Pronto, a imprensa derrubou Palocci
Somos andando
Cristina Rodrigues
Não, não defendo o Palocci. Na verdade, não gosto dele, nem política nem pessoalmente. Mas é impossível não considerar, na articulação que levou a sua queda da Casa Civil, que algo de muito errado aconteceu.
Em primeiro lugar, a presunção de inocência, direito de qualquer cidadão, foi completamente ignorada. Não que isso não fosse esperado, conhecendo nossa imprensa. Mas a orquestração para derrubá-lo foi muito além de qualquer limite.
A torcida pela sua queda misturava-se com a pressão para que ela acontecesse, a ponto de ser impossível detectar onde terminava uma e começava outra. A partir de determinado momento, ninguém mais questionava se Palocci tinha ou não culpa no cartório. A pergunta geral que se ouvia na imprensa – e tomo como exemplo Lasier Martins, na rádio Gaúcha, emissora do grupo RBS – era quanto tempo ele resistia no cargo. Ou seja, já estava definido, não pelo governo, que ele cairia; a única dúvida era quando e como.
O caso serviu também para desgastar fortemente a imagem de Dilma. Não que o governo tenha contribuído, com sua falta de ação diante da iminente crise forçada e de certa forma também forjada – já que a proporção que o caso tomou vai muito além da sua real dimensão. Mas a crítica à presidenta exacerbou-se pelo lado errado. Quase não se dizia que ela era conivente, mas se enfatizava que ela não tinha comando, que Lula havia tomado as rédeas, que os brasileiros não gostavam e não queriam isso. Ouvi esse comentário do mesmo Lasier e de tantos outros, como se sua opinião representasse a de todos os cidadãos e cidadãs do país. Em uma clara tentativa de torná-la, isso sim, a opinião do povo. O velho papel, cada vez menos eficiente, de formador de opinião.
Não se questiona o papel da mídia de apontar erros, crimes ou qualquer outro problema e cobrar explicação. O que incomoda é a forma de fazê-lo e o critério. Na verdade a falta de critério, que faz com que o tratamento seja completamente diferente a depender do partido no governo.
Nesta história toda cansa também a notícia pronta de antemão. Foi assim que a imprensa definiu que a sucessora de Palocci seria a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, ou a diretora da Petrobras Maria das Graças Foster, com alguma pequena chance de o escolhido ser o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo. No fim, deram com os burros n’água, e Dilma escolheu a senadora Gleisi Hoffmann.
Não que não tenha sido engraçado. Todos batendo na mesma tecla, num uníssono que já cansou há tempos, para serem todos desmentidos depois. A notícia estava pronta, mas não era de verdade. Para completar, analisava-se o perfil de Miriam Belchior e Maria das Graças Foster como “gerentonas”, sendo cada uma delas uma perfeita “Dilma da Dilma”. Notícia repetida e cansativa, forjada apenas para criticar o estilo da presidenta, já que se comentava que nenhum ministro queria duas dilmas, que ninguém agüentaria.
No fim, não foi nenhuma das duas. Mas qual a legenda para a foto de Gleisi na capa da Zero Hora de hoje? “A Dilma de Dilma: Gleisi Hoffmann será uma técnica na Casa Civil”. Pelo menos a gente se diverte…
Seguem alguns poucos exemplos…
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Blog do Noblat
Minha aposta? Palocci sairá.
07/06/2011 11:46 via TweetDeckReplyRetweetFavorite
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Andre Machado
Quanto tempo Palocci aguenta? http://bit.ly/k1H0gt
07/06/2011 9:33 via twitterfeedReplyRetweetFavorite
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Rosane Oliveira
Não consigo acreditar que Dilma não tenha perguntado a Palocci quem são esses clientes milionários dele. Vocês acreditam?
03/06/2011 20:45 via webReplyRetweetFavorite
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Cristiana Lôbo
No script do Planalto, apoiado por Lula, Palocci deveria pedir demissão. Saída honrosa. Mas ele quer buscar apoio político para ficar.
06/06/2011 20:59 via webReplyRetweetFavorite
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Reinaldo Azevedo
Partidos têm de divulgar lista de seus doares; Palocci nãodivulga lista de clientes http://migre.me/50gR4
07/06/2011 15:39 via webReplyRetweetFavorite
P.S.: Com a notícia de que Gleisi Hoffmann ocuparia a Casa Civil, imediatamente me ocorreu questionar quanto tempo levariam os comentários machistas. A resposta veio rápido demais. Uma breve olhada no perfil de Reinaldo Azevedo no Twitter é suficiente.
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