Padilha e as vísceras do PMDB
Se havia um partido no Rio Grande do Sul cujas vísceras, seja pela ardileza de seus líderes, seja pela condescendência da mídia, jamais tinham sido expostas, este era o PMDB. Era. Porque a desastrosa estratégia da última eleição estadual somada ao resultado da convenção do último domingo (19), evidenciou um tecido partidário tão desgastado que, hoje, já não há mais quem não saiba do estado putrefato das relações internas por lá. Tentam, ainda, manter o discurso da unidade (“Não existe Chapa 1, ou Chapa 2. Existe o PMDB”, disse o deputado federal Mendes Ribeiro ao final da convenção), mas a verdade é que o PMDB gaúcho nunca esteve tão dividido.
O péssimo resultado de José Fogaça na eleição estadual era o argumento que faltava à base partidária para justificar um levante há muito abafado pela liderança monárquica e débil do senador Pedro Simon. Insuflado por uma boa votação na eleição estadual e sabe-se lá por quem mais, o deputado Marco Alba aproveitou a revolta das bases com o caciquismo que domina o partido há decadas e lançou uma chapa ao diretório estadual. Perdeu a eleição, mas os 40% que sua chapa abocanhou dos votos internos, obrigam os vencedores a negociar com ele a composição do novo diretório. Seja quem for o novo presidente do PMDB gaúcho, ou o nome agrada Alba, ou o racha permanecerá. E o preço pode ser um novo fiasco eleitoral e o esfrangalhamento da sigla.
Alba, isso até os últimos peixes do poluído rio Gravataí sabem, é afilhado político de Eliseu Padilha. E um incauto que olhasse a composição das chapas em disputa no último domingo, pensaria que os dois estão rompidos, afinal a criatura estava de um lado e o criador do outro. Mas quem conhece o PMDB gaúcho sabe que o único nome capaz de peitar uma chapa apoiada por Simon, Fogaça e Rigotto seria… Eliseu Padilha. Daí que não imaginar um dedo dele na candidatura Alba seria como acreditar em Papai Noel. A hipótese de que Padilha tenha urdido uma chapa de oposição ficando, ele próprio, na situação, é tão provável que só quem não conhece a política (ou Padilha), poderia descartá-la. E a explicação é singela: fosse quem fosse o vencedor, Padilha estaria entre eles. Alba, contudo, nega esta hipótese. Mas como que pego num ato falho, ressalta: “Padilha é meu irmão”. Talvez fosse mais verdadeiro se houvesse dito “é meu pai”.
O fato é que dificilmente Alba teria conseguido, sozinho, catalizar tantos apoios a ponto de garantir 40% dos votos da convenção. É um percentual que, se não dá a ele o direito de indicar o novo presidente, ao menos confere o direito de veto a quem não lhe convier. Padilha, o irmão/pai, por óbvio, o convém. Tanto que a imprensa já especulou esta possibilidade. Descobriu, não por ele que ninguém ainda tratou de ouvir diretamente, mas pelo próprio Alba e pelo deputado Osmar Terra, que Padilha estaria interessado em comandar, sim o PMDB, mas o PMDB nacional. Faz sentido, afinal, a imagem dele junto à direção nacional é melhor do que a que defruta aqui. Ainda estão presentes nos ouvidos gaúchos as escutas da Operação Solidária que flagraram conversas suspeitíssimas de Padilha com empresários e agentes do governo Yeda. Os diálogos renderam, inclusive, um indiciamento por corrupção pelo Ministério Público Federal e até mesmo a sua não reeleição como deputado federal pode ser creditada ao desgaste causado pelas descobertas.
Mas depois do resultado da convenção do último domingo, de uma coisa ninguém mais discorda: o novo presidente do hoje esviscerado PMDB gaúcho, se não for o próprio Padilha, será alguém que não tenha o veto de seu irmão/filho Marco Alba. Ou seja, será um amigo da família. (Maneco)
O péssimo resultado de José Fogaça na eleição estadual era o argumento que faltava à base partidária para justificar um levante há muito abafado pela liderança monárquica e débil do senador Pedro Simon. Insuflado por uma boa votação na eleição estadual e sabe-se lá por quem mais, o deputado Marco Alba aproveitou a revolta das bases com o caciquismo que domina o partido há decadas e lançou uma chapa ao diretório estadual. Perdeu a eleição, mas os 40% que sua chapa abocanhou dos votos internos, obrigam os vencedores a negociar com ele a composição do novo diretório. Seja quem for o novo presidente do PMDB gaúcho, ou o nome agrada Alba, ou o racha permanecerá. E o preço pode ser um novo fiasco eleitoral e o esfrangalhamento da sigla.
Alba, isso até os últimos peixes do poluído rio Gravataí sabem, é afilhado político de Eliseu Padilha. E um incauto que olhasse a composição das chapas em disputa no último domingo, pensaria que os dois estão rompidos, afinal a criatura estava de um lado e o criador do outro. Mas quem conhece o PMDB gaúcho sabe que o único nome capaz de peitar uma chapa apoiada por Simon, Fogaça e Rigotto seria… Eliseu Padilha. Daí que não imaginar um dedo dele na candidatura Alba seria como acreditar em Papai Noel. A hipótese de que Padilha tenha urdido uma chapa de oposição ficando, ele próprio, na situação, é tão provável que só quem não conhece a política (ou Padilha), poderia descartá-la. E a explicação é singela: fosse quem fosse o vencedor, Padilha estaria entre eles. Alba, contudo, nega esta hipótese. Mas como que pego num ato falho, ressalta: “Padilha é meu irmão”. Talvez fosse mais verdadeiro se houvesse dito “é meu pai”.
O fato é que dificilmente Alba teria conseguido, sozinho, catalizar tantos apoios a ponto de garantir 40% dos votos da convenção. É um percentual que, se não dá a ele o direito de indicar o novo presidente, ao menos confere o direito de veto a quem não lhe convier. Padilha, o irmão/pai, por óbvio, o convém. Tanto que a imprensa já especulou esta possibilidade. Descobriu, não por ele que ninguém ainda tratou de ouvir diretamente, mas pelo próprio Alba e pelo deputado Osmar Terra, que Padilha estaria interessado em comandar, sim o PMDB, mas o PMDB nacional. Faz sentido, afinal, a imagem dele junto à direção nacional é melhor do que a que defruta aqui. Ainda estão presentes nos ouvidos gaúchos as escutas da Operação Solidária que flagraram conversas suspeitíssimas de Padilha com empresários e agentes do governo Yeda. Os diálogos renderam, inclusive, um indiciamento por corrupção pelo Ministério Público Federal e até mesmo a sua não reeleição como deputado federal pode ser creditada ao desgaste causado pelas descobertas.
Mas depois do resultado da convenção do último domingo, de uma coisa ninguém mais discorda: o novo presidente do hoje esviscerado PMDB gaúcho, se não for o próprio Padilha, será alguém que não tenha o veto de seu irmão/filho Marco Alba. Ou seja, será um amigo da família. (Maneco)
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