Ó delicados!
Vós que pousais o amor sobre ternos violinos
ou, grosseiros que o pousais sobre os metais!
Vós outros não podeis fazer como eu,
virar-vos pelo avesso
e ser todo lábios.
A ressurreição como tema:
Onde eu morrer
eu vou morrer cantando.
Que eu caia aqui ou lá, não importa.
eu sei -
eu sou digno de ser colocado
próximo aos que tombaram sob a bandeira
[vermelha.
Mais do que nunca, Maiakovski quer o suicídio por impaciência. Seu temperamento combativo não aguenta enfrentar tantos combates. Quer viver quando reinar a paz, a justiça, a felicidade para todos. Seu espírito indomável de lutador, quer um momento em que não haja necessidade de luta. Quer morrer mas para ser ressuscitado. Sua vontade de morte esconde uma não menos intensa vontade de vida. É este amor à existência que anima a parte final de Sobre Isso. E fornece alegria a um tema trágico.
O químico do século XXX vai ressuscitar alguns mortos. procura um nome entre os do século XX,
"Ressuscitar quem?
Maiakovski talvez...
Vamos procurar alguém melhor,
Este poeta não era muito bonito."
Então é mimnha vez de gritar
daqui mesmo
desta página de hoje:
"Não folheie mais longe!
É a mim que é preciso
[ressuscitar!"
E ainda:
Eu não vivi até o fim a minha quota terrestre,
sobre a Terra
eu não vivi minha quota de
[amor.
E mais:
Ressuscitem a mim -
mesmo que seja só porque
[eu esperava isso,
como um poeta,
rejeitando o absurdo do
[cotidiano!
Ressuscite a mim -
mesmo que seja
só por isso!
Ressuscite a mim -
eu quero viver a minha
[parte!
Tudo acima foi retirado do livro de Peixoto, Fernando, Maiakovski - Vida e Obra, 2ª ed, 1978, editora Paz e Terra, Rio de Janeiro, Br.
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