Vítima da ditadura, Manoel Raimundo Soares ganhará memorial em Porto Alegre
No dia 26 de agosto, às 15 horas, ocorrerá a inauguração do memorial em homenagem aos mortos e desaparecidos políticos brasileiros, na figura do Sargento Manoel Raimundo Soares, morto sob torturas, no período da ditadura militar brasileira. Já foram instalados 26 memoriais em cidades brasileiras desde que se iniciou o projeto Direito à Memória e à Verdade. A obra, de autoria de Cristina Pozzobon, será instalada em Porto Alegre, na Av. Beira Rio, Parque Marinha do Brasil, nas proximidades da pista de skate.
A iniciativa é da Secretária dos Direitos Humanos da Presidência da República, em parceria com a ALICE (Agência Livre para Informação, Cidadania e Educação), Prefeitura de Porto Alegre, Assembleia Legislativa e Movimento de Justiça e Direitos Humanos.
O evento faz parte do Projeto “Direito à Memória e à Verdade”, um resgate da história recente do Brasil, e contará com a presença da ministra Maria do Rosário, do ministro José Eduardo Cardozo, do governador Tarso Genro e do prefeito de Porto Alegre, José Fortunati.
Quem foi Manoel Raimundo Soares
Manoel foi um dos fundadores do “Movimento dos Sargentos”, que lutava por direitos sindicais e democráticos. Imediatamente após o golpe militar de abril de 1964, foi preso e, em junho, expulso do Exército. Solto, engajou-se na luta contra a ditadura e passou a residir no Rio Grande do Sul, atuando no Movimento Revolucionário 26 de Março, grupo cujo nome homenageava a resistência armada iniciada pelo coronel Jefferson Cardin Osório em 1965, naquela data, em Três Passos e Tenente Portela.
No dia 11 de março de 1966, Manoel foi preso, em frente ao auditório Araújo Viana, entregando panfletos contra a visita do presidente Castelo Branco a Porto Alegre.
Manoel Raimundo foi levado à sede da Polícia do Exército, onde sofreu as primeiras sevícias. A seguir, foi transferido para o Departamento de Ordem Política e Social (DOPS), na Avenida João Pessoa, para ser torturado e espancado por longos dias. Ainda em março, foi encaminhado para a ilha-presídio existente no Rio Guaíba.
Lá, ele permaneceu por cinco meses, privado de notícias da família e do mundo. Em 13 de agosto de 1966, cerca de um mês depois de escrever a última carta à esposa, foi levado ao DOPS, para novo interrogatório. Seus algozes o transportaram, na mesma noite, em um jipe do Exército, até ao rio Jacuí, para ser submetido à tortura do afogamento.
Seu corpo foi encontrado boiando no Jacuí em 24 de agosto de 1966, com as mãos e os pés atados às costas (seu assassinato ficou conhecido como o “Caso das Mãos Amarradas”). Apesar dos depoimentos que comprovavam o crime cometido, colhidos pelo Ministério Público Estadual e por uma CPI da Assembleia Legislativa, os responsáveis pela sua morte permaneceram impunes. (Informações disponibilizadas pelos autores da homenagem)
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