Uma humanidade solidária, amorosa... construída com todos incluídos num mundo menos elitista, preconceituoso, autoritário e desigual, por la vida... siempre!
quinta-feira, 3 de junho de 2010
Homenagem a Gullar, um Camões
O genial poeta Ferrreira Gullar recebeu o maior prêmio para escritores em língua portuguesa, o “Camões”.
Este ordinário blogueiro trabalhou por pouco tempo na agência de notícias Inter-press, de Ademar de Barros, onde Gullar era copy-desk e Tarso de Castro o chefe.
Ali ouvi famosa frase de Gullar: “a crase não foi feita para humilhar ninguém”.
Por indicação do amigo comum Claudio Bueno Rocha, li todos os livros de Gullar.
Selecionei aqui, no Google, dois poemas:
Gosto de 1964
Entre lojas de flores e de sapatos, bares,
mercados, butiques
viajo
num ônibus Estada de Ferro – Leblon
Volto do trabalho, a noite em meio,
fatigado de mentiras.
O ônibus sacoleja. Adeus, Rimbaud,
relógio de lilases, concretismo,
neoconcretismo, ficções de juventude, adeus,
que a vida
eu a compor à vista aos donos do mundo.
Ao peso dos impostos, o verso sufoca,
a poesia agora responde a inquérito policial-militar.
Digo adeus à ilusão
Mas não ao mundo. Mas não à vida,
Meu reduto e meu reino.
Do salário injusto,
da punição injusta,
da humilhação, da tortura,
do terror,
retiramos algo e com ele construímos um artefato
um poema
uma bandeira.
POEMAS PORTUGUESES ( 4 )
Nada vos oferto
além destas mortes
de que me alimento
Caminhos não há
Mas os pés na grama
os inventarão
Aqui se inicia
uma viagem clara
para a encantação
Fonte, flor em fogo,
quem é que nos espera
por detrás da noite ?
Nada vos sovino:
com a minha incerteza
vos ilumino
Paulo Henrique Amorim
Eu, aqui embaixo, quero usar do pitaco e postar, deste nosso imenso poeta, mais uma outra de tantas e tantas mais.
Nós, Latino-americanos
Somos todos irmãos
Mas não porque tenhamos
a mesma mãe e o mesmo pai:
temos é o mesmo parceiro quenos trai.
Somos todos irmãos
Não porque dividamos
O mesmo teto e a mesma mesa:
Dividamos a mesma espada
Sobre nossa cabeça.
Somos todos irmãos
Não porque tenhamos
O mesmo berço, o mesmo sobrenome:
Temos um mesmo trajeto
De sanha e fome.
Somos todos irmãos
Não porque seja o mesmo o sangue
Que no corpo levamos:
O que é o mesmo é o modo
Como o derramamos.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário