sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

o agronegócio agora é solidário e os alimentos vão baratear

Para Zero Hora, agronegócio é o campo solidário

Jornalismo B


A agricultura familiar emprega 20 milhões de famílias no Brasil, sendo responsável por 11% do PIB do país. No Rio Grande do Sul, 54% do valor bruto da produção é advindo desse trabalho. Nas cidades de Erechim e Crissiumal, por exemplo, 100% da alimentação escolar provém da agricultura familiar. A agricultura familiar favorece o meio ambiente, proporciona trabalho digno e alimentos seguros. No outro lado, temos o agronegócio, que concentra terras nas mãos de poucos, desgasta essas mesmas terras e entope os alimentos de veneno, valendo tudo em busca de mais e mais lucro.

Para a Zero Hora, porém, a agricultura familiar não existe. O agronegócio é o campo. E é uma maravilha. É o que diz uma matéria do caderno Campo & Lavoura desta sexta-feira. “Agronegócio dá exemplo de solidariedade” é o titulo que ocupa as duas páginas centrais, com reportagem de Marina Lopes.

Quem é o agronegócio? A primeira metade da primeira frase da matéria já responde: “Quem abastece durante todo o ano a mesa dos gaúchos com carne e grãos de qualidade e frutas e verduras fresquinhas (…)”. E a segunda parte da mesma frase já arremata, explicando o que o agronegócio também faz: “(…) não esquece que esses itens básicos nem sempre fazem parte do dia a dia de toda a população”. O texto esquece de se perguntar o porquê esses itens básicos nem sempre fazem parte do dia a dia da população, e se o agronegócio não tem algo a ver com isso…


A concentração de terras é um elemento primário no processo que leva à miséria. Ela retira das famílias a possibilidade de produzir seu próprio sustento, e as expulsa do campo, formando filas de desempregados nas cidades. Sem dinheiro, essas famílias povoam favelas e ruas e incham as grandes capitais. Desemprego, subemprego, péssima qualidade de vida, violência, tudo gerado daí. Cria-se um ciclo difícil de combater sem atacar sua origem.

O último parágrafo do texto que introduz as “histórias de solidariedade” – são apenas três parágrafos nessa primeira parte – é exemplar da noção que ZH tenta passar do agronegócio:

O agronegócio não só mobiliza máquinas e mão de obra que impulsionam o setor primário. O campo ajuda na realização de sonhos, na concretização de objetivos e é um exemplo a ser seguido de solidariedade.

Ou seja, além de grande bastião da economia forte, do crescimento vigoroso e do país se desenvolvendo, o agronegócio é o próprio campo, e “ajuda na realização de sonhos, na concretização de objetivos e é um exemplo a ser seguido de solidariedade”. Ok, então.

* Foto de Sebastião Salgado

Postado por Alexandre Haubrich

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BAITASAR

"Acabou a fome porque o agronegócio é o campo solidário!"

"Pelo menos é o que grita no campo e nas cidades a banca!"

"Cuidado com a banca, ela recebe e não paga..."

O Baitasar é um desses amigos (que o Noel nos oferece sem perguntas, "Toma que o filho é teu") do blog do mauro (ele viaja pelo campo, nasceu em São Francisco de Assis e foi criado em Montenegro), aqui só precisa acionar o controle remoto do televisor sempre que sentir uma sensação indeterminada, desagradável e precisa de idiotice (hoje, véspera do natal, ele é quase ateu, diz que a desumanidade está frágil, superficial e cruel, desconverso e o convido para um chopinho geladérrimo no buteku da ladeira), juro que motivos não faltam para ele estar com sede, bem mais importantes que ficar pensando em jornalecos

"O problema é a fome."

Pergunto se está com fome

"Como podemos comer perus e farofas e indiferentes e melosos..."

Perco a paciência, essa época do ano, o natal, os presentes, as contas do cartão... me deixam impaciente (Porra, Baitasar, indiferentes com o quê?)

"Com as moscas!"
 

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