portanto que vai além da ambiental) de forma tão completa. Grande surpresa: elabora o tema dentro do novo paradigma ecológico, coisa que nenhum documento oficial da ONU até hoje fez. Fundamental é seu discurso com os dados mais seguros das ciências da vida e da Terra. Lê os dados afetivamente (com a inteligência sensível ou cordial), pois discerne que por detrás deles se escondem dramas humanos e muito sofrimento também por parte da mãe Terra. A situação atual é grave mas o Papa Francisco sempre encontra razões para a esperança e para a confiança de que o ser humano pode encontrar soluções viáveis. Honra os Papas que o antecederam, João Paulo II e Bento XVI, citando-os com frequência. E algo absolutamente novo: seu texto se inscreve dentro da colegialidade, pois valoriza as contribuições de dezenas de conferências episcopais do mundo inteiro que vão dos USA, da Alemanha, do Brasil, da Patagonia-Camauhe até do Paraguai. Acolhe as contribuições de outros pensadores como os católicos Pierre Teilhard de Chardin, Romano Guardini, Dante Alighieri, de seu mestre argentino Juan Carlos Scannone, do protestante, Paul Ricoeur e do muçulmano sufi Ali Al-Khawwas. Por fim, os destinatários são todos os seres humanos, pois todos são habitantes da mesma casa comum (palavra muito usada pelo Papa) e padecem das mesmas ameaças.




O Papa Francisco não escreve na qualidade de Mestre e Doutor da fé mas como um Pastor zeloso que cuida da casa comum e de todos os seres, não só dos humanos, que habitam nela.

Um elemento merece ser ressaltado, pois revela a”forma mentis”(a maneira de organizar seu pensamento) do Papa Francisco. Este é tributário da experiência pastoral e teológica das igrejas latino-americanas que à luz dos documentos do episcopado latinoamericano (CELAM) de Medellin (1968), de Puebla(1979) e de Aparecida (2007) fizeram uma opção pelos pobres contra a pobreza e em favor da libertação.

O texto e o tom da encíclica são típicos do Papa Francisco e da cultura ecológica que acumulou. Mas me dou conta de que também muitas expressões e modos de falar remetem ao que vem sendo pensado e escrito principalmente na América Latina. Os temas da “casa comum”, da “mãe Terra”, do“grito da Terra e do grito dos pobres”, do “cuidado”, da "interdependência entre todos os seres, "do valor intrínseco de cada ser", dos “pobres e vulneráveis” da “mudança de paradigma” do “ser humano como Terra” que sente, pensa, ama e venera, da “ecologia integral” entre outros, são recorrentes entre nós

A estrutura da encíclica obedece ao ritual metodológico usado por nossas igrejas e pela reflexão teológica ligada à prática de libertação, agora assumida e consagrada pelo Papa: ver, julgar, agir e celebrar.

Primeiramente, revela sua fonte de inspiração maior: São Francisco de Assis, chamado por ele de “exemplo por excelência de cuidado e de uma ecologia integral e que mostrou uma atenção especial aos pobres e abandonados”(n.10; 66).

E então começa com o ver: ”O que está acontecendo à nossa casa”(nn.17-61). Afirma o Papa :”basta olhar a realidade com sinceridade para ver que há uma deterioração de nossa casa comum”( n.61). Nesta parte incorpora os dados mais consistentes com referência às mudanças climáticas (nn.20-22), à questão da água (n.27-31), à erosão da biodiversidade (nn.32-42), à deterioração da qualidade da vida humana e à degradação da vida social (nn.43-47), denuncia a alta taxa de iniquidade planetária, afetando todos os âmbitos da vida (nn.48-52) sendo que as principais vítimas são os pobres (n. 48).

Nesta parte, traz uma frase que nos remete à reflexão feita na América Latina:”Hoje não podemos desconhecer que uma verdadeira abordagem ecológica sempre se torna uma abordagem social que deve integrar a justiça nas discussões sobre o ambiente para escutar tanto o grito da Tera quanto o grito dos pobres”(n.49). Logo a seguir acrescenta:”gemidos da irmã Terra se unem aos gemidos dos abandonados deste mundo”(n.53). Isso é absolutamente coerente, pois logo no início diz que “nós somos Terra”(n. 2; cf. Gn 2,7), bem na linha do grande cantor e poeta indígena argentino Athaulpa Yupanqui:”o ser humano é Terra que caminha, que sente, que pensa e que ama”.

Condena a proposta de internacionalização da Amazônia que “apenas serviria aos interesses da multinacionais”(n.38). Há uma afirmação de grande vigor ético:”é gravíssima iniquidade obter importantes benefícios fazendo pagar o resto da humanidade, presente e futura, os altíssimos custos da degradação ambiental”(n.36).

Com tristeza reconhece:”nunca temos ofendido nossa casa comum como nos últimos dois séculos”(n.53). Face a esta ofensiva humana contra a mãe Terra que muitos cientistas denunciaram como a inauguração de uma nova era geológica -o antropoceno – lamenta a debilidade dos poderes deste mundo que, iludidos, “pensam que tudo pode continuar como está”como álibi para “manter seus hábitos autodestrutivos” (n.59) com “um comportamento que parece suicida”(n.55).

Prudente, reconhece a diversidade das opiniões (nn.60-61) e que “não há uma única via de solução”(n.60). Mesmo assim “é certo que o sistema mundial é insustentável sob vários pontos de vista porque deixamos de pensar os fins do agir humano”(n.61) e nos perdemos na construção de meios destinados à acumulação ilimitada á custa da injustiça ecológica (degradação dos ecossistemas) e da injustiça social (empobrecimento das populações). A humanidade simplesmente “defraudou a esperança divina”(n.61).

O desafio urgente, então, consiste em “proteger nossa casa comum”(n.13); e para isso precisamos, citando ao Papa João Paulo II : “de uma conversão ecológica global”(n.5); “uma cultura do cuidado que impregne toda a sociedade”(n.231).

Realizada dimensão do ver, se impõe agora a dimensão do julgar. Esse julgar é realizado por duas vertentes, uma científica e outra teológica.

Vejamos a científica. A encíclica dedica todo o terceiro capítulo na análise “da raiz humana da crise ecológica”(nn.101-136). Aqui o Papa se propõe analisar a tecnociência, sem preconceitos, acolhendo o que ela trouxe de“coisas preciosas para melhorar a qualidade de vida do ser humano”(n. 103). Mas este não é o problema. Ela se independizou, submeteu a economia, a política e a natureza em vista da acumulação de bens materiais (cf.n.109). Ela parte de um pressuposto equivocado que é a “disponibilidade infinita dos bens do planeta”(n.106), quando sabemos que já encostamos nos limites físicos da Terra e grande parte dos bens e serviços não são renováveis. A tecnociência se tornou tecnocracia, uma verdadeira ditadura com sua lógica férrea de domínio sobre tudo e sobre todos (n.108).

A grande ilusão, hoje dominante, reside na crença de que com a tecnociência se podem resolver todos os problemas ecológicos. Essa é uma diligência enganosa porque “implica isolar as coisas que estão sempre conexas”(n.111). Na verdade, “tudo é relacionado”(n.117) “tudo está em relação”(n.120), uma afirmação que perpassa todo o texto da encíclica como um ritornelo, pois é um conceito-chave do novo paradigma contemporâneo. O grande limite da tecnocracia está no fato de “fragmentar os saberes e perder o sentido de totalidade (n.110)“. O pior é “não reconhecer o valor intrínseco de cada ser e até negar um peculiar valor do ser humano”(n.118).

O valor intrínseco de cada ser, por minúsculo que seja, é permanentemente enfatizado pela encíclica (n.69) , como o faz a Carta da Terra. Negando esse valor intrínseco estamos impedindo que “cada ser comunique a sua mensagem e dê glória a Deus”(n.33).

O desvio maior produzido pela tecnocracia é o antropocentrismo moderno. Seu pressuposto ilusório é que as coisas apenas possuem valor na medida em que se ordenam ao uso humano, esquecendo que sua existência vale por si mesmo (n.33). Se é verdade que tudo está em relação, então,”nós seres humanos somos unidos como irmãos e irmãs e nos unimos com terno afeto ao irmão sol, à irmã lua, ao irmão rio e à mãe Terra”(n.92). Como podemos pretender dominá-los e vê-los na ótica estreita da dominação por parte do ser humano?

Todas estas “virtudes ecológicas”(n.88) são perdidas pela vontade de poder como dominação dos outros e da natureza. Vivemos uma angustiante “perda do sentido da vida e da vontade de viver juntos”(n.110). Cita algumas vezes o teólogo ítalo-alemão Romano Guardini (1885-1968), um dos mais lidos nos meados do século passado e que escreveu um livro critico contra as pretensões da modernidade(n.83: Das Ende der Neuzeit, 1959)

A outra vertente do julgar é de cunho teológico. A encíclica reserva um bom espaço ao “Evangelho da Criação”(nn. 62-100). Parte justificando a contribuição das religiões e do cristianismo, pois sendo a crise global, cada instância deve, com o seu capital religioso, contribuir para o cuidado da Terra (n.62). Não insiste nas doutrinas mas na sabedoria presente nos vários caminhos espirituais. O cristianismo prefere falar de criação ao invés de natureza, pois “criação tem a ver com um projeto de amor de Deus”(n.76). Cita, mais de uma vez, um belo texto do livro da Sabedoria (21,24) onde aparece claro que “a criação é da ordem do amor”(n.77) e que Deus emerge como “o Senhor amante da vida”(Sab 11,26).

O texto se abre para uma visão evolucionista do universo, sem usar a palavra, mas fazendo um circunlóquio, referindo-se ao universo “composto por sistemas abertos que entram em comunhão uns com os outros”(n.79). Utiliza os principais textos que ligam Cristo encarnado e ressuscitado com o mundo e com todo o universo, tornando sagrada a matéria e toda a Terra (n.83) É neste contexto que cita P.Teihard de Chardin (1881-1955, n. 83 nota 53) como precursor desta visão cósmica.

O fato de o Deus-Trindade ser relação de divinas Pessoas tem como consequência que todas as coisas em relação sejam ressonâncias da Trindade divina (n.240).

Citando o Patriarca Ecumênico Bartolomeu da Igreja ortodoxa “reconhece que os pecados contra a criação são pecados contra Deus”(n.7). Daí a urgência de uma conversão ecológica coletiva que refaça a harmonia perdida.

A encíclica conclui esta parte, acertadamente:”a análise mostrou a necessidade de uma mudança de rumo….devemos sair da espiral de autodestruição em que nos estamos afundando”(n.163). Não se trata de uma reforma, mas, citando a Carta da Terra, de buscar “um novo começo”(n.207). A interdependência de todos com todos nos leva a pensar “num só mundo com um projeto comum”(n.164).

Já que a realidade apresenta múltiplos aspectos, todos intimamente relacionados, o Papa Francisco propõe uma “ecologia integral” que vai além da costumeira ecologia ambiental (n.137). Ela recobre todos os campos, o ambiental, o econômico, o social, o cultural, o espiritual e também a vida cotidiana(n. 147-148). Nunca esquece os pobres que testemunham também sua forma de ecologia humana e social, vivendo laços de pertença e de solidariedade de uns para com os outros (n.149).

O terceiro passo metodológico é o agir. Nesta parte, a encíclica se atém aos grandes temas da política internacional, nacional e local (nn.164-181). Sublinha a interdependência do social e do educacional com o ecológico e constata lamentavelmente os constrangimentos que o predomínio da tecnocracia traz, dificultando mudanças que refreiam a voracidade da acumulação e do consumo e que podem inaugurar o novo (n.141). Retoma o tema da economia e da política que devem servir ao bem comum e criar as condições de uma plenitude humana possível (n.189-198). Volta a insistir no diálogo entre a ciência e a religião, como vem sendo sugerido pelo grande biólogo Edward O.Wilson (cf. o livro A criação :como salvar a vida na Terra, 2008). Todas as religiões “devem buscar o cuidado da natureza e a defesa dos pobres”(n.201)

Ainda no aspecto do agir desafia a educação no sentido de criar a “cidadania ecológica”(n.211) e um novo estilo de vida, assentado sobre o cuidado, a compaixão, a sobriedade compartida, a aliança entre humanidade e o ambiente, pois ambos estão umbilicalmente ligados e a corresponsabilidade por tudo o que existe e vive e pelo nosso destino comum (nn.203-208).

Por fim, o momento do celebrar. A celebração se realiza num contexto de “conversão ecológica”(n.216) que implica uma “espiritualidade ecológica”(n.216). Esta se deriva não tanto das doutrinas teológicas mas das motivações que a fé suscita para cuidar da casa comum e “alimentar uma paixão pelo cuidado do mundo”(216). Tal vivência é antes uma mística que mobiliza as pessoas a viverem o equilíbrio ecológico, “aquele interior consigo mesmo, aquele solidário com os outros, aquele natural com todos os seres vivos e aquele espiritual com Deus”(n.210). Aí aparece como verdadeiro que “o menos é mais” e que podemos ser felizes com o pouco.

No sentido de celebração “o mundo é mais que uma coisa a se resolver, é um mistério grandioso para ser contemplado na alegria e no louvor”(n.12).

O espírito terno e fraterno de São Francisco de Assis perpassa todo o texto da encíclica Laudato sí. A situação atual não significa uma tragédia anunciada, mas um desafio para cuidarmos da casa comum e uns dos outros. Há no texto leveza, poesia e alegria no Espírito e inabalável esperança de que se grande é a ameaça, maior ainda é a oportunidade de solução de nossos problemas ecológicos.

Termina, poeticamente com as palavras “Para além do sol”, dizendo: “caminhemos cantando. Que nossas lutas e nossas preocupações por esse planeta não nos tirem a alegria da esperança”(n.244).

Apraz-me terminar com as palavras finais da Carta da Terra que o próprio Papa cita (n.207):”Que o nosso tempo seja lembrado pelo despertar de uma nova reverência face à vida, pelo compromisso firme de alcançar a sustentabilidade e pela intensificação no compromisso pela justiça e pela paz e pela alegre celebração da vida”.

* teólogo e ecólogo

Por que a encíclica é especial?


Encíclica do papa traz ecos da América Latina, diz Leonardo Boff





por Deutsche Welle — publicado 19/06/2015 03h37


O teólogo Leonardo Boff comenta a encíclica "verde" escrita pelo papa Francisco. Brasileiro destaca que documento é inspirado em teólogos latino-americanos que ficaram ao lado dos pobres




The Official Government News Portal Of Sri Lanka

Papa pede ação rápida para salvar planeta e critica consumismo em encíclica


Leia também:



A pobreza e a degradação ambiental são dois lados da mesma moeda. Esta é a certeza que permeia a encíclica "verde" do papa Francisco. Nela, também estiveram envolvidas, direta ou indiretamente, duas personalidades influentes na América Latina: o austríaco Erwin Kräutler, bispo da Prelazia do Xingu, e o teólogo brasileiro Leonardo Boff. Em artigo escrito com exclusividade para a Deutsche Welle, Boff responde às principais questões sobre a encíclica ecológica.



Por que a encíclica é especial

É a primeira vez que um papa aborda o tema da ecologia no sentido de uma ecologia integral (que vai além, portanto, da ambiental) de forma tão completa. Grande surpresa: elabora o tema dentro do novo paradigma ecológico, coisa que nenhum documento oficial da ONU até hoje fez. Fundamental é seu discurso com os dados mais seguros das ciências da vida e da Terra. Lê os dados afetivamente (com a inteligência sensível ou cordial), pois discerne que, por trás deles, se escondem dramas humanos e muito sofrimento também por parte da mãe Terra.



Influência da América Latina

O papa Francisco não escreve na qualidade de mestre e doutor da fé, mas como um pastor zeloso, que cuida da casa comum e de todos os seres, não só dos humanos, que moram nela.

Um elemento merece ser ressaltado, pois revela a "forma mentis" (a maneira de organizar o pensamento) do papa Francisco. Este é tributário da experiência pastoral e teológica das igrejas latino-americanas que, à luz dos documentos do episcopado latino-americano (CELAM) de Medellin (1968), de Puebla (1979) e de Aparecida (2007), fizeram uma opção pelos pobres, contra a pobreza e em favor da libertação.

O texto e o tom da encíclica são típicos do papa Francisco e da cultura ecológica que acumulou. Mas me dou conta de que também muitas expressões e modos de falar remetem ao que vem sendo pensado e escrito principalmente na América Latina. Os temas da "casa comum", da "mãe Terra", do "grito da Terra e do grito dos pobres", do "cuidado", da interdependência entre todos os seres, dos "pobres e vulneráveis" da "mudança de paradigma" do "ser humano como Terra" que sente, pensa, ama e venera, da "ecologia integral" entre outros, são recorrentes entre nós

A estrutura da encíclica obedece ao ritual metodológico usado por nossas igrejas e pela reflexão teológica ligada à prática de libertação, agora assumida e consagrada pelo papa: ver, julgar, agir e celebrar.

Primeiramente, revela sua fonte de inspiração maior: São Francisco de Assis, chamado por ele de "exemplo por excelência de cuidado e de uma ecologia integral e que mostrou uma atenção especial aos pobres e abandonados".




Meio ambiente e pobreza

O papa incorpora os dados mais consistentes com referência às mudanças climáticas, à questão da água, à erosão da biodiversidade, à deteriorização da qualidade da vida humana e à degradação da vida social, denuncia a alta taxa de iniquidade planetária, afetando todos os âmbitos da vida, sendo que as principais vítimas são os pobres.

Nesta parte, traz uma frase que nos remete à reflexão feita na América Latina: "hoje não podemos desconhecer que uma verdadeira abordagem ecológica sempre se torna uma abordagem social que deve integrar a justiça nas discussões sobre o ambiente para escutar tanto o grito da Terra quanto o grito dos pobres". Logo a seguir acrescenta: "gemidos da irmã Terra se unem aos gemidos dos abandonados deste mundo". Isso é absolutamente coerente, pois logo no início diz que "nós somos Terra", bem na linha do grande cantor e poeta indígena argentino Atahualpa Yupanqui: "o ser humano é Terra que caminha, que sente, que pensa e que ama".

Condena a proposta de internacionalização da Amazônia que "apenas serviria aos interesses das multinacionais". Há uma afirmação de grande vigor ético: "é gravíssima iniquidade obter importantes benefícios fazendo pagar o resto da humanidade, presente e futura, os altíssimos custos da degradação ambiental"(n.36).

Com tristeza reconhece: "nunca temos ofendido nossa casa comum como nos últimos dois séculos". Face a esta ofensiva humana contra a mãe Terra, que muitos cientistas denunciaram como a inauguração de uma nova era geológica – o antropoceno – lamenta a debilidade dos poderes deste mundo que, iludidos, "pensam que tudo pode continuar como está" como álibi para "manter seus hábitos autodestrutivos", com "um comportamento que parece suicida".



O papel de cientistas e estudiosos do clima

Prudente, o papa reconhece a diversidade das opiniões e que "não há uma única via de solução". A encíclia dedica todo o terceiro capítulo à análise "da raíz humana da crise ecológica". Aqui o papa se propõe a analisar a tecnociência, sem preconceitos, acolhendo o que ela trouxe de "coisas preciosas para melhorar a qualidade de vida do ser humano".

A tecnociência se tornou tecnocracia, uma verdadeira ditadura com sua lógica férrea de domínio sobre tudo e sobre todos. A grande ilusão, hoje dominante, reside na crença de que com a tecnociência se podem resolver todos os problemas ecológicos. Essa é uma diligência enganosa porque "implica isolar as coisas que estão sempre conexas". Na verdade, "tudo é relacionado", "tudo está em relação", uma afirmação que perpassa todo o texto da encíclica como um ritornelo, pois é um conceito-chave do novo paradigma contemporâneo. O grande limite da tecnocracia está no fato de "fragmentar os saberes e perder o sentido de totalidade". O pior é "não reconhecer o valor intrínseco de cada ser e até negar um peculiar valor do ser humano".

Papa Francisco propõe uma "ecologia integral" que vai além da costumeira ecologia ambiental. O espírito terno e fraterno de São Francisco de Assis perpassa todo o texto da encíclica Laudato sí. A situação atual não significa uma tragédia anunciada, mas um desafio para cuidarmos da casa comum e uns dos outros. Há no texto leveza, poesia e alegria no Espírito e inabalável esperança de que se grande é a ameaça, maior ainda é a oportunidade de solução de nossos problemas ecológicos.

domingo, 21 de junho de 2015

Isso no Brasil não existe, ninguém se preocupa em falir por ter ficado doente


‘Brasileiros devem se sentir extremamente orgulhosos do SUS’, diz americano usuário do sistema






Dylan Stillwood, que operou o maxilar em um hospital público do Sistema Único de Saúde, afirmou que a mesma cirurgia o levaria à falência se fosse realizada nos Estados Unidos



por Portal Planalto
Publicado: 19/06/2015 16h13





Dylan Stillwood contou sua experiência com o SUS na perfil do The New England Journal of Medicine


Ministério da Saúde triplica média anual de incorporação de novos procedimentos ao SUS


O programador de computadores americano Dylan Stillwood, de 34 anos, mora no Brasil há quatro anos e, em junho de 2012, precisou ser submetido a uma cirurgia no maxilar em um hospital do Serviço Único de Saúde (SUS). Na ocasião, ele visitava o município de Caruaru, em Pernambuco, para conhecer os tradicionais festejos juninos da região.

"Eu precisei operar meu maxilar, e passei oito dias no hospital. Foi o meu maior encontro com o SUS. Eu fiquei muito impressionado com o fato de que o Brasil tem saúde pública de graça, que é uma coisa que não existe nos Estados Unidos. E o fato de que essa garantia é um direito constitucional, considerada dever do Estado, e um direito do cidadão", contou Dylan em entrevista exclusiva ao Portal Planalto.

Dylan procurou o Hospital Regional do Agreste e foi prontamente atendido e hospitalizado. Recebeu medicação e, posteriormente, foi operado. “Após sair do hospital, ainda fiquei mais uma semana na cidade para esperar uma consulta final e a liberação do médico”, lembra.

Este mês, Dylan leu um artigo dos pesquisadores James Macinko e Matthew Harris, publicado no The New England Journal of Medicine, uma das mais importantes publicações científicas em todo o mundo na área de medicina, sobre a atenção básica no Brasil e a Estratégia de Saúde da Família. Macinko e Harris, ambos professores de universidades americanas, viveram no Brasil e trabalharam no SUS. Segundo eles, o Saúde da Família é um "poderoso modelo de provimento de cuidados de saúde".

Dylan leu o texto na página do Facebook do veículo americano e contou a experiência que viveu ao ser atendido no SUS. Na ocasião, ele escreveu na rede social: "Os brasileiros devem exigir sempre melhores condições de saúde pública, mas também devem se sentir extremamente orgulhosos do SUS, uma conquista enorme que poucos países no mundo alcançaram".



Cartão do SUS

Segundo Dylan, que vive hoje em São Paulo (SP), o momento de mais orgulho desde que veio ao Brasil foi o dia em que recebeu seu Cartão Nacional de Saúde. "A operação que foi realizada de graça pelo SUS me levaria à falência nos Estados Unidos. Não entendo porque muitos brasileiros acham estranho um americano ficar com orgulho quando tirou um cartão do SUS", contou.

Ele afirmou que viu os defeitos do sistema, e que sabe que existe muita coisa a se melhorar. "Na experiência que tive, vi que os hospitais são menos modernos que os americanos. Mas, por outro lado, mesmo no interior do Nordeste, em uma região que tem muita pobreza, com muitas pessoas sem condições de pagar um plano de saúde, ninguém se preocupa em falir por ter ficado doente. E isso é uma preocupação muito grande nos Estados Unidos. Pessoas que trabalham, mas morrem de medo de ficar doentes porque não tem dinheiro, não têm poupança para pagar centenas de milhares de dólares em contas médicas. Isso no Brasil não existe", afirmou.

"Os brasileiros devem exigir sempre melhores condições de saúde pública, mas também devem se sentir extremamente orgulhosos do SUS, uma conquista enorme que poucos países no mundo alcançaram", finaliza.




Taxa de satisfação do usuário


Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde, realizada pelo Ministério da Saúde em parceria com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e divulgada no último dia 3 de junho, 82,6% das pessoas que se internaram em hospitais públicos, por 24 horas ou mais, avaliaram o atendimento recebido como bom ou muito bom.

O levantamento também apontou que 64,4% das pessoas atendidas pelas equipes de saúde receberam prescrição de medicamento, sendo que 82,5% delas tiveram acesso a todos as medicações e 92,4% obtiveram pelo menos uma.

A Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) foi feita em 64 mil domicílios de 1.600 municípios do País, entre agosto de 2013 e fevereiro de 2014. O estudo é considerado o mais completo de saúde do Brasil e traz dados inéditos sobre vários aspectos, entre eles, acidente no trânsito, acesso aos serviços de saúde (atendimento e medicamentos) e violência.



Gratuidade


Os serviços públicos de saúde no Brasil são gratuitos, e de acordo com a Lei Nº 6.815, de 19 de agosto de 1980, "o estrangeiro residente no Brasil goza de todos os direitos reconhecidos aos brasileiros, nos termos da Constituição e das leis". O estrangeiro que precise de cuidados médicos pode procurar atendimento na rede de atenção básica e urgências do Sistema Único de Saúde (SUS).

Fonte:
Portal Planalto, com informações do Ministério da Saúde e Blog da Saúde

Já tenho Papa

A encíclica verde






Em homenagem a São Francisco de Assis, o papa Francisco lançou uma encíclica holística, "Louvado seja”, na qual associa degradação ambiental e aumento da pobreza mundial. O texto constitui um apelo urgente para a humanidade sair da "espiral da autodestruição”.

O chefe da Igreja Católica condena o atual modelo de desenvolvimento focado no consumismo e na obtenção do lucro imediato. Denuncia "a incoerência de quem luta contra o tráfico de animais em risco de extinção, mas fica completamente indiferente perante o tráfico de pessoas, desinteressa-se dos pobres ou procura destruir outro ser humano do qual não gosta.”




Salvar o Planeta é salvar os pobres, clama Francisco. Eles são as principais vítimas da sequelas deixadas por invasões de terras indígenas, destruição de florestas, contaminação de rios e mares, uso abusivo de agrotóxicos e de energia fóssil.

O texto resgata a interação bíblica entre o ser humano e a natureza e faz mea-culpa quanto ao modo de a Igreja interpretar o mandato divino de "dominar” a Terra. Também amplia o significado de "Não matarás”: "Uns 20% da população mundial consomem recursos em uma medida tal que roubam às nações pobres e às gerações futuras aquilo de que necessitam para sobreviver.”

Não há desenvolvimento social e avanço científico positivos, alerta o papa, sem o respaldo da ética e a centralidade do bem comum em tudo que se pesquisa e planeja.

O combate à idolatria do mercado é enfático, ao frisar que a fome e a miséria não acabarão "simplesmente com o crescimento do mercado. O mercado, por si mesmo, não garante o desenvolvimento humano integral nem a inclusão social.”

Além de criticar como inócuas todas as importantes reuniões de cúpula sobre a questão ambiental, pois os bons propósitos não saem do papel, Francisco amplia o conceito de ecologia ao destacar a "ecologia integral”, a "ecologia cultural” e a "ecologia da vida cotidiana”.

Nenhuma outra encíclica contém tanta poesia. Francisco frisa que "todo o Universo material é uma linguagem do amor de Deus. O solo, a água, as montanhas: tudo é carícia de Deus.” E, pela primeira vez, uma encíclica valoriza a contribuição da obra de Teilhard de Chardin, censurado por Roma em toda primeira metade do século passado.




Frei Betto é escritor, autor de "A arte de semear estrelas” (Rocco), entre outros livros. http://www.freibetto.org/> twitter:@freibetto.

sábado, 20 de junho de 2015

A mídia brasileira não consegue mais falar a verdade


A nota do Itamaraty sobre a patetada de Aécio


O Cafezinho







A nota do Itamaraty sobre a patetada de Aécio

19 junho 2015
Miguel do Rosário


Alguns amigos se irritaram com a nota do Itamaraty, que reproduzo abaixo, mas eu a achei excelente.

Acontece que é, naturalmente, diplomática…

O Itamaraty não pode humilhar uma comitiva de senadores mostrando a dura verdade: eles se portaram como palhaços. O objetivo do Itamaraty é apaziguar os ânimos.

Entretanto, observe que a mídia brasileira, desesperada para reverter o mico gigante dos senadores patetas, continua mentindo e manipulando como se não houvesse amanhã.

Virou uma imprensa venezuelana de terceira categoria.

Os jornais pinçam a palavra “inaceitáveis”, numa frase que menciona, de maneira genérica, atos hostis de manifestantes, para passar a impressão de que o governo ou o Itamaraty compraram as mentiras de Aécio.

Não compraram.

Membros da delegação brasileira falaram com o assessor para assuntos internacionais da presidenta, Marco Aurelio Garcia, e ele já sabe que foi um factoide de Aecio e seus patetas.

Dilma também já sacou, tanto que não caiu (graças a Deus!) na armadilha da mídia e do PSDB.

A preocupação do governo brasileiro agora é lidar com sua incapacidade crônica de lidar com mais um golpe midiático.

Boa hora para vir à Venezuela e aprender.

Ainda bem que o governo venezuelano pensou à frente e, sabendo que viriam por aí um monte de factoides, convidou uma delegação para fazer o contraponto. Senão, dependeríamos exclusivamente da versão da grande mídia, que iria impor, sem contrapontos, suas mentiras.

O Fernando Brito, do Tijolaço, fez o trabalho que nenhum jornal fez. Entrou em sites de notícia da Venezuela, para confirmar que uma carreta, de fato, virou na estrada que liga o aeroporto à Caracas.

Isso acontece com frequência, infelizmente. É um país latino-americano, sem grandes infra-estruturas. Essa estrada liga também o porto à capital, e por isso tem tráfico pesado de caminhões de carga.

A notícia foi publicada no jornal Universal, privado e de oposição:







O deputado do PT João Daniel (PT-SE) é a prova viva da mentirada de Aécio.

Ele chegou à mesma hora da comitiva de senadores, pegou o engarrafamento, que bloqueou o trânsito por várias horas, mas decidiu pegar uma via alternativa, como fazem todos os venezuelanos quando isso acontece. Há dois outros caminhos que ligam o aeroporto à Caracas.

Encontramos o deputado no restaurante do hotel, ontem à noite. Se ele chegou todo mundo poderia chegar.





A comitiva de patetas não foi convidada ao país. É uma visita “não-solicitada”. Mesmo assim, o governo autorizou a vinda dos senadores e viu o episódio como oportunidade para desmistificar algumas mentiras midiáticas sobre a prisão de Leopoldo Lopez e, sobretudo, sobre a democracia venezuelana.

O vôo da FAB, em avião militar, com os senadores, foi autorizado. Aliás, a história começou com aquele factoide do Globo e PSDB, vendendo a versão de que o governo venezuelano não havia autorizado a viagem. Era mentira. O governo sempre teve a intenção de autorizar, tanto é que autorizou.

Aécio, ao que parece, não está acostumado com engarrafamentos, porque só anda de jatinho particular.

O governo da Venezuela está um pouco perplexo com o nível de amadorismo político dos senadores brasileiros. Nem os políticos ou partidos da oposição real ao governo foram contatados.

Fontes do governo me disseram que os senadores poderiam perfeitamente ter se articulado com alguma seção da Assembléia Nacional, onde a oposição tivesse espaço, para dar um toque oficial a sua viagem.

A Justiça venezuelana não foi contatada, a oposição não foi contatada. Nenhuma organização de direitos humanos foi contatada.

Se tivesse um mínimo de honestidade e compromisso com a verdade, pediriam entrevistas com setores do governo e com as famílias das vítimas mortas pelas “guarimbas”, as manifestações violentas patrocinadas por Leopoldo Lopez, líder da estratégia chamada “La Salida”, que consistia em tentar derrubar o presidente Maduro, legitimamente eleito em 2012, de “qualquer jeito”. Aliás, isso vale para a imprensa brasileira também. Não vão entrevistar as famílias da vítimas de Leopoldo Lopez? Não vão mostrar quem é Leopoldo Lopez?

Aécio caiu na armadilha dos radicais dos radicais do país.

Eles vieram quase que clandestinamente, numa viagem irresponsável bancada com dinheiro público.

Só não culpo o ministro da Defesa, Jacques Wagner, porque entendo que ele atendeu um pedido do próprio presidente do Senado, Renan Calheiros, que a esta hora deve estar arrependido de ter patrocinado um vexame internacional como esse.

Agora, temos de fato um problema aqui.

Um problema epistemológico sério. A mídia brasileira não consegue mais falar a verdade. Não mostrou, por exemplo, o caminhão virado na pista, motivo do engarrafamento que dificultou e, por fim, impediu que Aécio prosseguisse viagem.

E quando diz a verdade, torce-a tanto que esta se torna irreconhecível, como fez com a nota do Itamaraty, transformando um texto diplomático, que tenta jogar água fria nos ânimos, numa manifestação de indignação do governo.

A reação de Renan, indo à tribuna do senado, para fazer um discurso condenando manifestações violentas, soou incrivelmente irônico em nossos ouvidos. De uma ironia triste, contudo, porque inflada com mentiras.

Excelentíssimo senador Renan Calheiros! A comitiva de patetas veio à Venezuela visitar um bandido que patrocinou manifestações violentíssimas que resultaram na morte de 43 pessoas, outras centenas de feridos, e mais a destruição de patrimônio público.

O bandido Leopoldo Lopez, como já mostrei num post anterior, é tudo, menos democrático. Ele é signatário do decreto do golpe de 2002, que chocou o mundo por seu conteúdo absolutamente fascista.

Esse decreto, como já disse em post anterior, dissolveu todas as instituições democráticas do país: ministério público, tribunal eleitoral, congresso, supremo tribunal de justiça, defensoria do povo, procuradoria geral da república.

Esse é o homem que Aécio veio visitar, e que a nossa imprensa chama de “preso político”.

Entretanto, o governo da Venezuela não tentou bloquear o acesso dos senadores à prisão onde está Leopoldo. O governo não inventou a capotagem de uma carreta na estrada Caracas-La Guaira.

E os manifestantes, eram pouco mais de meia dúzia. Aécio Neves queria o quê? Que o governo reprimisse os manifestantes como fazem os tucanos em São Paulo e Paraná?

Ora, mas os senadores não vieram para cá justamente para acusar o país de reprimir a democracia?

O presidente Maduro, recentemente, fez uma série de chamamentos aos venezuelanos para que se interessassem mais por política, e fizessem reuniões, por toda a parte, para discutir a situação.

É exatamente o contrário do que fazem ditaduras, que proíbem associações de mais de três pessoas, porque não se pode controlar o que se discute livremente.

A democracia venezuelana é muito mais profunda e radical do que a nossa.

Que país autorizaria a entrada de um avião militar, cheio de senadores, dispostos a visitar um político de oposição preso por incitar e organizar manifestações violentas contra o governo?

Se os deputados venezuelanos quiserem visitar, com grande pompa midiática, políticos brasileiros em prisão domiciliar, e que também se consideram “presos políticos”, como Dirceu e Genoíno, o que dirá o Judiciário e a imprensa?

Lamentavelmente, Aécio e seus patetas, em associação com a mídia, em especial com a TV Globo, hoje convertida num órgão ao estilo “oposição venezuelana”, sem nenhuma preocupação com os fatos, passaram a vender a versão, totalmente exagerada, de que foram “agredidos”.

Ué, ministros do PT são agredidos em restaurantes de São Paulo e a imprensa brasileira trata o fato com quase euforia, sempre classificando esses atos como democráticos.

Um punhado de senadores reaças vem à Venezuela visitar um crápula sem nenhuma popularidade no país, pertencente a um partido que não possui um mísero representante na assembléia legislativa, e querem criminalizar a manifestação de meia dúzia de chavistas? Se é que eram chavistas mesmos, porque nem isso ainda está esclarecido.

De qualquer forma, não foi nada organizado pelo PSUV ou pelo governo venezuelano. A região do aeroporto, contudo, é fortemente chavista, e pode ser que os populares, vendo a quantidade de jornalistas e tendo acompanhado as notícias sobre a vinda dos parlamentares pela imprensa, tenham mesmo ido lá protestar espontaneamente.

E aqui entre nós: se foi isso, lhes dou inteira razão. Aécio não tinha nada que fazer na Venezuela, sobretudo não numa missão indiana jones, organizada de maneira unilateral, demonstrando um inacreditável desrespeito às instituições democráticas venezuelanas. Não respeitou a justiça do país. Não respeitou o ministério público do país. Não respeitou o poder legislativo. Não respeitou o Executivo. Não foram agendados encontros com nenhum representante das forças democráticas que governam o país. Nem sequer com a oposição organizada no parlamento!

E não teve “pedrada” nenhuma. Não teve agressão nenhuma. Os manifestantes deram tapinhas na parte externa da lataria do micro ônibus e entoaram refrões políticos em favor de Chávez. As imagens e vídeos mostram.

Acompanhamos por aqui a movimentação midiática e parlamentar no Brasil. Ao fim da noite, percebemos o golpe sujo que mídia & oposição deram, em especial na Câmara Federal: a base aliada terminava uma votação importante para o governo, que a oposição passou a tentar obstruir acenando com a “agressão” aos senadores. Foi nesse clima emocional de defesa corporativa de parlamentares supostamente agredidos, numa atmosfera envenenada pela desinformação (e aí entra a mídia, claro) que a oposição arrancou das bancadas uma moção de repúdio. A base aliada aderiu à moção como tentativa de fazer o jogo parlamentar e aprovar o que se discutia na casa.

Mas foi errado, naturalmente, do ponto-de-vista da política com P maiúsculo, dos princípios, mas esperar o quê de uma Câmara que apenas se informa via uma mídia tradicional que aderiu a uma espécie de jihadismo informacional, abandonando todos os escrúpulos jornalísticos em prol de seus interesses políticos?

***

Abaixo, a nota do Ministério das Relações Exteriores

O Governo brasileiro lamenta os incidentes que afetaram a visita à Venezuela da Comissão Externa do Senado e prejudicaram o cumprimento da programação prevista naquele país. São inaceitáveis atos hostis de manifestantes contra parlamentares brasileiros.

O Governo brasileiro cedeu aeronave da FAB para o transporte dos Senadores e prestou apoio à missão precursora do Senado enviada na véspera a Caracas.

Por intermédio da Embaixada do Brasil, o Governo brasileiro solicitou e recebeu do Governo venezuelano a garantia de custódia policial para a delegação durante sua estada no país, o que foi feito.

O Embaixador do Brasil na Venezuela recebeu a Comissão na sua chegada ao aeroporto de Maiquetía, onde os Senadores e demais integrantes da delegação embarcaram em veículo proporcionado pela Embaixada, enquanto o Embaixador seguiu em seu próprio automóvel de retorno à Embaixada.

Ambos os veículos ficaram retidos no caminho devido a um grande congestionamento, segundo informações ocasionado pela transferência a Caracas, no mesmo momento, de cidadão venezuelano extraditado pelo Governo colombiano.

O incidente foi seguido pelo Itamaraty por intermédio do Embaixador do Brasil, que todo o tempo se manteve em contato telefônico com os Senadores, retornou ao aeroporto e os despediu na partida de Caracas.

À luz das tradicionais relações de amizade entre os dois países, o Governo brasileiro solicitará ao Governo venezuelano, pelos canais diplomáticos, os devidos esclarecimentos sobre o ocorrido.

Está no jornal, acessível a qualquer um pela internet!


A gandola chavista que fez um vuelco e parou a Marcha dos Patetas em Caracas


Tijolaço


18 de junho de 2015
Autor: Fernando Brito






Sensacional!

Descobrimos que foi o “comando chavista” que bloqueou a passagem da “comitiva libertadora” liderada por Aécio Neves!

Chama-se gandola!

Sabem o que é? É carreta, no espanhol que se fala por lá. Ganhou este nome como corruptela (calma, coxinhas, não é corrupção) de gôndola, porque os empresários de transporte na Venezuela eram italianos.

Pois a gandola chavista, fez um vuelco – isto é, capotou, exatamente às 6:30 horas de Caracas – que tem duas horas e meia de fuso a mais que Brasília- ou às 9 horas do Brasil, interrompendo trânsito de veículos entre Caracas e La Guaira, que fica próxima ao Aeroporto de Maiquetía.

Está no jornal, acessível a qualquer um pela internet!

Aliás é bom ler lá, porque senão vão achar jeito de me processar por insinuações, já que a carga da gandola era farinha.

Foram três horas de interdição, até às meio-dia do Brasil (9:30 de Caracas). E, depois disso, os reflexos no trânsito, claro.

Bem na hora que a turma do Aécio chegava e denunciava o “engarrafamento ditatorial”.

E a Folha noticiando que um policial “confessou” que o engarrafamento era uma sabotagem.

Será que quando acontece um acidente no Rio ou em São Paulo e o trânsito para é sabotagem?

Não estou dizendo que o repórter mentiu, porque em qualquer parte do mundo policial anônimo conta muita mentira nestas horas. E não é difícil ter policial por lá querendo da uma mãozinha anti-Maduro, como aqui dariam contra Dilma.

Mas que não apurou coisa alguma, lá isso foi. Coloquei até o mapa de onde fica La Guaira, bem no caminho da auto-estrada que vai ao aeroporto de Maiquetía.

Aliás, quem já foi a Caracas sabe que esta estrada passa num vale estreito, o que é, aliás, a razão de a cidade não ser, apesar de próxima, localizada na costa: é que Caracas era uma fortificação natural, pela dificuldade de acesso.

E tem mais: boa parte dela é cercada por barrios – nome das favelas por lá – onde o chavismo é forte, muito forte, fortíssimo.

Mas agora descobrimos, afinal: é a gandola o que cortou o “barato” do Aecinho.

Ainda mais gandola com vuelco, arma secreta dos esquadrões bolivarianos.

Este Aécio seria uma comédia, se não fosse uma tragédia!

Esquece esquece esquece: Não dá para atingir a Dilma; não dá para “pegar o Lula”


A hipocrisia da mídia que não investiga deixa órfão o jatinho do PSB, um ano depois





20 de junho de 2015
Autor: Fernando Brito






É curioso como corrupção só interessa à imprensa quando atinge o PT.

Foi preciso que o até agora dono do jato em que morreu Eduardo Campos – desastre a partir do qual decolou Marina Silva, pondo abaixo o favoritismo disparado de Dilma Rousseff – dissesse, para escapar de um pedido de indenização de R$ 350 mil feito por pessoas que tiveram suas casas danificadas na queda do aparelho , que não é, nem nunca foi, dono do avião.

João Carlos Lyra Pessoa de Mello Filho disse no processo que comprou, mas não comprou, o avião e que “converteu” os pagamentos feitos em “horas de voo”.

E uma empresa em recuperação judicial (!!) vendeu, mas não vendeu e continuava dona da aeronave.

Assim, tudo de boca, sem um “papelinho” assinado.

Vai fazer um ano do acidente que quase mudou o resultado da eleição presidencial.

Até agora não há informação dos inquéritos (???) que apuram suas circunstâncias.

Nem mesmo esta, básica: de quem era o aparelho?

Quem comprou e quem cedeu a Eduardo Campos e Marina Silva?

Quem o operava? Quem contratava e pagava a tripulação?

Qual era a participação do contrabandista Apolo Santana Vieira no negócio?

A Polícia Federal e o Ministério Público, que vazam tudo na “Lava Jato”, não dão um pio.

Os jornais fizeram uma ou outra matéria sobre os “mistérios” aeronáuticos, mas nunca apuraram sistematicamente.

Os blogs tentaram, mas não têm condições de ir mais fundo do que foram, seja porque faltam recursos, seja porque “otoridades” não falam com blogueiros “sujos”.

Do jeito que anda nossa mídia não demora a dizerem que o dono do avião era o José Dirceu!

Morreram sete pessoas e o Brasil passou por uma comoção nacional.

Não interessa, porém.

Não dá para atingir a Dilma; não dá para “pegar o Lula”.

É só o que importa à Polícia Federal , ao Ministério Público e ao “jornalismo investigativo”.

A cultura do ódio e o vandalismo no túmulo de Chico Xavier


Cardozo, MP, ABI, OAB…Ameaça ao Jô não pode ser deixada à conta da “minoridade mental”





19 de junho de 2015
Autor: Fernando Brito






A pichação diante do apartamento de Jô Soares não pode ser deixada na conta das “brincadeirinhas”.

Se eu escrevesse aqui “morra Fulano” – e não escrevo porque não quero matar ninguém – eu seria processado criminalmente.

O “coxinha” nazista, ou o grupinho deles que pichou a frase (certamente tinha mais de um, vigiando se passava alguém) não deve receber diferente tratamento do que eu teria.

Aliás, mais grave ainda, porque conjugado a dano material no patrimônio público, o que não tem um texto.

Jô Soares pode, como qualquer um de nós faria em outras circunstâncias, não pretender processar.

Mas as autoridades públicas e as corporações comprometidas com a liberdade de imprensa e das regras democráticas de convívio precisam vir à publico pedir que se responsabilize quem faz isso.

Porque a distância entre pichação, intenção e gesto agressivo está ficando cada vez menor no Brasil.

A cultura do ódio, que instilaram na sociedade toma conta de cada vez mais gente microcéfala, e não estão faltando provas disso: agressões, humilhações e, agora, até o vandalismo no túmulo de Chico Xavier.

Exatamente como fazem os neonazistas com as sepulturas judaicas, mas com o mesmo sentido contra a memória de um espírita.

Não dá para levar na brincadeira.

Mesmo que Jô Soares não se preocupe quanto a si, amanhã será com outro sem suas condições de reagir e exigir providências.

quinta-feira, 18 de junho de 2015

a má educação


Neymar e a má
educação para derrota



Um nervoso e mimado Neymar nada fez para ajudar a seleção contra a Colômbia.


Conversa Afiada









O Conversa Afiada reproduz artigo de Xico Sá, extraído do El País Brasil:



A MÁ EDUCAÇÃO DO BRASIL PARA A DERROTA



Com um nervoso e mimado menino Neymar, sem educação para a derrota, a seleção brasileira deixou ontem a cancha do estádio Monumental, em Santiago, de forma melancólica, depois de perder por 1×0 da Colômbia. Um triste aniversário para o bicampeonato conquistado pelo time de Zito e Didi, exatamente no Chile, há 53 anos.

(…)

E não é apenas a derrota de ontem, mal digerida pelo enfezado craque Neymar, que nos aterroriza. Além da escassez de craques, a maioria dos treinadores do país é tacanha em filosofia de jogo. Pensamos mal o jogo. Perdemos o free jazz, a bossa nova, a invenção. Dunga, por exemplo, preferiu conspirar contra o árbitro.

É difícil dizer isso, muito difícil, mas viramos um país comum com a bola nos pés. No dia em que o cavaleiro solitário não funciona, o fracasso vem naturalmente.

É difícil, mas teremos que nos educar, ao contrário do comportamento do nosso camisa 10, para a derrota. O 7×1 da Alemanha não serviu para isso. O resultado foi tão absurdo que não teve valor pedagógico. Só a derrota se tornando mais rotineira nos servirá de lição de casa. Para mostrar que não somos mais os donos do universo. Muito pelo contrário.

O Brasil ganhou de forma sofrida do Peru; o Brasil levou um baile tático e técnico da Colômbia. Dois velhos “sparings”. O Brasil agora teme até a Venezuela, o próximo adversário. O futebol canarinho voltou a conviver com a velha síndrome de vira-lata, da qual falava o mesmo cronista Nelson Rodrigues. A pátria em chuteiras virou a pátria em franciscanas sandálias da humildade.

Fica aqui, como ponto final, o minuto de silêncio pela morte de Zito, craque do Santos e da canarinho de 1962, morto no derradeiro domingo aos 82 anos de existência.

Zito é um bom exemplo para o Brasil, nessa fase de luto, repensar o seu futebol. Zito tinha três “bês” que nos fazem muita falta hoje em dia: bola, brio e era um bem-aventurado homem de boa vontade.



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sábado, 13 de junho de 2015

o plano de saúde para quem já dobrou o Cabo da Boa Esperança


Planos de saúde: o martírio dos aposentados





junho 12, 2015





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A crônica de Mouzar Benedito: Uma vez por ano eu fico mais reclamão que o normal. E não sou só eu: há um coro de reclamões, formado por aposentados. Isso acontece quando chega o reajuste das mensalidades do plano de saúde



Por Mouzar Benedito


Uma vez por ano eu fico mais reclamão que o normal. E não sou só eu: há um coro de reclamões, formado por aposentados.

Isso acontece quando chega o reajuste das mensalidades do plano de saúde.

Teoricamente, o reajuste seria para cobrir a inflação ocorrida no ano que passou. Então, a correção agora deveria ser de 6,41%, que é o que vamos receber de reajuste da aposentadoria. Mas, na semana passada, a Agência Nacional de Saúde autorizou as empresas a reajustar em até 13,55% a mensalidade de planos individuais e familiares.

É aí que a coisa pega.

Quanto mais velho a gente vai ficando, mais vai se tornando dependente de atendimento médico e é muito arriscado não ter plano de saúde, acreditando que o Sistema Único de Saúde, o SUS, vai nos prover devidamente.

Reconheço que muita coisa melhorou, como a distribuição gratuita de certos remédios e o barateamento de muitos outros na chamada “farmácia popular”. E para tratar de certas doenças, o serviço público é muito eficiente. Conheço pessoas que receberam transplante de rim ou que fazem tratamento de câncer, por exemplo, que recebem um tratamento excelente nos serviços públicos de saúde. Mas de vez em quando vejo situações terríveis, de gente esperando anos por uma cirurgia.

Eu mesmo já precisei de alguns atendimentos de emergência que provavelmente me mandariam desta para uma melhor se ficasse na dependência do SUS.

O problema é que o plano de saúde custa cada vez mais caro, principalmente para quem já dobrou o Cabo da Boa Esperança, quer dizer, passou dos sessenta anos de idade.

O rendimento dos aposentados vai minguando ano a ano. É corrigido pela inflação oficial, abaixo da correção do salário mínimo, e assim em alguns anos, quem recebia quatro salários mínimos de aposentadoria já está recebendo três ou menos.

E os planos de saúde sempre têm reajustes bem maiores. Resultado: somando as mensalidades dos planos de saúde da minha mulher e o meu, lá se vai bem mais que a metade dos nossos rendimentos.

O certo é que daria para a gente viver relativamente bem com o valor que recebemos de aposentadoria, se não tivéssemos esses gastos que a cada ano nos sufocam mais.

Já que, pelo menos por enquanto, não dá para velho depender dos serviços públicos de saúde, minha sugestão é que o governo crie um plano de saúde para aposentados. Mas um plano que funcione de verdade, como qualquer outro, com muitos médicos, clínicas, laboratórios e hospitais que atendem os planos privados.

Só que com uma diferença: as mensalidades não poderiam ultrapassar 15 ou 20% dos rendimentos.

Sempre achei isso, e já escrevi sobre o assunto, mas ninguém leva a gente a sério. Acham que é uma coisa inviável.

Mas há alguns anos, encontrei um amigo no Uruguai e ele me disse que lá existe algo semelhante, e que funciona bem.

O pequeno país de José Mujica dá bons exemplos que poderíamos seguir e até aperfeiçoar aqui, não é? Que nossas autoridades pensem nisso.


Foto: Pixabay

um problema antigo


Delegado que quer investigar Lula fez campanha para Aécio ano passado





Posted by eduguim on 12/06/15








No momento em que a mídia antipetista promove forte ofensiva contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva com base em criminalização de doações da empresa Camargo Correa ao instituto criado por ele em 2011, descobre-se que um dos braços desse aparato difamatório, a revista Época, tratou de simplesmente retirar da internet matéria que mostra que tal empresa também doou recursos para criação do Instituto Fernando Henrique Cardoso.

A matéria que a Época retirou da internet foi publicada em 2003 e mostrou que a Camargo Correa participou de uma “vaquinha” feita por empreiteiras e bancos para doar 7 milhões de reais para a criação do IFHC.

O título da matéria que a revista das organizações Globo suprimiu é “FHC passa o chapéu”. Ao fazer uma busca dessa matéria no Google, por exemplo, aparece o link . Ao tentar acessá-lo, porém, o resultado é o que se vê na imagem abaixo.




Contudo, a revista Época se esqueceu de que existem ferramentas para localizar o cache de memória de qualquer coisa que se publique na internet. Veja como é simples, leitor:

Este é o cache do Google de http://revistaepoca.globo.com/Epoca/0,6993,EPT435542-1659,00.html Ele é um instantâneo da página com a aparência que ela tinha em 27 maio 2015 00:13:25 GMT. A página atual pode ter sido alterada nesse meio tempo. Saiba mais

É escandalosamente evidente o que está acontecendo no Brasil. Só não vê quem não quer. Está em curso ofensiva de um consórcio formado por partidos políticos, empresas de mídia e setores da Polícia Federal e do Ministério Público com vistas a impedir que Lula dispute as eleições presidenciais de 2018.

Apesar de a mídia antipetista e partidos de oposição como o PSDB viverem alardeando que Lula e o PT estariam “liquidados”, sabem muito bem que, no imaginário popular, o ex-presidente se eternizou como aquele que iniciou um período de forte redução da desigualdade e de ascensão social e econômica dos setores mais pobres e injustiçados da sociedade.

Na tarde de sexta-feira, 12 de junho, o Instituto Lula divulgou release para sua lista de contatos informando de que neste sábado a revista Veja dará sua contribuição difamatória ao consórcio antipetista. Antes de prosseguir, vale ler a nota do Instituto.



NOTA À IMPRENSA


Resposta pública do Instituto Lula à revista Veja

São Paulo, 12 de junho de 2015,

O Instituto Lula foi procurado hoje (12/06) pela reportagem da revista Veja, a propósito de contribuições de empresas para o Instituto e das palestras realizadas pelo ex-presidente. Além de enviar e-mail com perguntas à assessoria de imprensa, a reportagem falou por telefone com o presidente do Instituto, Paulo Okamotto. A abordagem da revista revelou claro intuito de colocar as atividades do ex-presidente, legais e legítimas, em mais um dos enredos fantasiosos, mistificadores e caluniosos que têm caracterizado aquela publicação.

A revista Veja tem um histórico de capas e reportagens mentirosas sobre o ex-presidente Lula e o Partido dos Trabalhadores. Já estampou fraudes notórias sobre contas inexistentes em paraísos fiscais, falsas remessas de dinheiro do exterior, calúnias sobre relações com guerrilhas estrangeiras e com o narcotráfico. Por estas e outras mentiras, Veja foi condenada duas vezes pelo Tribunal Superior Eleitoral a publicar direitos de resposta do PT, em 2010 e 2014. Mesmo punida pela Justiça, a revista mantém o padrão de mentir, distorcer e caluniar.

Diante dos péssimos antecedentes da revista, de seu evidente descompromisso com a verdade e com os fatos e da sórdida campanha de difamação que move contra Lula e o PT, a assessoria do Instituto Lula esclarece publicamente:

1) O Instituto Lula foi criado pelo ex-presidente em 2011, depois que ele deixou o governo, para trabalhar pela erradicação da fome no mundo, aprofundar a cooperação com os países africanos e promover a integração latino-americana, entre outros objetivos.

2) Como tantas instituições ligadas a ex-chefes de governo – tanto no Brasil como nos demais países do mundo – o Instituto Lula recebe contribuições de empresas privadas para manter suas atividades. Tais contribuições são registradas e declaradas ao Fisco.

3) Diferentemente de outras instituições ligadas a ex-presidentes brasileiros, o Instituto Lula não recebe contribuições de empresas públicas, estatais ou de governos nem oferece deduções fiscais sobre as contribuições que recebe, seja por meio da Lei Rouanet, seja por outros mecanismos governamentais de incentivo a patrocínios. Não há dinheiro público, nem direta nem indiretamente, no Instituto Lula.

4) Para exercer o legítimo direito de trabalhar, o ex-presidente criou a empresa LILS Palestras e Eventos, por meio da qual são contratadas palestras e conferências para empresas e entidades privadas no Brasil e no exterior.

5) Essa é uma atividade exercida legalmente por ex-chefes de governo, no Brasil e em todo mundo, bem como por pessoas de grande projeção pública, como jornalistas, artistas, cientistas, desportistas etc.

6) Lula não cobra nada para fazer palestras para entidades sindicais, movimentos sociais, ONGs, governos, partidos políticos e grupos da sociedade civil.

7) Os contratos da LILS são registrados regularmente e declarados ao Fisco. Não existe relação financeira entre a empresa e o Instituto Lula. São atividades distintas, com contabilidades, fontes de receita e despesas também distintas.

8) Nem o Instituto Lula nem a LILS prestam qualquer tipo de consultoria, assessoria, intermediação de contatos etc. Nem o Instituto Lula nem a LILS fazem negócios.

9) Tanto a criação do Instituto Lula e sua forma de manutenção como a criação da empresa LILS são fatos públicos, divulgados pela imprensa e objeto de ampla reportagem, por exemplo, na edição de 3 de abril de 2011 do jornal O Globo.

10) Também foram divulgadas pela imprensa, há mais de dois anos, em reportagem da Folha de S. Paulo, as contribuições da empresa Camargo Corrêa e outras para o Instituto Lula e a contratação de palestras. Não há novidade no recente noticiário a respeito desse fato já conhecido.

11) As contribuições recebidas pelo Instituto Lula e as palestras contratadas por meio da LILS não têm relação com contratos da Petrobras, feitos pela Camargo Corrêa ou por qualquer outra empresa.

12) Os compromissos públicos e a intensa agenda internacional do ex-presidente são divulgados pela assessoria de imprensa e pelo site institutolula.org. Não procedem as alegações, feitas por alguns jornalistas, de falta de transparência. A imprensa brasileira ignora sistematicamente a agenda de Lula, especialmente quando se trata de homenagens prestadas a ele ao redor do mundo e de participações nos mais importantes fóruns internacionais de debates, sempre em defesa do Brasil.

13) O Instituto Lula sempre esteve à disposição das autoridades para prestar informações pertinentes a suas atividades – tanto ao Ministério Público como ao Poder Judiciário ou ao Congresso Nacional.

14) Qualquer tentativa, por parte da revista Veja ou de outros veículos, de associar o Instituto Lula e a LILS a atos ilícitos ou suspeitos com base nestas informações, estará incursa na legislação que protege a honra e a imagem das pessoas e instituições.

15) Estamos assistindo ao início de uma ofensiva midiática contra a imagem e a honra do ex-presidente Lula, com evidente motivação político-partidária. Como tem se tornado comum, infelizmente, em nosso País, tal ofensiva não poupará pessoas e instituições de reconhecida probidade e seriedade, no intuito de desmoralizar e até criminalizar as atividades do mais importante líder popular do Brasil. A revista Veja é um dos instrumentos dessa ofensiva.


Assessoria de Imprensa do Instituto Lula



A teoria das matérias de Globos, Folhas, Vejas e Estadões sobre o assunto não resiste a poucos segundos de reflexão. Se houvesse qualquer ilegalidade nas doações a FHC ou a Lula, é óbvio que essas doações não seriam feitas às claras. Alguns milhões de reais poderiam ser facilmente repassados fora do Brasil.

Tampouco se pode acreditar que um presidente que fortaleceu tanto e deu tanta independência à Polícia Federal e ao Ministério Público pretendia cometer ilegalidades. Se tivesse tais intenções, teria mantido o que herdou de FHC, ou seja, uma Procuradoria Geral da República e uma Polícia Federal que jamais incomodaram o governo de plantão.

A imprensa se posicionar contra Lula, Dilma e o PT é um fato da democracia. São empresas privadas e podem ter a posição política que quiserem. Contudo, esse consórcio antipetista é integrado por membros do Ministério Público e da Polícia Federal.

Uma dessas autoridades partidarizadas é o delegado Igor Romário de Paula, que acaba de anunciar que “muito provavelmente” as doações da Camargo Correa ao Instituto Lula serão objeto de uma nova investigação da Polícia Federal.

Romário de Paula é um dos delegados da Operação Lava Jato citado em matéria do jornal o Estado de São Paulo de 13 de novembro de 2014 que revelou que “Delegados da Lava Jato” exaltaram o candidato Aécio Neves e atacaram o PT durante a última campanha eleitoral para presidente da República.





O que se deduz de tudo isso é que há no Brasil um conluio ilegal e inconstitucional que está destruindo a democracia brasileira, pois o poder de Estado, o poder econômico e grupos políticos tratam de forjar escândalo contra um ex-presidente da República considerado pela maioria do povo brasileiro como o melhor mandatário que o país já teve.

A vitória dessa trama diabólica representa a virtual destruição da democracia brasileira. A partir do uso desses métodos, só terá condições de chegar ao poder e governar o país o grupo político que cair nas graças de grupos de mídia que estão por trás de todo esse processo. Está se desenhando, no Brasil, a primeira ditadura midiática da história.

prendem sem provas, condenam sem provas


O fim patético da Lava Jato






12 junho 2015
Miguel do Rosário



No dia 13 de novembro de 2014, uma reportagem de Julia Dualibi, no Estadão, informava que os delegados da Lava Jato faziam festinha pró-Aécio nas redes sociais. Incluindo o principal responsável pela operação Lava Jato na Polícia Federal, o delegado Igor Romário de Paula.

Igor Romário de Paula aparecia nas redes sociais louvando Aécio Neves, do PSDB, um dos candidatos com a ficha mais suja de que temos notícia em nossa história recente: acusações de corrupção, de nepotismo sem vergonha (nepotismo que ele herdou de sua própria história, pois ele, Aécio, viveu toda sua vida de empregos públicos obtidos através de indicações familiares), ataques à liberdade de imprensa, violência contra mulher, dirigir embrigado, uso de drogas, uso do dinheiro público para construir aeroportos em terras da família, nomeação de juiz acusado de vender sentenças de soltura para traficantes, amizades com donos de helicópteros apreendidos com meia tonelada de pasta de cocaína, etc.

Um candidato, e isso é quase irônico, acusado diretamente pelo principal delator da Lava Jato, a investigação conduzida por Igor Romário de Paula, de receber 120 mil dólares por mês de propinas, o que daria, em valores de hoje, quase meio milhão de reais/mês.

Desde então, a Lava Jato começou a se transformar-se rapidamente. De uma operação de combate à lavagem de dinheiro converteu-se numa investigação política, visando asfixiar a indústria de construção civil, por um lado, e criminalizar o PT, de outro.

Daí tivemos uma série de prisões ilegais. O tesoureiro do PT, por exemplo, foi preso sem que houvesse absolutamente nenhuma prova contra ele.

A acusação: as doações legais, registradas no TSE, de empresas ao PT.

As mesmas empresas doaram valores da mesma magnitude, ou até mais, à oposição. Mas apenas as doações ao PT foram criminalizadas.

Numa tática que cheira aos momentos mais arbitrários da nossa história, o juiz mandou prender não apenas João Vaccari Neto, mas sua família: mulher e cunhada.

A cunhada foi presa “por engano”. O desespero de prender era tão grande que a confundiram com sua própria irmã.

A Lava Jato entrou em parafuso, distribuindo acusações a políticos sem relação alguma com a investigação principal. Um político do PP foi acusado de incorporar a empregada doméstica à folha de pagamento de seu gabinete. Uma coisa antiética, mas sem nenhuma vinculação, obviamente, com lavagem de dinheiro, Petrobrás ou corrupção partidária.

O André Vargas, ex-deputado do PT, que não é flor que se cheire, foi acusado de ter “presença” na Caixa, e com isso, supostamente, beneficiar a agência de publicidade de seu irmão. Nada a ver com lavagem de dinheiro ou Petrobrás.

E agora, o mesmo delegado disse que investigará Lula por conta dos serviços que o ex-presidente prestou para empresas de construção civil.

A mídia, como sempre, é a grande articuladora de todas essas denúncias. Tudo é milimetricamente planejado. Sai numa revista aqui, vai para uma TV ali, aparece num jornal, numa dessas jogadas ensaiadas tão características da nossa imprensa, e que a faz parecer realmente um cartel mafioso.

Agora sabemos que o ex-presidente FHC recebeu mais de 16 milhões de reais apenas em suas doações iniciais, quando saiu do governo, mais de quatro vezes acima do valor pago pela Camargo Correia ao Instituto Lula.

Mas FHC pode. Lula não.

A mídia quer que Lula viva de quê?

Lula não tem a cara de pau de FHC, de usar 5 milhões de reais de Lei Rouanet (dinheiro público, portanto) para organizar seu “acervo”.

Como Lula sustentará seu instituto?

FHC viaja ao mundo falando mal do Brasil e recebendo por isso.

O Instituto Lula produz estudos e palestras em prol dos países mais pobres, promovendo políticas públicas de combate à fome.

A contribuição de Lula na luta mundial contra a miséria e a desnutrição foi prestigiada há algumas semanas, em evento da FAO, a organização das Nações Unidas que cuida exatamente dessas questões.

Lula abriu o encontro, e foi aplaudido por representantes de mais duzentos países. A mídia, como sempre escondeu ou diminuiu.

Ao contrário, a mídia apenas opera, dia e noite, para destruir Lula politicamente, massacrar sua imagem.

De certa forma, tem conseguido seu objetivo, como se vê nas manifestações crescentes de ódio contra o PT.

Não é difícil, numa democracia, fazer o povo se voltar contra seus próprios herois.

Infelizmente, esse é um dos vícios inerentes a democracias. Sócrates foi condenado à morte por “corromper os jovens”. Esse foi o prêmio final da democracia ateniense a seu cidadão mais ilustre.

Heródoto, o historiador grego, fala ainda de grandes generais atenienses, como Temístocles, responsáveis por vitórias épicas dos atenienses contra exércitos persas numericamente muito superiores, que depois foram perseguidos e até mesmo banidos por seus próprios cidadãos, em virtude de intrigas domésticas.

Talvez a característica mais marcante de uma democracia seja esta intriga aberta, que se confunde com o próprio jogo político.

Em ditaduras, as intrigas são asfixiadas imediatamente com violência e repressão.

Numa democracia, as intrigas se convertem em lutas políticas, travadas por meio da comunicação.

Por isso, a mídia é a questão política central da nossa democracia. Talvez mais importante, num primeiro momento, que a reforma política.

Um candidato pode até se eleger sem dinheiro, mas não sem uma boa imagem na mídia.

Para que serve o dinheiro nas campanhas, em termos estritamente eleitorais? Não é para comprar a mídia, ou fazer a sua própria mídia?

Uma reforma política começa e termina com uma reforma da mídia, uma reforma que obrigue todos os canais de tv a exibirem, em horário nobre, debates eleitorais entre candidatos a presidente, governador, prefeitos, deputados, senadores, vereadores. Uma reforma de mídia que estenda a campanha política pelo máximo de tempo possível, diluindo os custos.

O Brasil irá vencer esses esbirros da ditadura, essas conspirações conduzidas por uma mídia cevada no dinheiro e na violência de um regime de exceção.

Uma mídia que jamais se interessou em fomentar a inteligência crítica dos brasileiros. Ao contrário, seu único objetivo é ampliar o seu exército de zumbis.

Uma mídia vendida em todos os sentidos.

Não promove alimentação saudável porque não pode contrariar os interesses de seus patrocinadores.

Nunca promoveu debates em prol de políticas de transporte coletivo, porque precisa vender anúncios de carro.

Nunca promoveu debates políticos inteligentes, porque precisa empurrar, goela abaixo da população, os seus lobistas de baixo nível, que irão cuidar de suas negociatas, aqui e no exterior, como Eduardo Cunha.

A Lava Jato é fruto desse sistema. Ela é uma iniciativa desesperada de setores corruptos da mídia, da sociedade e do Estado, setores dispostos a destruir muita coisa, se isso lhes permitir a volta de um tucano ao poder.

Um tucano que ajude o cartel mafioso midiático a sobreviver por mais alguns anos.

Espera-se, todavia, que ainda existam juízes com alguma fibra moral, capazes de resistir a esse jogo pesado de chantagens políticas e midiáticas.

Ao atacar Lula, a Lava Jato expôs-se excessivamente e decretou seu fim moral.

Um fim patético de uma operação golpista liderada por agentes públicos sem qualquer compromisso com a realidade social. Não se importam em promover desemprego ou atraso de obras estratégicas.

Pior, agentes públicos sem qualquer compromisso com valores democráticos: prendem sem provas, condenam sem provas, promovem linchamento midiático através de vazamentos seletivos.

O juiz da Lava Jato exibiu, na frente de todo mundo, a propina que lhe foi entregue, em mãos, por um dos irmãos Marinho: o prêmio Faz Diferença.

E assim vamos tocando a vida.