sábado, 17 de setembro de 2011

Minha Presidenta: o Brasil precisa acabar com a miséria do atendimento na saúde


Separei para os leitores um trecho da entrevista de ontem da Presidenta Dilma Roussef que deixa bem clara a sua posição sobre a votação da regulamentação da Emenda 29, que vincula recursos à Saúde.
A destinação destes recursos não é apenas justa, como é absolutamente necessária.
Sua aprovação, porém, não basta e não deveria ser feita sem a indicação de onde virão os recursos para isso.
Os que dizem que “dinheiro,há” são os mesmos que gritam contra a carga tributária e defendem os apetites do “mercado” quando se fala nos juros públicos.
Existem, e são importantes, os problemas de gestão dos recursos atuais, como a Presidenta deixa claro. Eles passam por descontrole, falta de transparência nas informações, de coordenação de capacidades e até por fraudes e malversações nas redes pública e privada, que recebem o dinheiro do SUS.
Mas os números citados pela presidenta sáo irrespondíveis: a saúde no Brasil merece pouco mais da metade dos recursos per capita que tem na Argentina.
E é preciso que tenha mais, para que as pessoas não tenham menos e pior atendimento.
Sobretudo, precisamos reverter essa mentalidade que se criou de que só a saúde privada, com seus planos caros, é solução para o cuidado que as pessoas merecem.
Isso pode ser feito pelo sistema público – e o é, aliás, no que tange a emergências, quando é para lá que os pacientes vão – mas tem custo.


O primeiro grande sistema público de saúde do mundo, o National Health Service, da Inglaterra, custa R$ 280 bilhões para atender uma população que é menos de um terço da Brasileira. Propocionalmente à população – sem contar o encarecimento provocado pela extensão imensa do território, seria como termos um orçamento nacional de saúde de R$ 900 bilhões.
No último dado consolidado de que se dispõe, somando todos os gastos municipais, estaduais e federais com Saúde, gastamos, em 2006, R$ 84 bilhões, sendo a metade proveniente do Governo Federal. Menos de um décimo, portanto, para atender quase 200 milhões de brasileiros, três vezes mais.
Já o mercado de planos de saúde, que atende cerca de 38 milhões de pessoas, movimentou, no ano passado, a imensa quantia de R$ 64 bilhões.
Dilma tem razão. Se queremos ter uma saúde pública de qualidade, precisamos dizer que isso terá de ser coberto por impostos.
Alguém os pagará. O resto é demagogia.

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