quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Serra deixou engatilhado desmonte da TV Cultura

Serra não quer nada que concorra com as emissoras que o defendem

Não foi só a cabeça de Heródoto Barbeiro, no Roda-Viva, e do diretor de jornalismo Gabriel Priolli que José Serra pediu. A intenção do tucano é desmontar por completo a TV Cultura, eliminando seu caráter de emissora pública e transformando-a apenas numa TV estatal para reproduzir atos do governo de São Paulo.

Para tanto, ele deixou na presidência da Fundação Padre Anchieta, controladora da TV Cultura, o seu amigo e ex-secretário João Sayad, encarregado de reduzir a programação, cortar pessoal e até vender o patrimônio da emissora. De acordo com o jornalista Daniel Castro, do portal R7, Sayad já encomendou aos advogados da emissora um estudo sobre a viabilidade de se desfazer de seus estúdios e edifícios no bairro de Água Branca, em São Paulo.

Sayad pretende reduzir o número de funcionários da Cultura de 1.800 para 400, que segundo ele ficariam muito bem instalados em apenas um andar de um prédio comercial. O jornalismo da emissora deixaria de produzir notícias, o que os tucanos, naturalmente, consideram que as redes comerciais já fazem bem, e se reduziria a debater o noticiário do dia a dia.

A TV Cultura ainda deixaria de prestar serviço a outras instituições públicas, o que lhe assegura uma receita de R$ 60 milhões anuais, e de aceitar publicidade, responsável por outros R$ 50 milhões. A emissora passaria a viver exclusivamente dos R$ 70 milhões que o governo de São Paulo aporta e de mais R$ 50 milhões que recebe para a produção de conteúdo para as secretarias estadual e municipal de Educação.

Mesmo já não estando mais à frente do governo, Serra deixou engatilhado o desmonte da TV Cultura, buscando eliminar mais um patrimônio público de relevantes serviços prestados. Certamente, Serra não quer estimular a idéia de uma TV pública, como Lula fez com a TV Brasil, para não contrariar os donos dos grandes meios de comunicação, que têm ojeriza a qualquer coisa que ameace o monopólio que detêm.

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