Caso Palocci: ética seletiva e patrulhamento opinativo
O motivo, não aceitar a lógica da ética seletiva e defender que o ministro Palocci, homem público desde 1988, quando se elegeu vereador na cidade de Ribeirão Preto, explicasse como amealhou 20 milhões de reais num período inferior a quatro anos.
A democracia é algo mais complexo do que algumas pessoas imaginam, enseja contraditório e exige pessoas e instituições que estejam dispostas a questionar governos e governantes, não aceitando qualquer justificativa e explicação como parte dos desígnios do pragmatismo político.
À imprensa estaria reservada parte deste papel. Mas sua degradação instalou uma confusão que hoje leva a imaginar que ao jornalista que se dedica à política cabe escolher um lado e defendê-lo independente de qualquer coisa.
É importante que o Caso Palocci nos ajude a refletir sobre isso. Não vale a pena, ao menos para este blogueiro, lutar por uma outra comunicação se ela vier a ser a mesma coisa do que a mídia comercial, trocando apenas o sinal. Ou seja, ao invés de limpinhos de direita, sujinhos de esquerda. Mas que se utilizam dos mesmos critérios tendenciosos e falaciosos para entregar aos seus leitores meias-verdades e informações intoxicadas.
Há certas coisas que não devem ser pela metade. Se defendemos jornalismo com compromisso público, ética na política, livre opinião e democracia, devemos fazê-lo por inteiro. Com seus riscos incluídos.
Isso pode levar a derrotas pontuais, mas permite continuar olhando para frente e defendendo os ideais.
Da mesma forma que se diz que o uso do cachimbo deixa a boca torta, excesso de pragmatismo também pode levar a mudar de lado.
É preciso estar atento. Sempre.
Até porque credibilidade tem a ver com a reputação. Que se constrói com coerência.
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