Um Tijolaço certeiro do velho Brizola
O amigo navegante Mirabeau Leal – sempre atento, apesar de não ser escoteiro – envia-me um texto emocionante de Leonel Brizola. Texto de um visionário, escrito em 1993, muito antes da internet e desse explícito bombardeio midiático que assola o Brasil.
Os mais novos talvez não saibam, mas como Brizola foi bloqueado pelas Organizações Globo durante seus dois governos no Rio, resolveu comprar espaço próprio para falar diretamente com o público: eram os “Tijolaços”, colunas que ele fazia publicar semanalmente nos jornais cariocas.
O Blog Tijolaço (mantido pelo deputado Brizola Neto) é homenagem a essa iniciativa pioneira do velho Brizola.
Confiram o texto, enxuto e certeiro, sobre o poderio da velha mídia e sobre a mistificação em torno das privatizações.
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OS NOVOS EXÉRCITOS
por Leonel Brizola, em junho de 1993
Se quiséssemos caracterizar estes últimos decênios da história humana, sem dúvida, deveríamos chamá-los de idade da mídia, dos meios de comunicação – a propaganda, os jornais, as revistas, as agências e os sistemas de rádio e televisão. Nestes tempos, vem sendo a mais poderosa arma de dominação dos povos, isto é: a servidão consentida, através da mente humana. Tão poderosa que foi capaz de vencer e desintegrar um gigante como a União Soviética.As máquinas de comunicação, que conquistam e impõem sistemas de dominação e exploração das nações ricas sobre as pobres, são os exércitos e as armadas destes tempos. Têm o poder de criar um ambiente no qual o falso parece verdadeiro.
Por exemplo: o neoliberalismo – que não passa do velho conservadorismo com nova roupagem – é uma doutrina que vem das nações poderosas. É o que convém àqueles países: que as raposas (no caso, elas próprias) passem a ter toda liberdade dentro do galinheiro.
Outro exemplo é o dessas chamadas privatizações, que o futuro irá demonstrar que foi uma época de oligarquias impatrióticas, que promoveram a malversação e o enriquecimento ilícito, em prejuízo do patrimônio público. Tudo sob a mistificação de que privatizar seria a grande solução salvadora para nós, países pobres.
A verdade, entretanto, nunca morre dentro do ser humano, cuja vida, mesmo sob o mais impenetrável dos obscurantismos, é uma busca permanente e até compulsiva deste valor supremo de nossa existência. É uma questão de mais ou menos tempo.
A verdade acaba por prevalecer, mesmo quando um avassalador monopólio de comunicação mantém toda uma Nação nas trevas.
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