Apenas um pesadelo
BAITASAR
Imaginávamos que hoje, na redação do blog do baitasar, seria apenas mais um dia.
Mudamos de imaginação com a chegada do Professor.
Veio com o chimarrão e a térmica (chaleira de guardar a água chiada) nas mãos, mas nos olhos se percebia a sua tristeza.
Todos na redação (eu) ficaram calados.
Ele sentou e serviu um chimarrão.
Tudo bem devagar, parecia querer ouvir a água chiada se despejando da garrafa térmica nas ervas do mate
"aceita, guri?"
Estendi a mão, em silêncio.
Permanecemos calados.
Não podíamos falar.
Sobre bobagens, talvez.
Pensei dizer coisas sem importância, quem sabe, fazer o tempo se encurtar, como se ele pudesse ou quisesse.
Coloquei a bomba na boca e permaneci silencioso.
Ele sentado à porta, olhando e escutando as botinas marchando.
As baionetas fechando as bocas e rasgando os uniformes da liberdade, as palavras e os pensamentos caiam nas calçadas e sarjetas.
As botinas cada vez mais nervosas derrubavam portas e marchavam nas casas, nos becos sem saída, queriam isolar e encarcerar a consciência das ideias
"guri, o mate vai esfriar."
Faço a bomba roncar.
Acabou
"ainda não, baitasar."
Devolvo o mate em silêncio.
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