Quanto custam 20 páginas de propaganda colorida de um governo sombrio?
Elvino Bohn Gass
Um cidadão menos avisado que chegasse ao RS por estes dias, certamente teria a impressão de que o Estado está nadando em dinheiro. Afinal, os jornais, as rádios e as TVs estão inundadas de propaganda do governo Yeda Crusius (PSDB). Hoje, por exemplo, a governadora Yeda mandou publicar 20 páginas coloridas de propaganda nos principais jornais gaúchos. Gastou uma pequena fortuna que se fosse aplicada na saúde, na educação ou na segurança, poderia garantir, por exemplo, remédios gratuitos que estão em falta nas farmácias do Estado ou, quem sabe, melhorar as condições de ensino em algumas das muitas escolas que estão empilhando alunos por conta da enturmação que Yeda obrigou as diretoras a fazer.
A governadora tucana é candidata à reeleição e precisa desesperadamente diminuir os altíssimos índices de rejeição a seu nome. Sim, Yeda conseguiu um recorde: é a governadora com a pior avaliação já registrada por uma pesquisa no Brasil em todos os tempos. As razões são evidentes. Nunca houve, na história de nosso Estado, um governo com tantos escândalos e com tantas denúncias de ladroagem. A ponto de vários membros do primeiro escalão, hoje, estarem na condição de indiciados por formação de quadrilha e corrupção, sem falar nos que já foram denunciados pela Justiça como é o caso de boa parte da quadilha acusada de roubar R$ 44 milhões do Detran.
A outra explicação para a rejeição de Yeda está no sucateamento a que foram submetidos os serviços públicos do Estado. Usando o discurso da crise financeira como desculpa para implantar seu projeto neoliberal de Estado mínimo para quem precisa, a administração tucana arrochou salários de professores e brigadianos (em compensação, a própria governadora e os secretários tiveram aumentos superiores a 100%), não cumpriu os mínimos constitucionais de investimentos em saúde e educação, destinou menos de 1% do orçamento para a agricultura e partidarizou as ações da segurança pública. Pior: perseguiu e retaliou funcionários que ousaram reclamar por melhores condições de trabalho.
Para quem se elegeu prometendo um novo jeito de governar, Yeda, que já havia se revelado tão antiga quanto o autoritatismo de suas ações, adota, agora, no final do mandato, a mais tradicional das políticas, ou seja, abre o cofre do Estado no último ano, inaugurando placas sem obras e gasta fortunas em propaganda. Tudo para tentar engambelar os cidadãos. Ou seria melhor dizer eleitores?
(*) Líder da bancada do PT na Assembleia Legisaltiva
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