As buscas pelos corpos dos ex-combatentes desaparecidos na Guerrilha do Araguaia, na década de 1970, foram retomadas esta semana. No sábado (26), o grupo de trabalho criado pelo Ministério da Defesa fez um rastreamento em torno do cemitério de Xambioá (TO), mas as escavações só poderão ser feitas após autorização judicial.
A procura tinha sido suspensa em outubro de 2009, devido ao início do período chuvoso na região. Desde de maio, uma equipe retornou à região para ouvir novas testemunhas e complementar informações recebidas pelas expedições anteriores. Na última terça-feira (22), o grupo deslocou-se para áreas no Tocantins e Pará com o intuito de reiniciar a fase de escavações.Um dos principais pontos de busca é a Fazenda Araguaia, no município de São João do Araguaia, no Pará. Segundo o Ministério da Defesa, técnicos que participam da expedição já encontram alguns obstáculos para identificar corpos no local porque, na época do movimento guerrilheiro, muitos garimpeiros viviam na mesma região. Por isso, é grande a possibilidade de que eventuais ossadas encontradas sejam de trabalhadores dos garimpos.
Durante o recesso do grupo que coordena as buscas, parentes de um ex-guerrilheiro fizeram escavações por conta própria e encontraram pedaços de um crânio. Os despojos serão avaliados pela perícia da Polícia Federal junto com outros restos encontrados por expedições da década de 1990.
A Guerrilha do Araguaia foi um movimento do início da década de 1970, que surgiu para enfrentar a ditadura militar. Muitos guerrilheiros e militares foram mortos em combates na selva amazônica. Até hoje, dezenas de participantes do movimento estão desaparecidos. No ano passado, a juíza da 1ª Vara Federal do Distrito Federal, Solange Salgado, determinou que o governo federal reiniciasse as buscas na região.
O movimento armado de resistência à ditadura militar foi liderado pelo PCdoB, e aconteceu às margens do rio Araguaia, entre o sul do Pará e o norte do Tocantins (na região conhecida como Bico do Papagaio), entre a segunda metade dos anos 60 e a primeira metade da década de 1970.
A resistência heroica sobreviveu a duas expedições militares de grande envergadura do Exército Brasileiro, sendo dizimada apenas na terceira. O confronto aos guerrilheiros foi a maior mobilização de tropas do Exército Brasileiro desde a Segunda Guerra Mundial.
Com Agência Brasil
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