Somos andando
A mudança apenas criaria um problema a mais, com o impasse a que estariam submetidos. Por impopular, o reajuste provavelmente seria rejeitado antes da avaliação das urnas. Assim, os parlamentares nunca veriam seus salários corresponderem aos avanços da inflação, em permanente defasagem. Na prática até resolveria o problema dos reajustes desproporcionais, mas da forma errada. Os deputados continuariam responsáveis por votar sobre seus próprios rendimentos, o que constitui de fato a afronta aos cidadãos, que não têm o mesmo direito. Está aí a fonte da desigualdade, e não no valor em si.
É evidente que distorções como o aumento de 61,8% dos deputados federais e de 73% dos estaduais, aprovados recentemente, não devem acontecer, mas é burrice acreditar que tornar a coisa ainda mais polêmica vá resolver o problema. Fica a sugestão de uma medida mais sensata, que vincule os reajustes dos cargos eletivos e de primeiro escalão à inflação. Não haveria nunca aumento real, mas também não teria defasagem. Dessa forma, o reajuste seria bem mais justo e eficiente, diminuindo a desigualdade.
O deputado Jerônimo Goergen (PP), agora alçado ao Congresso nacional, promete encaminhar projeto de lei para que os deputados sejam obrigados a votar o aumento de seus próprios salários antes das eleições e não depois. Demagógico, não resolve nada, apenas cria uma falsa imagem de bom moço preocupado com o destino do dinheiro público.