segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Santa Catarina: balanço da greve dos 60 mil professores

Claudete Mittmann: A vitória política na greve de Santa Catarina

por Luiz Carlos Azenha no Viomundo


Uma greve longa, desgastante e que não atingiu todos os seus objetivos.

Mas uma grande vitória política.

Foi esse o resultado dos 62 dias de paralisação dos 60 mil professores de Santa Catarina, segundo Claudete Mittmann, da executiva estadual do SINTE (Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Santa Catarina).

“Foi um ganho político fantástico”, ela diz. Pela primeira vez os professores conseguiram colocar a educação de forma prolongada na pauta da sociedade catarinense, provocando debates que incluiram do direito de greve ao FUNDEB, o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação.

“Conseguimos levar o debate do FUNDEB aos municípios. Muitos municípios daqui não implantaram o FUNDEB. O professorado local agora já debate plano de carreira”, diz a sindicalista.

Como acontece em Minas Gerais e no Rio de Janeiro, a greve dos professores nasceu essencialmente da luta pela implantação imediata do Piso Nacional do Magistério, que o Supremo Tribunal Federal considerou constitucional em abril deste ano e que hoje vale R$ 1.187,00.

Em Santa Catarina, a implementação do piso resultou, segundo Claudete, no achatamento salarial do escalão intermediário, especialmente dos professores que tinham graduação universitária. Para os professores em início de carreira, de nível médio, o salário anterior era de 609 reais.

Ainda assim, na avaliação de Claudete, a greve despertou um debate antes ausente, sobre a necessidade de colocar em prática o discurso bonito dos períodos pré-eleitorais.

“Não adianta falar em Plano Nacional de Educação, com metas e objetivos e sem dinheiro”, argumenta.

Quis saber de Claudete se ela não acredita que matar a educação pública lentamente, de fome, é do interesse dos privatistas, que vicejam na cena política brasileira. Ela respondeu que o futuro da educação pública não depende apenas dos professores.

“É preciso que a sociedade se coloque contra essa ideia de que o que é público não é bom”. Exemplos de que o público pode ser bom? As universidades e as escolas técnicas federais, argumenta Claudete.

Nenhum comentário: