“Duas torres gêmeas da política gaúcha”
No dia 25 de abril de 2008, durante depoimento na CPI do Detran, o delegado Luiz Fernando Tubino afirmou que existiam duas torres gêmeas que precisavam ser derrubadas na política gaúcha. “O Banrisul e o Detran são duas torres que precisam ser investigadas e derrubadas. Isso vai mudar para melhor a vida política do Rio Grande do Sul”, garantiu. Na época, Tubino disse que o Ministério Público já tinha informações importantes relacionadas às denúncias feitas pelo vice-governador Paulo Feijó (DEM) sobre irregularidades no Banrisul.
Um mês depois, foi a vez do então chefe da Casa Civil do governo Yeda, Cezar Busatto, afirmar que o Banrisul seria usado para financiar campanhas eleitorais (do PMDB). Busatto declarou, na famosa conversa que acabou sendo gravada pelo vice-governador:
“Hoje é o Detran, no passado foi o Daer. Quantos anos o Daer sustentou? Na época das obras polpudas. Depois foi o Banrisul, depois a CEEE. Se tu vai ver é onde os partidos querem controlar. Não querem saber se é área social. Onde têm as possibilidades de financiamento, pode ter certeza que tem interesses poderosos aí controlando. Então, é uma coisa mais profunda que está em jogo, né? “Eu não tenho dúvida de que o Detran é uma grande fonte de financiamento (do PP). Não é verdade? E o Banrisul com certeza, nesses quatro anos (…) O custo que teria ela (a governadora) ter que romper com Zé Otávio, Pedro Simon…”
Ainda no mês de maio de 2008, um dia depois de defender a instalação de uma CPI para investigar irregularidades envolvendo contratos do Banrisul, o vice-governador Paulo Feijó denunciou o desvio de cerca de R$ 18 milhões dos cofres públicos. Segundo Feijó, esse dinheiro teria saído do banco para a Fundação de Apoio da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, sem ser contabilizado.
Cerca de dois anos e meio após essas declarações, uma ação conjunta da Polícia Federal, do Ministério Público Estadual e do Ministério Público de Contas denunciou a ação de uma quadrilha que seria composta por um alto funcionário do banco, agências de publicidade e prestadores de serviço e que teria causado um prejuízo de mais de 10 milhões de reais nos últimos 18 meses.
O Banrisul contratou o advogado Fábio Medina Osório, o mesmo que defende a governadora Yeda Crusius das acusações no caso do Detran, que anunciou que estuda a possibilidade de uma “ação indenizatória contra a União pelos prejuízos causados pela forma com que a Polícia Federal (PF) divulgou os dados da Operação Mercari”.
Em setembro de 2008, o Banrisul entrou com um processo judicial contra o blog Nova Corja pedindo a retirada de informações publicadas referentes a dívidas de empresas de Eduardo Laranja da Fonseca com a instituição. O processo n° 001/1.08.0238334-7 pediu a retirada de informações do post intitulado “Exclusivo ($$$): Dívidas do Sr. Laranja com o Banrisul”, publicado no dia 13 de agosto de 2008. O Banrisul alegou que tais informações estavam protegidas pelo sigilo bancário.
Eduardo Laranja era o proprietário da casa comprada pela governadora Yeda Crusius (PSDB), logo após o segundo turno da campanha eleitoral, em dezembro de 2006. A possível relação entre as dívidas de Laranja com o Banrisul e o negócio feito com a governadora foi tema de investigação. Na época, o Nova Corja questionou: “O processo está sob segredo de justiça a pedido do requerente, o que nos parece evidente cerceamento e intimidação, já que se trata de informação de interesse público. A quem interessa manter as movimentações em segredo?”.
Cabe perguntar: o Banrisul ingressou com ações judiciais contra o delegado Tubino, contra o ex-chefe da Casa Civil e contra o vice-governador Paulo Feijó???
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