Estado policial no Rio Grande do Sul: filhos de deputada foram espionados e seguidos
A deputada Stela Farias (PT) denunciou ontem (6), em entrevista coletiva na Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul, que seus três filhos foram espionados pelo sargento César Rodrigues de Carvalho, preso semana passada por extorquir proprietários de caça-níqueis e interferir nas investigações sobre o caso. O promotor Amílcar Macedo ligou ontem para Stela Farias e avisou-a que seus filhos tinham sido monitorados pelo integrante da Casa Militar do governo Yeda Crusius (PSDB). Monitorados, no caso, significa, fotos e registro do itinerário que eles percorriam, inclusive o filho mais novo, ainda uma criança. Na coletiva, a parlamentar questionou:
“Chamei essa coletiva, principalmente como mãe, porque estou muito preocupada com a segurança dos meus filhos. Durante a CPI da Corrupção, em julho do ano passado, recebi informações anônimas de que estava sendo monitorada pelo Palácio Piratini. Denunciei isto na Tribuna da Assembléia. Mas o que o promotor Amílcar me alertou hoje, vai muito além da política. A questão que paira agora é a mando de quem agia o sargento da BM e para que? Para que montar dossiês com a rotina de uma criança e de jovens filhos de parlamentares?”
Stela informou que vai aguardar as investigações do Ministério Público para tomar as devidas providências legais. Além disso, ela informou o presidente da Assembléia, deputado Giovani Cherini (PDT) sobre o ocorrido.
Deputada questionou coronel João Batista Gil na Casa Militar
No dia 18 de junho de 2009, Stela Farias questionou a nomeação, pela governadora Yeda Crusius, do coronel João Batista Gil (foto) para o comando da Casa Militar do governo do Estado. Na ocasião, Yeda declarou à imprensa que “o comando da Casa Militar tem no coronel Gil a continuidade daquilo que ele tem feito ao longo de seus 34 anos na Brigada Militar”.
“Qual é o serviço prestado pelo coronel ao longo de 34 anos? Por acaso seria ele ligado ao Serviço de Informações da Brigada Militar, a PM-2? Teve alguma relação com o extinto SNI? Seria esta a vocação que a governadora pretende imprimir à Casa Militar?”, perguntou a deputada.
Não é exagero supor, acrescentou, que essa mudança tem o objetivo de viabilizar o uso da estrutura da Casa Militar para investigar a oposição. “Não é a primeira vez que pesa sobre o governo gaúcho a acusação de utilizar o aparato do Estado para investigar opositores”, observou. Em março de 2009, o ex-ouvidor da Secretaria da Segurança Adão Paiani denunciou o uso político desse aparato para espionar adversários políticos do governo. Após a CPI da Corrupção, o coronel deixou a chefia da Casa Militar.
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